“Deus decorou os céus com constelações (Nakṣatras) como pérolas em um corcel escuro. A Luz do Sol (Sūrya) as esconde durante o dia e todo o conhecimento é profetizado na escuridão da noite.” — Parāśara Muni, Ṛk Veda 1.68.04

Varāha Mihira

Varāha Mihira foi um astrônomo, matemático e astrólogo indiano que viveu em Ujjain. De acordo com um de seus próprios trabalhos, ele foi educado em Kapitthaka. Ele é considerado um das nove joias (Navaratnas) da corte do legendário governador Yashodharman Vikramaditya, de Malwa.

Varāha Mihira foi um nativo de Avanti e o filho de Adityadasa, que foi um astrônomo e de quem ele recebeu sua educação como ele mesmo fala em seu Bṛhat Jātaka, Capítulo XXVI, Verso 5. A data de seu nascimento está envolvida em obscuridade. É a prática de todos os astrônomos Hindus dar esta informação em seus trabalhos sobre astronomia, mas infelizmente o trabalho sobre astronomia de Varāha Mihira, conhecido como o Pañcasiddhāntikā, agora está perdido.

Alguns astrônomos consideram 505 d.C., como a data de nascimento de Varāha Mihira, enquanto que outros atribuem seu nascimento à data do Pañcasiddhāntikā, e 587 d.C é considerado como sendo a data de sua morte.

O trabalho principal de Varāha Mihira é o Pañcasiddhāntikā (Tratado nos Cinco Cânones Astronômicos) datado de cerca de 575 d.C., e que dá informações sobre os antigos textos indianos que agora estão perdidos. A obra é um tratado sobre astronomia matemática e que resume cinco anteriores tratados astronômicos, isto é, Sūrya Siddhanta, Romaka Siddhanta, Paulisa Siddhanta, Vasiṣṭha Sidanta e Paitamahā Siddhanta. É um compendio do Vedāṅga Jyotiṣa, assim como a astronomia helenística, que inclui elementos gregos, egípcios e romanos. Ele foi o primeiro a mencionar em seu trabalho Pañca siddhātikā que o ayanamsa, ou o deslocamento do equinócio, é de 50,32 segundos.

Influência Grega, Egípcia e Romana

As obras de Varāha Mihira deixam claro que ele teve contato com outros povos, incluindo em seu trabalho a influência recebida deles. Antes disso não se pode afirmar que a Jyotiṣa tenha recebido influência a partir dos outros povos como equivocadamente se divulga, pois Varāha Mihira surge entre o final da Era Clássica e início da Era Tântrica/Purânica (500 – 1.300 d.C.), ao passo que Parāśara Muni viveu na Era Védica  (4.500 – 2.500 a.C) e Jaimini Muni, discípulo de seu filho Veda Vyāsa na Era Clássica (100 a.C. – 500 d.C), não mencionando em suas obras influências desses povos. Além disso, a Astrologia Védica prova ser a mais antiga em seu próprio corpo de conhecimento demonstrando, através da coerência e complexidade de seus ensinamentos, que a Grega bebeu de sua fonte de saber e deu, a este saber, novas diretrizes e fundamentos que desvirtuaram a pureza do conhecimento Védico no passar dos séculos.

Em sua obra Bṛhat Saṁhitā, Capítulo 2, verso 15, ele se refere aos Gregos como Mlechas e Yavanas, exaltando-os e afirmando que até mesmo eles poderiam se tornar respeitáveis Ṛṣis ao estudarem esta Ciência (a Jyotiṣa).

Ele escreveu todos os três principais ramos da Astrologia Védica:

Bṛhat Jātaka
Laghu Jātaka
Samasa Saṁhitā
Bṛhat Yogayatra
Yoga Yatra
Tikkani Yatra
Bṛhata Vivaha Patal
Lagu Vivaha Patal
Lagna Varajo
Kutuhala Manjar
Daivajña Vallabha


Ṛṣi – Sábio ou Vidente




Ṛṣi – Sábio ou Vidente

Ṛṣi significa um vidente santo de conhecimento Védico e a palavra Maharṣi deriva de duas palavras Mahā (grande) e Ṛṣi (sábio ou vidente). A palavra Ṛṣi, por sua vez, deriva de dṛś, como em dṛṣṭi (visão), cujo significado é ver, indicando uma pessoa que possui a habilidade da divina visão, ou seja, um vidente. A palavra geralmente se refere a um cantor dos sagrados hinos, um poeta inspirado, ou sábio, ou qualquer pessoa que invoca as deidades no discurso rítmico, ou sons.

Ṛṣi Pañcamī

A 5ª Tithi (dia lunar) da metade clara do mês de Bhādrapada (Sol em Leão), é chamada Ṛṣi Pañcamī. Qualquer Ṛṣi pode ser adorado neste dia. Os Ṛṣis são os Pitṛs (antepassados ou progenitores) da linhagem de todas as criaturas, e durante Kṛṣṇa Pakṣa do mês de Bhādrapada, os Pitṛs são adorados.


Pañcamī (5º dia), Daśamī (10º dia) e Pūrṇimā (Lua Cheia) são as Pūrṇa Tithi, as quais são governadas por Vāyu Tattva (ar), elemento governado por Saturno. A adoração em Śukla Pañcamī dá perfeição em todos os tipos de aprendizagem pelo fato de remover a ignorância, e esta Tithi é atribuída a Sarasvatī, a deusa do aprendizado e das artes. A adoração em Śukla Daśamī dá perfeição de aprendizado e realização de sucesso em todos os tipos de habilidades e artes. O Guru é adorado em Pūrṇimā, e ele dá completa sabedoria e entendimento de qualquer ramo do conhecimento ou qualquer habilidade em forma de arte. O aprendizado, realização da perfeição e completo conhecimento são obtidos conforme Vāyu Tattva se torna forte, e esta força pode ser tanto física quanto mental, ou ambas, e pode ser em qualquer direção da habilidade/conhecimento.

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Jaimini Maharṣi’s Upadeśa Sūtra, Pt. Sanjay Rath



Maharṣi Jaimini

Maharṣi Jaimini foi um grande filósofo da escola Mīmāṁsā, discípulo do grande Ṛṣi Veda Vyāsa, o filho de Maharṣi Parāśara. Alguns de seus importantes trabalhos foram o Purva Mīmāṁsā Sūtras, Jaimini Bharata e Jaimini Sūtras.

Jaimini Muni é mais conhecido por seu tratado Purva Mīmāṁsā Sūtras (Primeira Reflexão), ou Karma Mīmāṁsā (Estudo da Ação Ritual), um sistema que investiga a natureza das injunções Védicas. O texto é fundamento para a Escola Purva Mīmāṁsā da Antiga Filosofia Hindu, um dos seis Darśanas ou Escolas da Antiga Filosofia Hindu. Datado do Século 3 a.C., o texto contém cerca de 3.000 (três mil) sūtras, sendo o fundamento da escola Mīmāṁsā. O texto objetiva uma exegese dos Vedas no que diz respeito à prática ritual (karma) e ao dever religioso (dharma), comentando sobre as primeiras Upaniṣads. Mīmāṁsā é um contra movimento às correntes místicas do Vedānta de sua época.

Jaimini Sūtras, ou Upadeśa Sūtras é um trabalho clássico de Astrologia e posterior ao BPHS (Bṛhat Parāśara Horā Śāstra) do sábio Parāśara. Jaimini foi discípulo do filho de Parāśara Muni, o sábio Veda Vyāsa. Esta obra é um tratado sobre a astrologia preditiva, composto por 936 Sūtras, ou aforismos, dispostos em quatro capítulos. Apesar de dar origem a um sistema próprio conhecido como Sistema Jaimini de Astrologia, ele não entra em conflito com os ensinamentos do sábio Parāśara. Já o Mārkaṇḍeya Purāṇa é um diálogo entre o sábio Jaimini e Mārkaṇḍeya.

O planeta Ketu, com Gaṇeśa como seu Adhi-devatā, pertence ao Gotra de Jaimini (linhagem de Jaimini). Gaṇeśa é filho de Śiva e Pārvatī, possui uma cabeça de elefante, e cuja adoração dá clareza de pensamento e inteligência, além de aprendizado de todos os tipos, incluindo os Vedas. Jaimini deixou este planeta quando seu corpo foi atropelado por um elefante. Ketu é Naisargika de Mokṣa, é chamado mokṣakāraka, indicando que a espiritualidade deve ser forte tema nos escritos de Maharṣi Jaimini.   

Veda Vyāsa




 Nascimento

Veda Vyāsa viveu por volta do terceiro milênio a.C., havendo duas visões diferentes a respeito do seu local de nascimento, um deles sugere o distrito Tanahun a Oeste do Nepal. Ele é filho de Parāśara Muni com uma filha de pescador, Satyavatī. Posteriormente sua mãe se casou com o Rei Śantu de Hastinapura e teve mais dois filhos, Chitrangada e Vichitravirya. Ao lado a pintura de Veda Vyāsa e sua mãe, Satyavatī.



Obra

Maharṣi Veda Vyāsa é autor do Mahābhārata e um personagem desta história.  A guerra do Mahābhārata marca o fim da Era Védica (4.500 – 2.500 a.C) e início do Kali Yuga. Vyāsa Muni é conhecido como Veda Vyāsa por ter dividido os Vedas em quatro partes e ter escrito o mais antigo Purāṇa, o Viṣṇu Purāṇa, na sua forma atual.  Neste primeiro livro é dito que Vyāsa Muni pediu ajuda a Gaṇeśa, mas este impôs uma condição de fazê-lo somente se Vyāsa narrasse a história sem pausa. Assim Vyāsa narrou toda a história da Guerra do Mahābhārata e todas as Upaniṣads e os 18 Mahā Purāṇas enquanto o Senhor Gaṇeśa escrevia com uma de suas presas.

O Festival Guru Pūrṇimā é dedicado a ele, como uma homenagem ao seu aniversário de nascimento. É um festival também dedicado aos professores espirituais e acadêmicos como reverência e respeito ritualísticos dado aos Gurus em Guru Pūjā, e Vyāsa Muni é reverenciado neste dia como um dos maiores sábios e Guru da antiga tradição Hindu.


Maharṣi Parāśara



Brahmā 
Brahmā ensinou os Vedas e Vedāṅga para seu filho Nārada, nascido de sua mente. Por sua vez Nārada transmitiu esse conhecimento para Maharṣi Śaunaka. Maharṣi Parāśara, sendo discípulo deste último, recebeu todo o conhecimento. Parāśara também aprendeu Jyotiṣa diretamente de seu avô, Maharṣi Vasiṣṭha. Jyotiṣa é um dos ramos do Vedāṅga, o 5º membro, conhecido como o olho do Kālapuruṣa. A visão do Kālapuruṣa é o guardião da Luz do Conhecimento Sagrado.

Nascimento

O grande Ṛṣi Parāśara foi um astrólogo e autor de muitos textos Hindus. Acredita-se que ele tenha vivido em torno de 3.100 a.C., a Era Védica, período que se define pela criação da tradição que se consolidou nos hinos dos quatro Vedas. Contudo, alguns acreditam que ele tenha vivido mais tarde, em torno de 1.500 a.C, o qual é a Era Brahmanica, Era seguinte à Era Védica e muito posterior à guerra do Mahābhārata descrita por seu filho, o sábio Vyāsa.

Acredita-se que o seu local de nascimento é Panhala, forte no distrito de Kolhapur de Maharashtra. Uma caverna, supostamente como sendo de Parāśara Muni, existe no forte.

Obra

Maharṣi Parāśara é o autor do primeiro Purāṇa, o Viṣṇu Purāṇa, antes de seu filho Veda-Vyāsa tê-lo escrito em sua forma atual. Parāśara foi neto do Ṛṣi Vasiṣṭha que, com Arundhatī, teve um filho chamado Śakti Maharṣi, o qual gerou Parāśara. Ele é o terceiro membro do Ṛṣi Paramparā do Advaita Guru Paramparā. Parāśara também escreveu o monumental Bṛhat Parāśara Horā Śāstra, embora se diga que este livro tenha sido organizado por seus alunos a partir de seus ensinamentos.

Parāśara foi criado por seu avô, Vasiṣṭha, porque ele perdeu seu pai muito cedo. Śakti Muni estava em uma viagem quando encontrou um Rākṣasa (demônio) que havia sido um rei, mas que, por uma maldição de Viśvamitra, transformara-se em um demônio comedor de carne e sangue humanos. O demônio devorou o pai de Parāśara. No Viṣṇu Purāṇa, Parāśara narra esta passagem de sua vida.

"Eu ouvi falar que o meu pai fora devorado por um Rākṣasa empregado por Viśvamitra. Raiva violenta se apoderou de mim, e comecei um sacrifício para a destruição de todos os Rākṣasas. Centenas deles foram reduzidos às cinzas pelo rito e, quando estavam prestes a serem totalmente exterminados, meu avô Vasiṣṭha me falou: ‘Chega, meu filho, que a tua ira seja apaziguada. Os Rākṣasas não são culpados, a morte de teu pai foi obra do destino, raiva é a paixão dos insensatos, não convém a um homem sábio. Por quem, pode-se perguntar, alguém é assassinado? Todo homem colhe as consequências de seus próprios atos. A raiva, meu filho, é a destruição de tudo o que o homem obtém por esforços árduos, da fama, e de austeridades devotas, e impede a realização do céu, ou da emancipação. Os principais sábios sempre evitam a ira, eles não estão sujeitos à sua influência, meu filho. Não permita mais que nenhum desses espíritos das trevas seja consumido. A misericórdia é o poder dos justos.’”


Nascimento de Veda-Vyāsa

Parāśara Muni, por vontade do Senhor Viṣṇu, Brahmā e Mahādeva, em uma de suas viagens por todo o País, parou por uma noite em uma pequena aldeia às margens do rio Yamunā. Ele se hospedou na casa do chefe da aldeia. Quando amanheceu, o chefe pediu a sua filha, Satyavatī, para transportar o sábio ao seu próximo destino. Quando na balsa, Parāśara ficou ofendido com o cheiro de peixe cru. Ele perguntou a Satyavatī de onde o mau cheiro vinha. Satyavatī era filha de pescador e se dedicava à mesma ocupação, então o mau cheiro vinha dela. Percebendo isto, Parāśara lhe chamou de “Matsyagandha”, que significa “alguém com cheiro de peixe”. Satyavatī ficou envergonhada. Parāśara sentiu pena dela por sua própria crueldade e, no mesmo instante, concedeu-lhe uma bênção, que a melhor fragrância pudesse ser emitida dela.

Parāśara também abençoou Satyavatī com um filho, o qual lhe deu o nome Vyāsa. Deixando Satyavatī cuidando de Vyāsa, Parāśara passou a realizar Tapas. Mais tarde, Vyāsa também se transformou em um Ṛṣi e Satyavatī voltou para a casa de seu pai e, no devido curso se casou com Śantu.

Morte

Parāśara foi conhecido como “o sábio manco”. Ele teve a perna ferida durante um ataque ao seu Āśrama. Quando um Ṛṣi morre, ele imerge em um elemento, ou arquétipo. Quando o sábio Parāśara estava caminhando por uma densa floresta, ele e seus alunos foram atacados por lobos. Ele foi incapaz de escapar devido a sua velhice com uma perna manca e, então, deixou este mundo fundindo-se nos lobos. Em outra citação sobre sua vida, é dito que ele se entregou em sacrifício para os lobos de modo que seus discípulos pudessem fugir e salvar todos os livros que continham seus ensinamentos. 

No Ṛk Veda, Parāśara, filho de Śakti Muni, é o vidente dos versos 1.65-73, os quais são todos em louvor a Agni, o Fogo Sagrado, e parte do 9.97 (v.31-44), o qual é um louvor a Soma. Abaixo o primeiro verso:

devo na yaḥ savitā satyamanmā kratvā nipāti vṛjanāni viṣvā
purupraṣasto amatirna satya ātmeva Sevo didhiṣāyyo bhūt


Ele, que é como o Sol divino, que conhece a verdade (de todas as coisas), preserva por suas ações (seus devotos), em todos os encontros; como a natureza, ele é imutável e, como a alma, é a fonte de toda felicidade.: ele é sempre querido.