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Devatā, Adidevatā, Pratyādidevatā

Devatā
Adidevatā
Pratyādidevatā

    


|| ॐ गं गणपतये नमः ||
|| oṃ gaṁ gaṇapataye namaḥ ||


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Karen de Witt

(Astróloga Védica)





1. Devatā 


Devatā, do Sânscrito (देवता), deriva de Deva, que vem da raiz “div”, o qual significa brilhar, iluminar, celestial, divino; uma divindade, deus; em oposição a Rākṣasa, demoníaco, e que faz oposição à luz. Deva é algo que se move no sentido de Sattva Guṇa, o modo da bondade e da compaixão, e tem por objetivo iluminar.

Adidevatā é o que inicia o processo de iluminar e, portanto, um aspecto do Criador Brahmā, enquanto que o Pratyādidevatā é aquele que remove completamente Tamas, a ignorância/sofrimento, e é um aspecto de Sadāśiva.

1.1 Níveis Físico, Mental e Espiritual


Assim como um horóscopo pode ser analisado em 3 níveis básicos, físico, mental e espiritual, estes associados ao Lagna, Lua e Sol, respectivamente, assim também as divindades responsáveis por conduzir a natividade ao estado de Sattva Guṇas, também são classificadas em 3 níveis. Cada um desses níveis é estabelecido, por sua vez, em Devatā agindo no plano físico; Adidevatā  no plano mental e Pratyādi Devatā no plano espiritual.

Devatā é toda e qualquer divindade, quer em seu aspecto masculino ou feminino. Entretanto, nesta abordagem, e para efeitos desses três níveis, a Astrologia Védica determina Devatā como aquele que governa sobre o planeta (Graha). Assim, Sūrya Deva age sobre o planeta Sol, Candra Deva sobre a Lua, e assim sucessivamente. É importante entender que o Devatā, tal como abordado neste artigo, é aquele que age diretamente sobre o plano físico e está diretamente associado aos Navagrahas. Embora bem conhecido o fato de que a doença deva ser tratada em todos os níveis, físico, mental e espiritual, em Jyotiṣa, para cura de enfermidades, o mantra do Devatā é o mais indicado, bem como o uso de sua pedra em dedos específicos para aumentar (mão direita) a energia planetária ou diminui-la (mão esquerda) em casos específicos de tratamento.

Plano Físico
Plano Mental
Plano Espiritual
Devatā
Adidevatā
Pratyādidevatā

É fato conhecido que cada um dos Navagrahas está associado com Guṇas (Sattvas, Rajas e Tamas), bem como com os Pañcabhūtas (elementos sutis, ou os Tanmatras) e os Mahā Bhūtas (elementos grosseiros). Estes elementos, combinados entre si, formam os Doṣas (humores), isto é, Vāta, Pitta e Kapha. Tais elementos mostram que o Universo inteiro é formado por diferentes vibrações da mesma substância primordial (Prakṛti) e o indivíduo, fazendo parte deste universo, contém em si todos esses elementos dispostos de tal modo que qualquer desequilíbrio em um deles faz com que a doença rapidamente se instale em seu organismo. Portanto, para trazer equilíbrio rapidamente, evoca-se o Devatā do planeta associado com tal elemento, quer pelo seu mantra, quer pelo uso de uma pedra associada ao planeta ou outra substância colocada próximo da pele, chás, banhos, alterações na energia interna da casa por meio de artigos do planeta colocado em locais apropriados etc.



 1.2 Os Tattvas



Não se trata de mágica, mas sim de manipular os elementos sutis constituintes do corpo sutil (śarīra sūkṣma) de modo que, reequilibrando-os, o corpo físico possa experimentar melhoras, cura, harmonia etc. Contudo, uma vez que o corpo sutil é formado por Jñānendriyas, Karmendriyas, Pañca prāṇa, e Buddhi e Mana, e que estes dezessete atributos evoluíram diretamente dos Pañca Bhūtas (Ākāśa, Vāyu, Jala, Pṛthvī e Agni), é possível também, através da manipulação desses elementos sutis, alterar circunstâncias na vida profissional, financeira, amorosa etc., uma vez que tais situações são atraídas conforme a esfera de influência de cada um, e tal esfera de influência é formada neste corpo sutil e manifestada no mundo da forma.

Marte exaltado é condutivo de todo sucesso profissional, ao passo que um debilitado destrói a vida profissional. Por isso o uso de um coral vermelho é indicado para aumentar Agni e promover mudanças neste campo. Igualmente uma pessoa que deseja perder peso seria aconselhada a aumentar Agni usando um coral vermelho, este responsável pelo fogo digestivo, de modo a acelerar o metabolismo e promover rápida queima do alimento ingerido. Deve-se sempre consultar um astrólogo experiente, pois o uso de pedras inadequadas em dias, hora e partes do corpo também inadequados, pode causar problemas em outras áreas da vida que estão em equilíbrio e não deveriam ser tocadas.

Uma bem conhecida técnica de purificação é conhecida como Bhūta Śuddhi, a purificação dos elementos Ākāśa, Vāyu, Jala, Pṛthvī e Agni. Nesta técnica, realizada através da visualização dos elementos, o indivíduo é levado a purificar os elementos constituintes do seu śarīra sūkṣma. Um a um dos elementos é visualizado e diluído um no outro no processo inverso da criação. Em seguida, ele precisa reconstruí-los novamente, na ordem correta. Essa é a construção de um novo corpo sutil, purificado e pronto para a realização das injunções diárias.

O objetivo aqui não é ensinar a técnica acima, porém explicar, por meio de exemplos, que tais elementos sutis são manipuláveis através do poder mental, da força da visualização, de mantras, do uso de pedras e outros artigos planetários, do uso de plantas medicinais em forma de chás, banhos, massagem com óleos, do uso de alimentos específicos etc.

Cada objeto neste mundo contém em si os cinco elementos sutis com predominância de um deles. É essa predominância que faz um determinado objeto ativar um Tattva específico, quer aumentando ou diminuindo sua presença, de modo a trazer o equilíbrio desejado. Assim também os mantras, contendo em si todos os elementos da criação, conservam predominância em um Tattva específico agindo sobre ele.

Em relação às Divindades e suas relações com os 5 Tattvas, temos que Viṣṇu se manifesta através de Ākāśa Tattva; Śiva/Rudra através de Vāyu; Sūrya através de Agni; Durgā (ou a contraparte feminina) através de Jala; e Gaṇeśa através de Pṛthvī. Estas divindades são conhecidas como Pañcadevatā, e são as manifestações primárias de todas as outras divindades a partir destas formas. Esta é a base da filosofia Hindu, cuja adoração destes cinco principais Devatās foi chamado de Pañcāyatana Pūjā por Ādi Śaṅkara. Embora elas tenham tal representação, o estudo para a escolha da divindade segue uma regra mais detalhada e menos simplicista na aplicação das retificações, como veremos a seguir, sendo a Divindade associada ao Tattva utilizada quando o planeta está domiciliado apenas.


2. Divindades Planetárias


O conhecimento sobre as Divindades associadas aos Navagrahas é útil para determinar qual Deva em específico deve ser adorado pela natividade para que ele obtenha (1) seu sustento e satisfação dos desejos materiais (Artha e Kāma); (2) a realização de seu Dharma; (3) Mokṣa; (4) equilíbrio físico, mental e espiritual; (5) remoção de doṣas (ferimentos planetários) e curses; (6) proteção em períodos planetários difíceis etc. 

Vahnayambuśikhijā viṣṇuviḍaujaḥ śacikā dvija ! |
Sūryādīnāṃ khagānāṃ ca devā jñeyāḥ krameṇa ca ||18||




Vahni (o deus do Fogo, Agni); Ambu (o deus da Água, Varuṇa); Śikhijā (Kārtikeya, o filho de Śiva); Viṣṇu (Viṣṇu); Viḍaujaḥ (Indra); Śacī (esposa de Indra); Kā (Brahmā); dvija (Oh duas vezes nascido!); Sūryādīnāṃ (Sūrya etc.); [khagānāṃ (dos planetas); ca (e) devā (os devas) = os Devas dos planetas]; jñeyāḥ (devem ser todos conhecidos); krameṇa (nesta ordem); ca (e)...

Parāśara fala neste Śloka: "Os devas dos planetas devem ser todos conhecidos, de Sol em diante, e nesta ordem, como Agni, Varuṇa, Kārtikeya, Viṣṇu, Indra, Śacī e Brahmā. "

Ele não faz qualquer referência aos Nodos aqui.

Tabela 1

Planeta

Devatā

Parāśara
Varāhamihira

Jaimini
Sol
Agni
Agni
Sol/Ketu
Śiva
Lua
Varuṇa
Varuṇa
Lua/Ketu
Gaurī
Marte
Kārtikeya
Subrahmaṇya
Marte/Ketu
Skanda
Mercúrio
Viṣṇu
Viṣṇu
Mercúrio//Ketu
Viṣṇu
Júpiter
Indra
Indra
Júpiter/Ketu
Śiva e Pārvatī
Vênus
Śacī
Indranī (Śacī)
Vênus/Ketu
Lakṣmī
Saturno
Brahmā
Brahmā
Saturno/Ketu
Viṣṇu
Rāhu


Rāhu
Mahākālī, Caṇḍī e Durgā
Ketu


Ketu
Gaṇeśa e Skanda


Varāhamihira guarda semelhanças com os ensinamentos do sábio Parāśara. Quanto a Jaimini, este tratou da presidência dos Devatās sobre os planetas de modo ligeiramente diferente dos outros autores. Em seus Sūtras, Capítulo 1, 2º Pāda, ele descreve sobre a colocação de planetas na 12ª do Kārakāṃśa e sua estreita relação com a escolha de uma deidade específica pelo nativo. Assim ele afirma, nas indicações dadas para a adoração de determinados Devatās associados com planetas na 12ª do Kārakāṃśa, que eles são como os outorgadores de Mokṣa. Entretanto, algumas das posições fariam o nativo um adorador não apenas de Divindades superiores ou secundárias, porém também de espíritos maléficos.

Algumas sentenças declaradas por ele são: Ravi e Ketu na 12ª do Kārakāṃśa fazem o nativo um adorador de Śiva; Candra com Ketu, Gaurī; Śukra com Ketu, Lakṣmī; Kuja com Ketu, Skanda; Budha e Śani com Ketu, Viṣṇu; Júpiter com Ketu, Śiva e Pārvatī; Rāhu, Mahākālī, Caṇḍī e Durgā; Ketu sozinho, Gaṇeśa e Skanda. Se a 12ª do Kārakāṃśa for governada por um maléfico ou se Śani estiver lá, a pessoa é devotada a espíritos maléficos. Igualmente se Śukra estiver na 12ª em um signo governado por maléfico. O mesmo se aplica à 6ª do Amātyakāraka em relação a tudo que foi observado aqui.

Já Harihara expõem a presidência dos Devatās sobre os Navagrahas de um modo bem mais específico, como mostra a tabela abaixo. Além disso, ele também afirma que planetas em yuti com Sol significa Śiva. Igualmente Júpiter no Lagna, assim como afirmado por Parāśara e endossado por Harihara, significa Śiva. E várias outras observações que devem ser estudadas atentamente nos clássicos, contribuem para identificar a divindade correta. Esta informação está disponível em sua obra Praśna Mārga, Volume 1, traduzido por B.V. Raman.


Tabela 2

Harihara

Sol
Todos os Signos
Śiva
1º Drekkāṇa de signo dual
Subrahmaṇya; e Kārtikeya na visão de Harihara
2º Drekkāṇa de signo dual
Gaṇeśa

Lua
Śukla Pakṣa
Durgā
Kṛṣṇa Pakṣa
Bhadrakālī, Kālī
Kṛṣṇa Pakṣa em signo de Marte
Cāmuṇḍā, Raktheśvarī, Raktha

Marte
Signos ímpares e sattvicos
Subrahmaṇya
Signos ímpares não-sattvicos
Bhairava, Candrakeśa
Signos pares
Cāmuṇḍā, Bhadrakālī e outras ferozes


Mercúrio
Signos Móveis e Duais
Avatāras de Viṣṇu
1º e 2º Drekkāṇa de Signos Fixos
Śrī Kṛṣṇa
3º Drekkāṇa de Signos Fixos
Śrī Viṣṇu
Associado com Sol de qualquer forma
Senhor Śiva
Associado com Lua de qualquer forma
Durgā
Associado com Marte de qualquer forma
Subrahmaṇya
Júpiter
Em qualquer signo
Mahā Viṣṇu ou Nārāyaṇa

Vênus
Em qualquer signo ou em sattvicos
Annapūrṇeśvarī
Em uma casa de benéfico ou em rajásicos
Lakṣmī
Em uma casa de maléfico ou em tamásicos
Yakśī
Em signos ímpares com planetas maléficos
Gaṇeśa
Saturno
Em qualquer signo
Ṣaṣṭha, Kiratha
Rāhu
Em qualquer signo
O Deus Serpente, Sārpa
Ketu
Em qualquer signo
Gaṇeśa


3. Escolhendo o Devatā


Avatāras do Senhor Viṣṇu


A escolha passa por criteriosa análise:

(1) se o planeta estiver exaltado, os Avatāras do Senhor Viṣṇu são indicados;
(2) caso em debilidade, uma das Das Mahā Vidyās associadas é indicada;
(3) caso em signo amigo, o Adi Devatā;
(4) se em inimigo, o Pratyādi Devatā;
(5) e se no próprio signo, o Tattva Devatā é indicado;
(6) o Lagna segue a regra de estar em Vargottama;
(7) a escolha dos Digpālas é preferível para Karma-yoga. Entretanto, cabe o discernimento aqui por verificar se eles estão com digbala (Força Direcional) antes de indicá-los;
(8) caso esteja em Māraṇa Kāraka Sthāna, o Devatā do signo inimigo é o escolhido;


Tabela 3
Planeta
Exaltado
Debilidade
Amigo
Inimigo
Domiciliado

Avatāras
Mahā Vidyās
Adi Devatā
Pratyādi
Devatā (Tattva)
Sol
Rāma
Mātaṅgī
Agni
Śiva
Agni (Fogo)
Lua
Kṛṣṇa
Bhuvaneśvarī
Apas
Gaurī
Durgā (Jala)
Marte
Nṛsiṁha
Bagalāmukhī
Pṛthivī
Rudra
Agni (Fogo)
Mercúrio
Buddha
Tripurasundarī
Viṣṇu
Nārāyaṇa
Gaṇeśa (Pṛthvī)
Júpiter
Vāmana
Tārā
Indra
Para Brahmā
Viṣṇu (Ākāśa)
Vênus
Paraśurāma
Kamalā
Śacī
Indra
Durgā (Jala)
Saturno
Kūrma
Kālī
Prajāpati
Yama
Śiva (Vāyu)
Rāhu
Varāha
Chinnamastā
Sarpa
Caṇḍī
Śiva (Vāyu)
Ketu
Matsya
Dhūmāvatī
Nāga
Gaṇeśa
Agni (Fogo)
Lagna
Kalki
Bhairavī
Tejas, Caṇḍa
Bhairava
Governante do Signo


Das Mahā Vidyā

Praśna Mārga e outras Tradições preferem a adoração do Pratyādi Devatā para planetas naturalmente maléficos. Na Tabela abaixo a segunda divindade é uma variável do que tenho encontrado nos textos clássicos.

Tabela 4
Planeta
Graha Devatā
Adi Devatā (signo amigo)
Pratyādi Devatā (signo inimigo)

Físico
Mental
Alma
Sol
Sūrya
Agni (fogo)
Śiva/Rudra
Lua
Candra
Apas (água)
Gaurī/Umā
Marte
Maṅgala
Pṛthivī (terra)
Rudra/Skanda
Mercúrio
Budha
Viṣṇu
Nārāyaṇa/Puruṣa
Júpiter
Guru
Indra
ParaBrahmā
Vênus
Śukra
Śacī (esposa de Indra)
Indra
Saturno
Śani
Prajāpati (incluindo Pitṛs, Svadhā)
Yama
Rāhu
Rāhu
Sarpa
Caṇḍī/Kāla
Ketu
Ketu
Nāga/Brahmā
Gaṇeśa/Chitragupta
Lagna

Tejas, Caṇḍa
Bhairava




4. Digbala e Dikpāla, e a direção a tomar


Forma do Devatā – Se o planeta tem Digbala (Força Direcional) a partir do Lagna, então o Dikpāla concede a bênção ao nativo. Atente para o fato de que o planeta que tem Digbala a partir do Āruḍha Lagna simboliza a direção física para a realização do Karma Yoga, ou seja, a direção a partir do Quadrante. Assim, se um planeta possui Digbala a partir do Āruḍha, o estabelecimento da natividade naquela direção, de modo a morar ali para ganhar seu sustento, traz toda a sorte de Fortuna e Prosperidade. Em relação ao digbala a partir do Lagna, trata-se da Deidade que, ao ser adorada, conduzirá à realização profissional que possibilitará demais conquistas. Normalmente em relação aos significadores do planeta para o exercício profissional. A casa na tabela abaixo é onde o planeta possui Digbala. A Direção é aquela do quadrante que conduz à prosperidade, o qual deve ser indicado para os planetas que possuem digbala a partir do AL. E o Devatā é a divindade que concede a bênção. Rāhu é igual a Saturno e Ketu é igual a Marte no governo sobre o Tattva.

O digbala de um planeta é determinado por seu Tattva predominante e, portanto, estabelecido nos quadrantes. Leste governa sobre Pṛthvī e Ākāśa, terra e éter, respectivamente. O Sul governa sobre Agni (fogo); o Norte sobre Jala (água); e Oeste sobre Vāyu (ar). Contudo, a direção para realização do Karma-Yoga é aquela apontada pelo planeta, não pelo Tattva. Cada uma dessas direções, tem um Dikpāla Devatā governante.

Tabela 5
Planeta
Tattva
Casa
Digbala
Direção do Karma-Yoga
Dikpāla Devatā
Sol
Agni
10
Sul
Leste
Indra
Lua
Jala
4
Norte
Noroeste
Vāyu
Marte
Agni
10
Sul
Sul
Yama
Mercúrio
Pṛthvī
1
Leste
Norte
Kubera
Júpiter
Ākāśa
1
Leste
Nordeste
Īśāna
Vênus
Jala
4
Norte
Sudeste
Agni
Saturno
Vāyu
7
Oeste
Oeste
Varuṇa
Rāhu
Vāyu
7
Oeste
Sudoeste
Nirṛti (Kālikā)
Ketu
Agni
10
Sul
Vertical
Ananta


Agni (fogo) é o elemento que governa sobre a casa 10, o Sul, de modo que qualquer afetação neste Tattva, fará o indivíduo enfrentar reverses em sua vida profissional. Agni está associado com a realização de Artha, trabalho. O uso de um coral vermelho para Marte ou de Rubi para Sol, é muitas vezes indicado quando um desses planetas se encontra quer debilitado, colocado em signo inimigo ou aflito por qualquer meio. “Muitas vezes indicado”, mas não necessariamente obrigatório e indispensável, uma vez que o mesmo planeta causador do fracasso profissional, por afetação de seu Tattva, pode ser um māraka (assassino). Nestes casos, a consulta com um astrólogo é fundamental para que ele providencie a melhor solução possível. Ao lado a imagem de Agni, Dikpāla da direção Sudeste.


Pṛthvī (terra) é o elemento que governa sobre a casa 1, o Leste. Este é o elemento que traz o sustento material e, como tal, está associado com o Senhor Viṣṇu, o Sustentador e Preservador dos mundos. Igualmente a afetação deste elemento torna o indivíduo incapaz de prover seu próprio sustento material. Prova disso é que o sucesso profissional (Agni) nem sempre acompanha o sustento material e riqueza (Pṛthvī). Estes são os dois elementos que, quando dispostos harmonicamente em uma Carta, produzem elevado status profissional e abundância de riqueza. Ao lado a imagem de Kubera, o Dikpāla da direção Norte.

Normalmente, quando uma pessoa está no caminho da realização de seu Karma, ele está naturalmente estabelecido na direção do planeta que possui digbala a partir do AL. É comum nos períodos maior e menores que uma pessoa se desloque para a direção do planeta governante daquela Daśā. Frequentemente esse planeta pode ser visto associado a um que possua força direcional, quer por yuti ou por aspecto. A direção contrária à apontada para o sucesso, gera infortúnio e queda nos empreendimentos.


4.1. Iṣṭa Devatā, Kula Devatā, Guru Devatā, Dharma Devatā e outros


Iṣṭa Devatā é a divindade que guia a alma para Mokṣa, Kula Devatā é a divindade que orienta o indivíduo, melhorando sua vida, e o Guru Devatā é a divindade responsável por trazer o Guru físico nesta vida. Estas três divindades são semelhantes ao Sol, o natural significador da Alma; à Lua, o natural significador da Mente; e a Júpiter, o natural significador do Paka Lagna, ou seja, o signo ocupado pelo senhor do Lagna e Guru, respectivamente. O Dharma Devatā ajuda a pessoa a alcançar os objetivos e ideais desta vida.

O Iṣṭa Devatā de uma pessoa é visto a partir da influência planetária mais forte na 12ª casa a partir do Kārakāṃśa. Semelhantemente o Dharma Devatā é visto a partir da 9ª do Kārakāṃśa, enquanto que o Palana Devatā é visto a partir da 6ª do Amātyakāraka (Amk). O Guru Devatā é indicado pelo Bhrātṛkāraka (BK) no Navāṃśa, bem como os planetas que estão em yuti com ele ou o aspectando. Estes Gurus ensinam o Dharma, Jyotiṣa, os Vedas ou Vedāṅga etc. Guru em outras áreas é visto a partir de outras divisionais. A regra é como no quadro abaixo.

(1) o mais forte planeta depositado na 12ª casa do AK no Navāṃśa é o Iṣṭa Devatā;
(2) havendo mais de um, deve-se olhar para aquele que estiver em Exaltação e, em seguida, no próprio signo etc., e nesta ordem ;
(3) não havendo a condição acima, aquele que tiver o maior número de graus na Carta Rāśi deve ser considerado o mais forte;
(4) não havendo planetas depositados na 12ª do AK no Navāṃśa, então o aspecto planetário sobre a segunda casa deve ser determinado;
(5) somente neste caso os aspectos dos signos (Rāśi Dṛṣṭi) devem ser usados, uma vez que as divindades não existem em um corpo humano;
(6) quando mais de um planeta aspecta, escolhe-se o mais forte dentre eles.
(7) Quando nenhum planeta aspecta a 12a casa, escolhe-se o governante do signo.

O Kula Devatā é a divindade da família. A 2ª casa da Carta Natal governa sobre a família e a Divisional D-20 (Viṃśāmśa) é usada para determinar Upāsana, ou adoração. Desta forma a divindade da família é vista a partir da 2ª casa na D-20. As regras são as mesmas como vistas no quadro anterior.

O Palana Devatā é a divindade significada (kāraka) pela Lua e é responsável por guiar as atividades dos membros da família em sua vida material. Em tempos antigos, a profissão dos pais passava para os filhos. Hoje este hábito praticamente caiu em desuso e o estudo individual da Carta de Nascimento deve ser feito para determinar a divindade favorável para seus meios de subsistência. O Sábio Jaimini explica que o Palana Devatā é aquele visto a partir da 6ª do Amātyakāraka na Carta Navāṃśa (D-9), utilizando, para isto, as mesmas regras como citadas para encontrar o Iṣṭa Devatā.

Grama Devatā é a divindade que protege a vila, o bairro. O Kula Devatā também é referido como Grama Devatā, a vila de onde o indivíduo pertence, se for uma vila pequena. Entretanto, pode haver diferenças se não existir qualquer associação entre a 2ª e 4ª casas. Para as grandes cidades, o correto é o Sthana Devatā, e este é visto a partir da influencia planetária mais forte sobre a 4ª casa na D-20.



5. Mantra Bhāva


A 5ª casa da Carta Astrológica é o local de trabalho de Budhi, a sede de Mana em seu nível mais elevado. Putra Bhāva é a casa regida pelo Sol na posição Natural do Zodíaco. Esta casa recebe vários nomes, conforme seus significadores, isto é, Bhakti Bhāva, a casa da devoção, do amor, da divindade; Mantra Bhāva, a casa dos Mantras, dos encantamentos, das palavras mágicas; Putra Bhāva, a casa dos filhos; Pūrva Puṇya, a casa das boas ações, dos méritos, de vidas passadas etc.

Assim como Sol rege naturalmente esta casa, transmitindo sua luz para a remoção da escuridão, Júpiter é Kāraka desta casa, representando o Guru dos Devas, o preceptor, o doador da luz, do conhecimento, o removedor da ignorância, o que desperta Vidyā. É por meio da graça do Guru que se pode obter o conhecimento, e é somente através de Vidyā que a alma pode se livrar da ilusão deste mundo e romper com o ciclo de renascimentos e mortes.

A 9ª de Júpiter mostra o Guru, pois Júpiter é Naisargika Kāraka para Guru, dentre outros assuntos. Enquanto os Naisargika Kārakas mostram assuntos a partir de determinadas casas contadas do planeta significador destes assuntos, os Cara Kārakas mostram pessoas, isto é, os corpos físicos. Assim é que o BK, Bhrātṛkāraka, mostra o corpo físico do Guru. O Guru pode ser várias pessoas, cada um ensinando algo diferente, por isso não se descarta nenhuma associação deste planeta com outros. Veja 4.1. O Guru ilumina a mente e dissipa a escuridão, doando conhecimento e iniciação através do correto mantra. O aspecto do trânsito de Júpiter (por Rāśi Dṛṣṭi) sobre o Mantra Pada (A5) traz contato com o Guru e o recebimento de Mantra. Já o trânsito de Ketu em trinos ao AL, faz uma pessoa inclinada espiritualmente e a renúncia e/ou elevadas experiências espirituais podem ocorrer neste momento. A Viṃśottarī Daśā de planetas influenciando Mantra e Dharma Bhāvas dá o conhecimento de Mantra e traz o Guru. Isto também pode ser visto a partir do Viṃśāmśa (D-20). 


5.1. Planetas na Casa 5



Planetas na 5ª casa têm Argalā sobre o Lagna, transmitindo sua influência de acordo com a natureza do planeta. Caso haja mais planetas na casa 9 (a casa que obstrui a Argalā a partir da 5ª sobre o Lagna), então essa influência não pode ser sentida. Em termos gerais, o planeta na 5ª casa não deve ser inimigo de planetas colocados no Lagna, pois negariam as bênçãos deste último.

Maléficos e Benéficos nesta casa têm de ser avaliados cuidadosamente. Basicamente eles são classificados em doadores de maus ou bons pensamentos, respectivamente. Isto é, os maléficos destroem a inteligência, devoção e capacidade de adoração, enquanto os benéficos conferem uma natureza elevada e inclinada ao modo devocional, elevada inteligência etc.

Combinações de maléficos na 5ª casa destroem a capacidade de adquirir conhecimento, tanto mundano quanto espiritual e faz a pessoa ter dificuldade de aprendizado e desperdiçar todo e qualquer conhecimento obtido. Parāśara e outros se referem a indivíduos obtusos, maçantes e deficientes no aprendizado. Maléficos aqui afetam Mana e Dhī e causam perda de memória e levam à loucura. Todas as sentenças como ensinadas nos Śāstras são verdadeiras quando isoladas do restante da Carta. Contudo, uma Carta de Nascimento deve ser estudada em um todo e nunca por planetas isolados e, por esse meio, outras sentenças irão sobrepor às anteriores, cabendo ao Astrólogo aqui medir a força do planeta antes de dar o seu parecer. Portanto, existem muitos detalhes a ser estudados a partir da 5ª casa.

Alguns fatores que podem contribuir para anular a influência de maléficos sobre esta casa é o aspecto de benéficos sobre ela. Sol e Júpiter desempenham um papel importante na direção de Mana e Dhī, uma vez que o primeiro é o governante natural desta casa e o segundo é kāraka de inteligência, conhecimento etc. Estando o governante desta casa associado quer com um deles, então também não se pode dizer que o nativo incorrerá em loucura, perda de memória e/ou de aprendizado, pois a associação do governante desta casa com Júpiter forma um poderoso yoga para inteligência e fácil aprendizado, bem como com o Sol. Mercúrio, sendo o planeta responsável pela memória, também deve estar desprovido de ações de maléficos para proporcionar uma boa memória. Lua, kāraka de mente, e sua décima (que mostram as ações das sementes que nascem na mente) devem ter bons aspectos também. Todos estes planetas mostram a direção de Mana (Mente) e o Mantra, de Mana (mente) + Tra (proteger) é utilizado para proteger a mente dos efeitos maléficos de planetas colocados, aspectando ou em yuti com um desses significadores da mente, ou seja, o governante da casa 5, Lua e Mercúrio.

Com base nestas e em outras considerações, muitos astrólogos são apressados em indicar mantras da divindade correspondente ao governante da 5ª casa para proteger a mente (man + tra) da influência planetária negativa nesta casa. Mas se o senhor da 5ª não tem um bom relacionamento com o senhor do Lagna, então propiciar os senhor da 5ª com mantras pode colocar a vida dos filhos em perigo.

Em suma, planetas nesta casa indicam a direção da adoração, o amor (Bhakti) direcionado a específicas divindades. Algumas dicas podem ser úteis aqui:

(1) Signo masculino, planetas masculinos colocados ou aspectando esta casa, bem como o governante associado com planetas masculinos, indicam a adoração de divindades masculinas.
(2) Signos femininos etc., como o exemplo acima, indicam a adoração de divindades femininas.
(3) Signos e planetas Sattvicos, indicam a adoração de divindades maiores e dedicação firme no caminho.
(4) Maléficos direcionam para a adoração de divindades menores, e até mesmo de espíritos;

Os clássicos se dividem em opinião quanto às divindades associadas aos planetas. Cabe ao astrólogo discernimento. Considerando tudo o que já foi estudado aqui, aconselho mantras de benéficos influenciando esta casa para proteção da mente.


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Livros Consultados

1. Bṛhat Parāśara Horā Śāstra
2. Bṛhat Saṃhitā, Varahāmihira
3. Bṛhat Jātaka, Varahāmihira
4. Prāśna Mārga, Harihara; por B.V. Raman
5. Prāśna Tantra, por B.V. Raman
6. Bṛghu Sūtras, Bṛghu, por Dr. G.S. Kapoor
7. Vedic Remedies in Astrology, Pt. Sanjay Rath
8. Crux Of Vedic Astrology, Pt. Sanjay Rath
9. A Course on Jaimini Mahāṛṣi’s Upadeśa Sūtra, Pt. Sanjay Rath
10. Jaimini Sūtras, Jamini, por P.S. Sastri
11. Ayurveda e a Terapia Marma, Dr. David Frawley, Dr. Avinash Lele, Dr. Subhash Ranade
12. Uma Visão Ayurvedica da Mente, Dr. David Frawley








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