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Guru, a 9ª casa



Onde está meu Guru? Qual caminho espiritual seguir? Quando ingressarei em uma Ordem sagrada? O artigo abaixo é um estudo superficial sobre o assunto. Os livros citados abaixo devem ser consultados para que o leitor tenha uma ideia mais concisa e perfeita. 

A partir da 9ª casa, um trikoṇa dharma, investigamos questões relativas a pai, guru, boa fortuna, religião, espiritualidade e Deus. Sthira Kārakas para todos esses assuntos são:

Sol para pai; Guru e Deus, Júpiter; espiritualidade, Ketu; boa fortuna e religião, Sol; os mais elevados estudos e conhecimento, bem como viagens a longa distância, Vênus; ingresso em uma Ordem sagrada, ou Dīkṣa, Júpiter. Vida passada e causa do nascimento, Rāhu e Saturno. 

Temos então todos os significadores fixos para este assunto, que não são utilizados para analisar somente a vida e morte desses assuntos, mas para estes casos específicos também. Já os significadores temporários, Naisargika Kārakas, mostram esses assuntos a partir de determinadas casas de onde o planeta, significador fixo, está colocado. Assim para Guru e religião, que é o tema central deste artigo, temos a 9ª de Júpiter. Ambos significadores devem ser usados nesta investigação.

Temos também os Cara Kārakas. Cara vem de “movimento”, frequentemente escrito “Chara”, e indica um significador temporário para determinado assunto, literalmente “significador temporário”. Este é calculado com base na longitude planetária. Neste caso, o pai é o significador temporário para Guru também, e a mãe para Gurumā.

A carta D-20 fala sobre a religião e a espiritualidade. Planetas em trinos providenciam a divindade a ser adorada, bem como seus mantras. A formação do mantra é visto a partir da 9ª casa, Bhakti é visto na 5ª casa, ao passo que meditação é visto na 12ª casa. Essas casas devem ser estudadas em conjunto. Kārakas para esses assuntos são Júpiter, Vênus e Ketu, respectivamente. 

Para renunciantes, planetas benéficos devem estar na 3ª ou 6ª do AL, ou maléficos na 2ª, 4ª ou 7ª. Além dessa regra, outros yogas como tapasvi, parivraja ou pravraja yogas devem estar presentes. Caso contrário, o indivíduo será um poderoso sādhaka, mas não um renunciante. 

Planetas na 9ª casa também mostram a direção a tomar na vida. Rāhu e Saturno não são bons nesta casa. Se Rāhu estiver nesta casa, deve-se providenciar que Júpiter esteja forte no mapa. Se não estiver (de modo naturalmente colocado), deve-se usar uma safira amarela, de modo que Júpiter possa ser fortalecido, entre outras medidas corretivas apropriadas para seu fortalecimento. Já Saturno também destrói a boa fortuna e tudo referente a esta casa. Igualmente, deve-se usar uma pedra vipareeta de Saturno, ou seja, a pedra que inverte essa colocação de Saturno. Neste caso, um Rubi que fortalecerá Sol. Mas como nem tudo são flores e nem todos poderiam usar pedras conforme tais planetas Sol e Júpiter governem, por nascimento, casas nocivas, logo, consultar um astrólogo para saber qual a medida mais correta a tomar, seria uma ótima ideia. Aqui um alerta, não brinque com uso de pedras em astrologia. Se não sabe como usa-las, se desconhece seus efeitos, então não use. 

Sol e Júpiter nesta casa são bençãos para a religião e a elevada espiritualidade. Colocação, aspecto, governo etc., são favoráveis para uma Carta Natal e para o encontro com a elevada espiritualidade. Lua mostra viagens e possível residência em terras estrangeiras. Mercúrio conduz à honestidade e às boas ações. Ketu pode dar tanto a elevada espiritualidade quanto desvio por más companhias. Já Marte destrói os significados devido a sua arrogância e brutalidade.

O governante da 9ª indica não só o Guru, mas também a Divindade na Carta. Onde ele está colocado indica, de certo modo, a direção a tomar para encontrar o Guru. Aspectos que a 9ª recebe, a yuti do Senhor da 9ª com outros planetas. Tudo deve ser observado e estudado criteriosamente.

O Sat Guru Devatā (Sadguru) não é o Guru físico, a pessoa em si, mas a Divindade que, quando adorada, levará o indivíduo ao encontro de seu Guru aqui na Terra. Como as pessoas não têm paciência para esperar na vontade de Deus o melhor caminho a seguir, logo elas tomam iniciação com o primeiro Guru que se lhes apresenta como Guru e logo vem a decepção. “Não era esse o caminho, estou decepcionado, fui enganado!!!” Logo, a Astrologia Védica tem uma medida útil para esse impasse. É ensinado, em Jyotiṣa, que o Sat Guru Devatā deve ser buscado no próprio BK do Navāṃśa (D-9). Adorando esta divindade e pedindo que ela lhe conduza ao caminho certo, logo, o encontro com o Guru destinado a lhe orientar na vida, surgirá para você.

Como saber qual divindade é esta? Planetas masculinos envolvidos com Sol representam Śiva. O próprio Sol representa Śiva. Planetas femininos representam o aspecto feminino da Divindade. Planetas debilitados, Mahāvidyās; Planetas exaltados, Avatāras de Viṣṇu. E por aí vai.

Recomendo a leitura deste artigo sobre associação de Divindades. Este estudo deve ser feito juntamente com as cartas D-1, D-9, D-12 e D-20. Clique aqui para ir para o artigo.

Por fim, quando ingressarei em uma ordem sagrada? Quando você estiver vivendo o período do planeta que governa a casa 9, ou daqueles em conjunto a este governante, ou daquele mais forte que o aspecta ou aspecta a casa 9 etc., tanto pelo sistema da Nārāyaṇa Daśā quanto pelo da Viṃśottarī. O trânsito de Ketu também é importantíssimo. Uma vez que ele é mokṣakāraka, quando ele, em trânsito, posicionar-se em trinos do AL, isso dará elevada espiritualidade, iniciação em Mantra e outros.


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Fontes de Consulta ---
BPHS - Parashara
Vedic Remedies in Astrology and Crux of Vedic Astrology (Timing of Events), por Pt. Sanjay Rath
Prashna Marga, por Raman

O Caminho Devocional, um dos métodos de cura em Astrologia Védica

Bhakti Yoga, o yoga da devoção, é o caminho mais seguro para a Realização. Alguns métodos de Yoga são apropriados para determinadas pessoas, mas não aconselhadas para todas as outras. Em Astrologia, Bhakti Yoga está associado com a casa 5 (Putra Bhāva), pelo qual se diz que todos podem praticar seguramente esse método. Mas em relação aos outros métodos de yoga, estes são representados pelos planetas e sua colocação e associação em uma Carta Natal, de modo que, ao analisarmos uma carta, podemos compreender qual método é seguro ou nocivo para a pessoa. Sim, a prática de determinada vertente de yoga pode ser nociva para algumas pessoas, ao passo que pode levar outra à imediata realização. Pessoas com problemas de saúde crônica não podem, por exemplo, praticar o Haṭha Yoga. Igualmente pessoas com problemas psíquicos não podem se dedicar a tais métodos que trabalham com o rápido despertar de Kuṇḍalinī, isso porque o Seu despertar trará o efeito da pseudo esquizofrenia muito mais intenso e perturbador nestas pessoas do que em outras sãs. Novamente, pessoas que sofrem perturbações espirituais, que têm débitos Kármicos difíceis para com os Pitṛs, que possuem Curses e Doṣas a serem removidos de seu Mapa Natal, não devem praticar métodos avançados de yoga que ocasionem o rápido despertar de Kuṇḍalinī até que tais débitos sejam removidos, pois qualquer avanço neste caminho lhe trará enormes perturbações espirituais e desequilíbrio na vida.

Toda essa cura espiritual se dá unicamente pelo caminho do Bhakti Yoga.  Após concluída esta etapa, a pessoa pode seguramente se dedicar ao caminho que lhe agrada. Evidente que, conhecendo o Bhakti Yoga, nunca mais ninguém desejará abandonar esse caminho. A oportunidade de estar sentado aos pés da divindade em oferecimento não apenas dos itens como ensinado, mas do seu tempo, do seu amor e devoção, é um caminho sem volta pelos motivos do bem estar que toda essa prática ocasiona, pelo que se entende que um devoto será sempre um devoto até o fim de seus dias aqui na terra.

A casa 5, a casa do amor devocional, é a casa onde se investiga o sentimento de amor em todas as suar vertentes, não apenas aquele direcionado à Divindade. Os planetas que ocupam esta casa indicam se as divindades serão ferozes (maléficos) ou dóceis (benéficos), se serão Avatāras de Viṣṇu ou de Śiva (planetas masculinos), ou se o aspecto feminino da Divindade (planetas femininos). Os planetas que aspectam também indicam qual Divindade é esta.

Já o A5, o Āruḍha de Putra Bhāva, indica onde o amor do indivíduo se expressa. Onde está colocado o A5 é onde está assentado o amor do indivíduo, pelo que representa aquela casa em todos os níveis e significadores a que se atribui a esta casa. Os planetas envolvidos com o A5, tanto os que estão em conjunto ou o aspectando, quanto o seu dispositor, podem nos dar uma boa representação sobre esse sentimento e a quem ou qual causa ele está sendo dedicado nesta vida.

Sendo Bhakti Yoga o caminho mais seguro e suave para a Realização, qualquer dificuldade encontrada na prática dos inúmeros métodos de yoga e que leva o indivíduo a buscar em artifícios a aceleração de seu desenvolvimento, deve ser cuidadosamente avaliada, e os artifícios tidos como aceleradores do desenvolvimento devem ser imediatamente abandonados, e o indivíduo deve buscar aprender meios de realizar Bhakti Yoga e permanecer nisto, e somente nisto, até que o problema esteja sanado.

Na Bhagavad-Gītā, Bhakti Yoga é citado como o caminho mais elevado e que só pode ser alcançado após passar por diferentes realizações. Naturalmente não havendo tais realizações não se pode alcançar Bhakti Yoga, pelo que se entende que o sentido dado ao texto é aquele da união com a Suprema Consciência de Deus, isto é, a Realização em si mesma. Entretanto, para que fique clara a distinção, Bhakti Yoga é citado em várias fontes e aconselhada como método a ser praticado no caminho devocional, e podemos nominar um bhakta todo aquele que despertou essa perfeição quanto aquele que está no caminho do despertar.

A casa 5 também é a casa do Mantra. Não busque o mantra na casa 2, pois ele não está lá só pelo fato de a casa 2 representar a voz e o discurso. A casa 2 é o instrumento usado na pronúncia do Mantra, mas é na casa 5 que se deve buscar o Mantra da Divindade e se, e somente se, os planetas envolvidos com aquela casa for amigo do Lagna, o assento da sua inteligência e vitalidade. Caso contrário, outros meios são utilizados.


Em suma, a casa 5 na Carta Astrológica, indica a prática do Bhakti Yoga. Os planetas ali colocados representam aspectos da Divindade que podem ajudar o indivíduo em sua realização mais elevada nesta vida. Não havendo planetas, busca-se os que aspectam esta casa. Não havendo aspectos, busca-se o seu governante. Somente nesta ordem e nunca de outro modo. Já o A5 indica a expressão do amor. Onde o A5 está colocado, indica onde a pessoa assentou o seu amor aqui neste mundo. Se esse amor será mais espiritual ou mais material, a qual ou quais pessoas é dirigido, qual o setor (casa) da vida a natividade mais ama neste mundo e mais dedica o seu tempo e atenção.


As malhas que prendem a alma

Por que estou nesse mundo, o que de fato me trouxe aqui? Qual ou quais objetivos? Qual minha missão? Quantas vezes as pessoas não se perguntam isso?

Em Astrologia Védica, o desejo que ata uma pessoa à roda das encarnações, é conferido pela posição de Rāhu em uma Carta Natal. Ele é o motivador. Em seguida, qual ou quais meus objetivos (Dharma, Artha, Kāma e Mokṣa), é dado pelo planeta que tem força direcional a partir do Āruḍha Lagna (AL) e não de outro modo. E, por fim, qual direção (profissional) tomar na vida, é dado pelos planetas que possuem força direcional a partir do Lagna. 

Exemplos básicos de direções profissionais a partir do planeta com força direcional -- Sol, governo e políticos; Lua, medicina tradicional ou não e cuidados com os outros; Marte, forças armadas, policia, militarismo; Mercúrio, comércio, negócios, empreendimentos comerciais; Júpiter, professor, astrologia e juiz; Vênus, setor artístico em geral e administração; Saturno, trabalhador de base; Rahu, carrasco; Ketu, sábio, eremita.


Quanto aos objetivos de vida, estes são vistos sempre a partir do AL e nunca do Lagna – Júpiter e Mercúrio objetivam à realização do Dharma (casa 1, Leste); Vênus e Lua objetivam a realização de Mokṣa (casa 4, Norte); Saturno objetiva a realização de Kāma (casa 7, Oeste); Sol e Marte objetivam a realização de Artha (casa 10, Sul). Se estes possuem força a partir do AL, sabe-se que este é o objetivo de Jīva neste mundo.

Em outras postagens falei sobre a direção que cada um tem força. Eles podem ter força inteira ou meia força (digbala ou meio digbala). A meia força se dá quando ele está colocado nas casas adjacentes (anterior ou posterior) aos pontos referidos. Ainda assim essa força deve ser considerada.

Note sempre que Rāhu é como Saturno, ambos obtêm sua força direcional no Oeste do quadrante, a casa 7 que faz parte do eixo trikoṇa kāma, o eixo do desejo. Rāhu detém a chave para explicar a reencarnação, enquanto Saturno é responsável pelas obsessões que atam o indivíduo a esta roda. Isso tanto é verdade que quando Saturno pula a Lua Natal (a mente/emoção), o indivíduo se torna obsessivo por algo na vida. Difícil é até mesmo dissuadi-lo de que aquele caminho irá leva-lo à derrocada, pois tudo parece tão certo e perfeito que melhor não interferir.

Júpiter e Mercúrio são fortes ao Leste (Dharma), de modo que eles são os protetores do Dharma, Júpiter como Viṣṇu, elemento Ākāśa, e Mercúrio como Gaṇeśa, elemento Pṛthvi. Note que Júpiter tanto está associado com Viṣṇu quanto com Śiva em uma Carta. É exatamente neste ponto que a confusão surge em determinar qual a forma da Divindade deve ser estabelecida em adoração e, incorrendo em erro, alguns afirmam que isso dependerá da linhagem Vaishnava ou Shaivista a que pertence o astrólogo. Não é bem assim. Mas por agora não falarei sobre esse assunto.

Se vocês analisarem os planetas a partir do Kālacakra, entenderão quem obstrui quem e, então, poderão compreender o papel de cada um dentro da realização de Jīva aqui neste mundo. Como exemplo dado a Rāhu, quem obstrui este Nodo é Mercúrio, um dos mais fortes guardiões do Dharma, ou seja, Śrī Gaṇeśa. Entenda que Mercúrio obstrui Rāhu, mas Mercúrio não é obstruído por Rāhu. Aqui não se trata de inimizade natural, mas sim de capacidade que um planeta tem de obstruir outro. Śrī Gaṇeśa é a divindade associada com Ketu (mokṣa kāraka), mas ele é a Divindade que preside sobre Pṛthvi Tattva, elemento de Mercúrio, o obstrutor de Rāhu. Então Śrī Gaṇeśa desempenha o seu maior papel em Jyotiṣa dessa forma. Ou seja, ele permite que o Dharma seja realizado, obstruindo Rāhu (a força que puxa para baixo) diretamente e levando o indivíduo para a direção oposta de Rāhu, isto é, Ketu (a força que puxa para cima), liberando o indivíduo de suas múltiplas encarnações.
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Observações adicionais:


Que tipo de obstrução é essa? O planeta que obstrui outro é chamado de Kāla Graha. Assim, supondo que alguém tenha Júpiter com digbala a partir do Lagna ou do AL. Então, quando essa pessoa passar pelo período de Rāhu ela vai encontrar muitas obstruções e sofrimento em sua vida, porque Rāhu obstrui Júpiter, ou seja, ele é o Kāla Graha de Júpiter. O período mais difícil na vida de qualquer indivíduo é aquele dado pelo Kāla Graha de um outro que possui digbala, e somente SE aquele planeta possuir digbala. Serão sempre momentos difíceis. Para que isso não aconteça, a pergunta principal deve ser feita. Esta pessoa veio com qual objetivo de vida a realizar? A partir disto, lança-se mão da divindade específica para facilitar sua caminhada nesta vida. Entretanto, a escolha da divindade parece algo difícil até mesmo para muitos astrólogos. Essa dúvida é fácil de ser esclarecida quando se observa se o planeta com digbala está no seu estado de exaltação ou debilidade, ou a caminho desses estados, se está ou não associado com outros planetas masculinos e femininos e outras regrinhas básicas de determinação.

Quanto ao remédio aplicado nestes casos, é sempre a forma da Divindade associada ao planeta, nunca o planeta diretamente. Usa-se mantras de planetas somente para agir diretamente sobre o corpo, para remover doenças, para equilibrar os humores e o estado mental. Para eventos que protegem a direção de vida a tomar, é a divindade associada ao planeta o remédio mais indicado.


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Fonte de Consulta ---
A Course on Jaimini Maharsi's Upadesa Sutra, por Pt. Sanjay Rath.

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1. AL  mostra o Objetivo de Vida (Dharma, Artha, Kāma e Moksha), e também a direção no quadrante onde o nativo realizará e obterá sucesso em seu ofício (profissão). Este último, a profissão, é dado pelo planeta que tem força direcional a partir do Lagna.
2. A Força Direcional (Digbala) é dada pelo Tattva que o planeta governa. Não se trata aqui do governo que cada planeta tem em uma das 10 direções do Quadrante (o Lagna incluído). Portanto, Rahu é como Saturno por governar sobre Vāyu e ter seu digbala ao Oeste, na casa 7, a casa que representa o fim da vida e que determinará se o indivíduo voltará a este mundo ou se irá para Lokas mais elevados.

Quinzenas Lunares e suas Tithīs


Como identificar as Quinzenas Lunares (Pakṣas) e seus dias lunares (Tithīs) sem o uso de um Software. A única observação adicional que faço à ilustração abaixo é em relação ao 8º dia (Aṣṭamī) de cada uma das quinzenas lunares, o qual representa ¼ da Lua. Em Kṛṣṇa Pakṣa ela é ¼ de Crescente em direção a se tornar Lua Cheia, enquanto que em Śukla Pakṣa ela é ¼ de Minguante, em direção a se tornar Lua Nova. Essa imagem serve de referencial a todos que precisarem iniciar um Vrata ou penitência espiritual em determinada fase da Lua sem precisar do uso de um software.


Regulamentação da Astrologia - Sonho ou Pesadelo?

Ao se falar em regulamentação da Astrologia, muitos astrólogos têm sua própria opinião a respeito. Embora algumas associações e astrólogos sejam favoráveis ao projeto de lei que regulamenta esta profissão, e estejam batalhando por isso, outros ainda e, acreditem, incluindo as associações de profissionais que nada tem a ver com a profissão de astrologia, são contrárias a ela, pois o exercício da profissão de astrólogo poria em risco o exercício dessas outras, conforme eles alegam. Levando em consideração que a prática da astrologia é investigativa, suas previsões abarcam desde horárias para encontrar pessoas perdidas, quanto aquelas sobre previsões do tempo e tudo o que se refere à natureza. Em relação ao ramo da Astrologia Mundana, essa poderia ser usada para avaliar a perspectiva de crescimento econômico em determinada nação, o candidato mais favorável à disputa de um cargo político, etc. Dois dos ramos mais popularizados, análise psicológica do querente e habilidade vocacional, poriam em risco a atividade do psicólogo e demais profissionais dessa área.

O que mais podemos dizer? Se por um lado fica evidente a corrente contrária para a regulamentação dessa profissão por meio de profissionais de outras áreas, por outro lado, dentro do próprio sistema de praticantes da astrologia, essa regulamentação encontraria grandes obstruções também.

E se o Astrólogo errar em sua predição? Sendo uma profissão regulamentada, seria cabível a ele responder pelo erro? Aqui faço uma observação válida, pois se aos outros profissionais regulamentados cabe punição se eles incorrerem em erro, por que ao Astrólogo seria diferente? Nada mais justo. Se estudou, precisa saber praticar coerente com o que aprendeu. Não vejo esse tipo de punição como algo negativo como alardeado, antes é uma forma de dizer que existe um órgão regulamentador que fiscaliza o exercício da profissão. Quanto à pena, não é o meu objetivo aqui divagar como seria aplicada.

E aqueles que já exercem de modo amador há tanto tempo? E os que fizeram cursos de especialização com profissionais não regulamentados, porém excelentes? E os que aprenderam somente através de livros? E os que não são profissionais e trabalham esporadicamente? E como seria a regulamentação? Quais os Sistemas em Astrologia seriam tecnicamente aceitáveis? O Astrólogo teria de fazer um curso reconhecido pelo MEC para continuar em seu exercício profissional? Como assim, ele já é um respeitável Astrólogo, tem uma carteira de clientes a quem presta atendimento e um nome a zelar! Enquanto seu certificado não sai, ele estaria impedido de exercer seu ofício? Que terrível confusão tudo isso!!!

Por fim, devemos considerar que a prática da Astrologia se mistura à crença, à fé e à religião de uma pessoa. Ora, sabemos que a Astrologia pode ser praticada sem vínculo com qualquer religião, de modo puramente técnico e científico, ou seguindo paralelo a algum meio espiritual-religioso. Quem determinará qual destes é o mais confiável? Se ela é aceita como Ciência, perderia seu status espiritual? Se ela permanece como uma prática espiritual, então não poderia ser classificada como Ciência?

Desejaria, sim, ver a Astrologia como um ramo Científico-Espiritual mais valorizado, sem seu rótulo de pseudociência, com profissionais atuando com mais liberdade e recebendo da sociedade o respeito merecido. Cheguei a conjecturar anteriormente sobre esse assunto, desejando que isso fosse possível, mas hoje não vejo com bons olhos algo desse porte por vários motivos, alguns deles apontados no texto acima, outros que entram nas minúcias dessa prática milenar que, descrevê-las, tomaria muito de meu tempo. 



Ṣaḍripu - Os Seis Inimigos Internos

A Astrologia Védica não associa os planetas aos 7 pecados capitais. Sua abordagem é mais rigorosa quanto a isto. Ela fala em Ṣaḍripus e em Pañca-Makara como os grandes perturbadores dos planetas e dos Tattvas, ambos responsáveis por manter o equilíbrio somático no indivíduo. Esses dois grupos estão relacionados aos dois maiores planetas Tamasicos, Marte e Saturno, respectivamente, e são tomados como kārakas desses assuntos. Isso implica em dizer que essas fraquezas são estados Tamasicos da natureza humana e podem ser trabalhados de modo que a natureza do indivíduo se torne mais Sattvica.

Maṅgala1 como kāraka dos Ṣaḍripus, afligirá 6 dos planetas por meio dos seis inimigos internos do ser humano, a saber: 1 Mada – orgulho; 2 Moha – ilusão; 3 Krodha –  raiva; 4. Matasara – ciúme; 5. Lobha – ganância; 6. Kāma – desejo/luxúria.

Saturno, por sua vez, é significador dos 5 pecados, estes chamados Pañca-Makara, os quais perturbam e desequilibram o Pañca-Tattva (5 Tattvas – 5 Planetas apenas) e são estes, a saber: 1. Madya – vinho; 2. Māṁsa – carne; 3. Matsya – peixe; 4. Mudrā – grão/gesto; 5. Maithuna – relação sexual.

De Marte a Ketu, qual destes se apresentar em associação com a casa 6 e recebendo um olhar ou conjunção de maléficos, bem como do Bādhakeśa, ou associado com o signo governante do Bādhakeśa em um mapa, mostra presente um Ṣaḍripu e um dos cinco pecados que levam à perturbação dos Tattvas, estes presentes com mais intensidade do que no mapa de quem não os possui assim colocados. Um planeta funciona como debilitado em duas situações básicas, quando ele está direto em seu signo de debilidade, ou quando está retrógrado em seu signo de exaltação. É fato que um planeta debilitado é causador de muitos problemas. Os problemas não se limitam à vida física (planeta em uma casa e signo), mas no emocional, mental e espiritual (planeta em um Nakṣatra) também. Entretanto, por circunstâncias do tropicalismo vigente em nossa sociedade, muitos ignoram essa parte sutil tão ricamente detalhada em Astrologia Védica e tentam buscar explicações para tais afetações somente a partir da posição do planeta em uma casa e signo. Aqui você verá somente os efeitos e não as causas internas que a geraram, como a psique, o registro Kármico trazido de outras vidas e ignorado por ātma encarnado devido à limitação de manas etc.


Planeta
Ṣaḍripu
Significado
Marte
Kroddha
Raiva, ira
Mercúrio
Matasara
Ciúme
Vênus
Kāma
Luxúria
Saturno
Mada
Orgulho, arrogância, intoxicação
Rāhu
Lobha
Cobiça, ganância
Ketu
Moha
Ilusão


A casa seis é a sede de nossas fraquezas. Planetas sattvicos colocados aqui, ou aspectando esta casa, ou ainda o governante dela associado com os planetas sattvicos indica forte inclinação para vencer as fraquezas de caráter no decorrer da vida. Enquanto maléficos indicam que a pessoa aumentará suas fraquezas nesta vida. Cada planeta está associado com uma fraqueza. Sol, Lua e Júpiter são planetas sattvicos e não possuem fraquezas. 

Nunca ninguém me procurou para tratar de suas fraquezas. Nunca ninguém chegou pra mim e pediu em uma consulta, “na verdade eu sou muito ganancioso, ou invejoso e ciumento, ou tenho acesso de raiva incontrolável e gostaria de mudar isso em mim”. Definitivamente as pessoas procuram um astrólogo, em 99% dos casos, para tratar das questões materiais, como profissão, finanças, filhos e casamento. Não necessariamente nesta ordem, mas a maioria assim o faz. Poucos são os que pensam em Jyotiṣa como uma ferramenta para auxiliar em sua caminhada espiritual. Ora, todos nós temos alguma das fraquezas acima listadas e também um dos cinco pecados em nosso caráter, mas quem vive atormentado por eles são os que possuem aflição em um dos planetas ou então este se encontra debilitado, entre outros critérios em análise em uma Carta de Nascimento. Então, pensamentos repetitivos, ideias fixas, emoções recorrentes acabam por dominar o indivíduo, tornando o convívio social e familiar difícil, tornando a prática da meditação e yoga etc., muito penoso, uma vez que esses assuntos agitam a mente e as emoções continuamente e impedem avanço neste campo.

A remoção desses problemas, assim como de qualquer outro por meio da aplicação de medidas corretivas em Astrologia Védica, é um processo demorado, contínuo e ininterrupto por determinado espaço de tempo. Aos poucos o Guṇa associado com aquela fraqueza (o planeta causador) é alterado, é elevado em sua tônica, e o estado mental é alterado de tamas para sattvas, e então um estado de equilíbrio se sobrepõem ao caos anterior, e lentamente isso acontece, de um modo quase que imperceptível ao querente. Ao final do processo o indivíduo pode perceber a si mesmo de um modo diferente, o pensamento perturbador sumiu, o sentimento que o afligia não existe mais, a fraqueza desapareceu, a mente desembota, os sentidos se tornam mais estáveis, em nível de práticas espirituais a meditação se torna mais firme, a concentração melhora e o aprendizado se torna mais fácil. Socialmente haverá uma maior receptividade, medos, inseguranças e irritações dão lugar a um estado de ser mais calmo e harmônico. Assim ocorre a transformação, de dentro para fora, sempre.


Em 09/05/2014


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1. Embora Maṅgala seja kāraka de Ṣaḍripus (o principal significador), existe igualmente uma casa que os governa, esta é a Casa 6. Os planetas associados ao Governante desta casa, e ele próprio, frequentemente mostram a fraqueza a ser trabalhada. Sua posição na Carta, igualmente. Evidente que o estudo deve abranger o todo da carta, levando em consideração seus significados, posição, se está domiciliado, debilitado etc.
2. Esta citação é exclusivamente minha, faz parte de um estudo que tenho feito e independente do que tenho recebido em meu curso. Não desconsidere, nos estudos, todos os significadores aqui descritos.
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