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55 - Svetasvatara Upanishad (Kṛṣṇa Yajur Veda)



55
Svetasvatara Upanishad


Traduzido por:
Swami Nikhilananda
Publicado por:
The Upanishads - A New Translation"
Traduzido para o Português por
Uma Yoginī em seva a Śrī Śiva Mahadeva
Karen de Witt
***
Brasil – RJ
Junho/2010
___________________________
Fonte de Consulta
Vedanta Spiritual Library




Invocação


Aquele está pleno; esse está pleno. Essa plenitude tem sido projetada daquela plenitude. Quando essa plenitude imerge naquela plenitude, tudo o que permanece é a plenitude.


Om. Paz! Paz! Paz!




CAPÍTULO I




1: Os Rishis, discorrendo sobre Brahman, perguntaram: Brahman é a causa? Donde nascemos? Por que vivemos? Onde vamos morar afinal? Por favor, diga-nos, Oh, vós que conheceis Brahman, sob cuja orientação nós permanecemos, seja no prazer ou na dor.


2: Caso o tempo, ou a natureza, ou a necessidade, ou a oportunidade, ou os elementos podem ser considerados como causa? O ele que é chamado de o purusha, o eu existente?


3: Os sábios, absortos em meditação, através de uma agudeza mental, descobriram o poder criativo pertencente ao Próprio Senhor, e oculto em suas próprias gunas. Aquele Senhor não-dual, governa sobre todas aquelas causas e tempo, o eu e o restante.


4: Os sábios viram a roda de Brahman, o qual tem uma pina, um aro triplo, dezesseis divisões finais, cinqüenta raios com vinte aros opostos, e seis conjuntos de oito; cujo único laço é múltiplo; que se movem e três diferentes caminhos; e cuja ilusão surge de duas causas.


5: Meditamos no Rio, cujas cinco correntes são os cinco órgãos da percepção, que é feito de impetuosos e sinuoso pelos cinco elementos, cujas ondas são os cinco órgãos das ações, e cujo manancial é a mente, a fonte das cinco formas da percepção. O Rio tem cinco turbilhões, e suas corredeiras são cinco vezes a miséria; e, por último, ele tem cinqüenta ramos e cinco dores – comportando as obstruções.


6: Nessa grande Roda de Brahma, no qual todas as coisas habitam e, finalmente, repousam, o cisne divaga tanto tempo conforme pensa que o eu é diferente do Controlador. Quando abençoado por Ele, o eu alcança a Imortalidade.


7: Esse é o Supremo Brahman, por si só, intocável pelo fenômeno que é proclamado nos Upanishads. Nele está estabelecido a tríade do desfrutador, o objeto e o Senhor que é o Controlador. Esse Brahman é imutável fundação; Ele é imperecível. Os sábios, tendo realizado Brahman como a essência do fenômeno, tornam-se devotados a Ele. Completamente imersos em Brahman, eles alcançam a liberdade do renascimento.


8: O Senhor, Isa, suporta tudo isso que tem sido unido – o perecível e o imperecível, o manifesto, e o imanifesto, o efeito e a causa. O mesmo Senhor, o Eu Supremo, desprovido de senhorio, torna-se limitado por assumir a atitude de desfrutador. O jiva novamente percebe o Eu Supremo e se liberta de todos os grilhões.


9: O Supremo Senhor parece-se com Isvara, onisciente e onipotente, e como o jiva, de conhecimento limitado e poder, ambos não nascidos. Mas isso não nega o universo fenomenal; pois existe além de prakriti não manifesta, que cria a idéia do desfrutador, do prazer e do objeto. Atman é infinito e onipresente e, portanto, desprovido de agente. Quando o vidente percebe todos esses três como sendo Brahman, ele se liberta de seus grilhões.


10: Prakriti é perecível. Hara (Shiva), o Senhor, é imortal e imperecível. O Supremo Eu não dual governa ambos, prakriti e a alma individual. Através de constante meditação Nele, pela união com Ele, pelo conhecimento da identidade com Ele, alcança-se, no final, a cessação da ilusão fenomênica.


11: Quando o Senhor se torna conhecido, todos os grilhões caem; com a cessação das misérias, o nascimento e a morte chegam ao fim. Da meditação Nele ocorro a elevação, depois a dissolução do corpo, o terceiro estado, aquele do senhorio universal. E, por fim, o aspirante transcende aquele estado também, habitando na completa Bem-aventurança de Brahman.


12: O desfrutador (jiva), os objetos do prazer, e o Governante (Isvara) – a tríade descrita pelos conhecedores de Brahman, tudo isso não é senão Brahman. Esse Brahman, por si só, que habita eternamente no eu, deve ser conhecido. Além Dele, na verdade, não existe nada mais para ser conhecido.


13: A forma visível do fogo, enquanto ele jaz latente em sua fonte, o fogo da madeira, não é percebido; ainda não há a destruição de sua forma sutil. Esse fogo pode ser trazido novamente, por meio de uma fricção da madeira, de sua fonte. Da mesma forma, Atman, que existe em dois estados, como o fogo, pode ser compreendido neste corpo por meio do OM.


14: Ao fazer o corpo como o pedaço de madeira de baixo, e o Om como o pedaço superior e, através da prática de fricção, que é a meditação, percebe-se o Eu luminoso, escondido como fogo na madeira.


15-16: Assim como o óleo existente nas sementes de gergelim, a manteiga no leite, a água nos leitos dos rios, e o fogo na madeira, assim também o Eu é percebido como existindo dentro do eu, quando um homem olha para Ele por meio da honestidade e da austeridade – quando ele olha para o Eu, que permeia todas as coisas, como manteiga permeada no leite, e cujas raízes são o Auto-conhecimento e a austeridade. Aquele é o Brahman ensinado pelo Upanishad; sim, aquele é o Brahman ensinado pelos Upanishads.




CAPÍTULO II




1: Que o sol possa, no início do yoga, juntar nossas mentes e outros órgãos ao Eu Supremo, para que possamos alcançar o Conhecimento da Realidade. Que Ele possa também suportar o corpo, o mais elevado material da individualidade, através dos poderes das divindades que controlam os sentidos.


2: Tendo recebido as bênçãos do Sol divino, e com as mentes unidas ao Eu Supremo, nós nos esforçamos ao melhor de nossas forças, para a meditação, pelo qual devemos alcançara o Paraíso (Brahman).


3: Que o Sol possa conferir benefício sobre os sentidos e sobre a mente, pela união deles com Eu, para que os sentidos possam ser direcionados para o Bem-aventurado Brahman, e possa revelar, por meio do Conhecimento, o poderoso e radiante Brahman.


4: É o dever daqueles Brahmanas, que fixam suas mentes e seus sentidos no Eu Supremo, proferir tais invocações ao Sol divino, onipresente, poderoso e onisciente. Para Ele, o testemunho de tudo e o não dual, é o distribuidor de sacrifícios.


5: Oh, sentidos e, Oh deidades, que os favorecem! Através das saudações eu uno-me com o Brahman eterno, que é a sua fonte. Deixe esse louvor cantado por mim, que segue o caminho correto do Sol, ir em todas as direções. Que os filhos do Imortal, que ocupam posições celestiais, possam ouvi-lo!


6: Se os sacrifícios são executados sem primeiro o Sol ser propiciado, então a mente se torna apegada aos sacrifícios no qual o fogo é aceso pela fricção dos pedaços de lenha, as oblações são oferecidas à divindade Vayu e o suco do soma é bebido excessivamente.


7: Sirva ao eterno Brahman com as bênçãos do Sol, a causa do universo. Ser absorvido, através do samadhi, no eterno Brahman. Assim seu trabalho não amarrará você.


8: O homem sábio deve manter seu corpo firme, com as três partes superiores eretas, em torno dos seus sentidos, com a ajuda da mente, em direção ao coração e, por meio da balsa de Brahman, atravessar as torrentes de medo do mundo.


9. O yogue, de esforços bem regulados, deve controlar os pranas; quando eles estão aquietados, ele deve respirar através das narinas. Então, deixe que ele indistraidamente restrinja a mente, como um cocheiro restringe seus cavalos viciosos.


10: Deixe o yoga ser praticado dentro de uma caverna protegida do vento forte, ou em um local nivelado, puro e livre de pedras, cascalhos e fogo, imperturbável pelo ruído da água ou de tendas de mercado, e que é delicioso para a mente e não ofensivo para os olhos.


11: Quando o yoga é praticado, a forma que primeiro aparece de Brahman, e que gradualmente se manifesta, são aquelas de flocos de neve, fumaça, sol, vento, fogo, vagalumes, raio, cristal e lua.


12: Quando a terra, a água, o fogo, o ar e o akasa surgem, ou seja, quando os cinco atributos dos elementos, mencionados nos livros de yoga tornam-se manifestos, então o corpo do yogue se torna purificado pelo fogo do yoga, e ele está livre de doenças, velhice e da morte.


13: Os precursores da perfeição no yoga, eles dizem são leveza e saúde do corpo, ausência de desejo, tez clara, agradabilidade da voz, odor doce e excreções leves.


14: Como ouro coberto pela terra brilha depois de ter sido purificado, assim também o yogue, ao perceber a verdade de Atman, torna-se um com o Atman não dual, alcança o objetivo e está livre da dor.


15: E quando o yogue contempla a real natureza de Brahman, através do Conhecimento do Eu, radiante como uma lâmpada, então, tendo conhecido o Senhor imutável e não-nascido, que é intocável pela ignorância e seus efeitos, ele se liberta de todos os grilhões.


16: Ele, de fato, o Senhor, que permeia todas as regiões, foi o primeiro ser nascido, e é Ele quem habita no ventre do universo. Ele é, novamente, quem nasceu como uma criança, e Ele nascerá no futuro; Ele está por trás de todas as pessoas, e Sua face está em toda parte.


17: O Auto-luminoso Senhor, que é fogo, que está na água, que está dentro de todo o mundo, que está nas plantas, que está nas árvores – para esse Senhor, que haja adoração! Sim, que haja adoração!




CAPÍTULO III




1: O Enrendador não dual governa por Seus poderes. Permanecendo único e o mesmo, Ele governa por Seus poderes todos os mundos durante sua manifestação e existência contínua. Quem conhece isso se torna imortal.


2: Rudra é a única verdade; pois os conhecedores de Brahman não admitem a existência de um segundo. Ele, por si só, governa todos os mundos por Seus poderes. Ele habitam como o Eu interno de cada ser vivente. Depois de ter criado todos os mundos, Ele, seu Protetor, leva-os de volta em Si mesmo no final do tempo.


3: Seus olhos estão em toda parte, Suas faces em toda a parte, Seus braços em toda parte, em toda parte estão os Seus pés. Ele é quem dota os homens com braços, os pássaros com pés e asas, e os homens, semelhantemente, com pés. Tendo produzido o paraíso e a terra, Ele permanece como manifestador não-dual.


4: Ele, o onisciente Rudra, o criador dos deuses e o doador de seus poderes, o suporte do universo, Aquele que, no início, deu à luz a Hiranyagarbha, que Ele possa nos dotar com intelecto límpido!


5: Oh, Rudra, Tu que habitas no corpo e concede a felicidade! Olhe nos com essa Tua forma abençoada, que é auspiciosa, não terrificante e toda bondosa.


6: Oh, Morador no corpo e Doador de felicidade, faça benigna essa flecha que Tu manténs em Tua mão pronta para disparar; Oh, Protetor do corpo! Não fira o homem, ou o mundo!


7: O Supremo Senhor é mais elevado do que Virat, além de Hiranyagarbha. Ele é vasto e está oculto nos corpos de todos os seres viventes. Pelo conhecimento Dele, quem, por si só, permeia o universo, os homens se tornam imortais.


8: Eu conheço o grande Purusha que é luminoso como o sol, e está além da escuridão. Somente pelo conhecimento Dele é que se ultrapassa a morte; não existe outro caminho para o Objetivo Supremo.


9: O universo inteiro é preenchido pelo Purusha, a quem não existe nada superior, de quem não há nada de diferente, de quem não existe nada maior ou menor; que permanece sozinho, imóvel como uma árvore, estabilizado em Sua própria glória.


10: Aquele que é o mais distante deste mundo é sem forma e sem aflição. Quem conhece-O se torna imortal; mas outros, de fato, sofrem dor.


11: Todas as faces são Suas faces; todas as cabeças, Suas cabeças; todos os pescoços, Seus pescoços. Ele habita nos corações de todos os seres. Ele é o Bhagavan que tudo permeia. Portanto, Ele é o onipresente e benigno Senhor.


12: Ele, de fato, é o grande Purusha, o Senhor da criação, preservação e destruição, que inspira a mente para alcançar o estado de imaculado. Ele é o Governante e a Luz que é imperecível.


13: O Purusha, não maior do que um polegar, é o Eu interior, sempre sentado no coração do homem. Ele é conhecido pela mente, que controla o conhecimento e é percebido no coração. Eles que O conhecem, tornam-se imortais.


14: O Purusha com milhares de cabeças, milhares de olhos, milhares de pés, circunda a terra em todos os lados e a ultrapassa por uma distância de dez dedos.


15: O Purusha sozinho é tudo isso que foi e que será. Ele é também o Senhor da Imortalidade e o que cresce por alimento.


16: Suas mãos e pés estão em toda parte; Seus olhos, cabeças e faces estão em toda parte; Seus ouvidos estão em toda parte; Ele existe abrangendo tudo.


17: Desprovido de sentidos, Ele brilha através das funções dos sentidos. Ele é o governante capaz de tudo; Ele é o refúgio de tudo. Ele é grande.


18: O Cisne, o governador de todo o mundo, de tudo o que está se movendo e tudo que é imóvel, torna-se o eu corporificado e habitando a cidade de nove portões, voa para fora.


19: Segurando sem mãos, apressando sem pés, Ele vem sem olhos, Ele ouve sem ouvidos. Ele conhece o que é para ser conhecido, mas ninguém O conhece. Eles O chamam de o Primeiro, o Grande, o Pleno.


20: O Eu, menor do que o menor, maior do que o maior, está oculto nos corações das criaturas. O sábio, pela graça do Criador, vê o Senhor, majestoso e sem desejos, e torna-se livre da dor.


21: Eu conheço esse indecaído, Único Primevo, o Eu de todas as coisas, que existem em toda parte, sendo todo permeante, e que o sábio declara como sendo livre de nascimento. Os professores de Brahman, de fato, falam Dele como eterno.




CAPÍTULO IV




1: Ele, o Único e Indiferenciado, que pela aplicação múltipla de Seus poderes produz, no início, diferentes objetos para uma finalidade oculta e, no final, retira o universo em Si mesmo, é verdadeiramente o eu luminoso – Que Ele possa nos dotar com intelecto límpido!


2: Aquele Supremo Eu é Agni (Fogo); Ele é Aditya (Sol); Ele é Vayu (Vento); Ele é Chandrama (Lua). Aquele Eu são as estrelas luminosas; Ele é Hiranyagarbha; Ele é a água; Ele é Virat.


3: Tu és a mulher, Tu és o homem; Tu és o jovem e a donzela também. Tu, como um homem velho, cambaleias em um bastão; és Tu, por si só, que, quando nascido, assume diversas formas.


4: Tu és a abelha azul escura; Tu és o papagaio verde com olhos vermelhos; Tu és a nuvem de trovão, as estações e os mares. Tu és o princípio que tudo permeia. De Ti todos os mundos são nascidos.


5: Existe uma não-nascida prakriti – vermelha, branca e preta -, o qual dá origem a muitas criaturas, como si mesma. Uma alma individual não-nascida torna-se ligada a ela e desfruta dela, enquanto outra alma individual não-nascida deixa-a depois que seu prazer é concluído.


6: Dois pássaros, sempre juntos e conhecido pelo mesmo nome, apegados próximos à mesma árvore. Um deles come o fruto doce; o outro observa sem comer.


7: Sentados na mesma árvore, o jiva geme, perplexo com sua impotência. Mas quando ele olha o outro, o Senhor adorado por todos e Sua glória, ele se torna livre da dor.


8: De que serve os Vedas para quem não sabe que a Substância indestrutível, aquele akasa – como Brahman, que é maior do que o imanifesto e onde os Vedas e todos os deuses estão protegidos? Somente aqueles que O conhecem alcança a bem-aventurança.


9: Os versos sagrados, os oferecimentos (vajna), os sacrifícios (kratu), as penitências (vrata), o passado, o futuro e tudo isso os Vedas declaram que foram produzidos do imperecível Brahman. Brahman projeta o universo através da potência de Sua maya. Novamente, nesse universo, Brahman, como o jiva, está enredado através de maya.


10: Sabendo, então, que prakriti é maya, e que o Grande Deus é o Senhor de maya. O universo inteiro está preenchido com objetos que são partes de Seu ser.


11: Ao perceber verdadeiramente Aquele que, embora não-dual, habita em prakriti, ambos em seus aspectos primários e secundários, e em Quem esse mundo inteiro se une e se dissolve – ao perceber verdadeiramente Aquele que é o Senhor, o doador de bênçãos, O Deus Adorável, alcança-se a suprema paz.


12: Ele, o criador dos deuses e o doador de seus poderes, o Suporte do universo, Rudra, o onisciente, que ao início deu à luz a Hiranyagarbha – que Ele possa dotar-nos com intelecto límpido!


13: Ele, que é o soberano dos deuses, em quem os mundos encontram o seu suporte, que governa sobre todos os seres bípedes e quadrúpedes – deixe-nos servir a Deus, radiante e bem-aventurado, com uma oblação.


14: Ao perceber que Ele é mais sutil do que os sutis que habitam no meio do caos, que é o Criador de todas as coisas, e é dotado de muitas formas, que é o Permeante não dual do universo e todo bondade – pela realização Dele alcança-se a suprema paz.


15: É Ele quem, no momento oportuno, torna-se o guardião do universo e o soberano de todos; quem Se esconde em todos os seres como sua Testemunha interna; e em quem os sábios e as divindades estão unidos. Verdadeiramente, por conhecê-Lo, a pessoa corta em pedaços os grilhões da morte.


16: Quem conhece Brahman, que é todo Bem-aventurança, extremamente sutil, como a película que se eleva à superfície da manteiga clarificada, e está escondido em todos os seres – quem conhece a Divindade radiante, o único Permeante do universo, é liberado de todos os seus grilhões.


17: O Criador de todas as coisas, auto-luminoso e onipresente, Ele habita sempre nos corações dos homens. Ele é revelado pelos ensinamentos negativos do Vedanta, pela sabedoria discriminativa e pelo Conhecimento da Unidade baseada na reflexão. Aqueles que O conhecem, tornam-se imortais.


18: Onde não existe escuridão da ignorância, não existe dia ou noite, nem ser nem não-ser; o puro Brahman, por si só, existe. Essa imutável Realidade é o significado de “Aquele”; Ele é adorado pelo Sol. Dele procedeu a antiga sabedoria.


19: Ninguém pode percebê-Lo acima, ao lado, ou no meio. Não existe nenhuma semelhança Dele. Seu nome é Grande Glória (Mahad Yasah).


20: Sua forma não é um objeto de visão; ninguém O contempla com os olhos. Aqueles que, através do intelecto puro e do Conhecimento da Unidade, baseado na reflexão, percebe-O como permanente no coração, tornam-se imortais.


21: Tu, Oh Senhor, és, pois, o sem-nascimento, que algumas almas raras, assustadas pelo nascimento e morte, refugiam-se em Ti. Oh, Rudra, que Tua face benigna possas proteger-me para sempre!


22: Oh, Rudra, não faça, em Tua ira, a destruição de nossos filhos e netos. Não destruas nossas vidas; não destruas nossas vacas e cavalos; não destruas nossos servidores fortes. Por nós Te invocamos sempre, com oblações, para nossa proteção.




CAPÍTULO V




1: No imutável, infinito e Supremo Brahman, permanece oculto os dois: conhecimento e ignorância. A ignorância leva ao materialismo; e o conhecimento, à Imortalidade. Brahman, que controla ambos, Conhecimento e ignorância, é diferente de ambos.


2: Ele, o Brahman não-dual, que governa sobre cada posição; que controla todas as formas e todas as fontes; que, no início, preenchido com o conhecimento do onisciente Hiranyagarbha, Sua própria criação, a quem Ele viu quando Ele (Hiranyagarbha) foi produzido – Ele é outro que não ambos, conhecimento e ignorância.


3: Ao mesmo tempo da criação, o Senhor propagou entrelaçamentos individuais de várias maneiras e, então, ao tempo da dissolução cósmica, retira-os na grande prakriti. Novamente a Divindade onipresente cria os agregados do corpo e dos sentidos, ambos, individuais e coletivos, e seus controladores também, e assim exerce a Sua soberania.


4: Assim como o sol brilha, iluminando todos os quadrantes – acima, abaixo e aos lados – assim também Deus, o auto-resplandecente, adorável e não dual, controla todos os objetos, os quais possuem a natureza de uma causa.


5-6: Ele que é a causa de tudo, e que permite que todas as coisas funcionem de acordo com sua natureza; quem traz a plenitude de tudo que pode ser amadurecido; quem, sendo não-dual, governa sobre todo o universo e participa as gunas em suas respectivas funções – Ele está escondido nos Upanishads, a parte secreta dos Vedas. Brahman sabia que Ele só podia ser conhecido pela evidência dos Vedas. Os deuses e os videntes dos tempos antigos, que O conheciam, tornaram-se Brahman e alcançaram a Imortalidade.


7: Dotado de gunas, o jiva executa ações, buscando os seus frutos; e novamente, ele colhe os frutos do que faz. Assumindo todas as formas e liderado pelas três gunas, o jiva, governador dos pranas, percorre cerca de três caminhos, de acordo com suas ações.


8: Do tamanho de um polegar, mas brilhante como o sol, o jiva possui tanto vontade quanto egoísmo. Ele é dotado com qualidades de ambos, buddhi e Atman. Portanto, ele é visto como outra entidade, inferior e pequeno, como o ponto de um aguilhão.


9: Conhecer a alma encarnada como sendo uma parte da centésima parte do ponto de um cabelo dividido cem vezes; e ainda é infinito.


10: Ele não é fêmea, ele não é macho, não é neutro. Qualquer que seja o corpo que ele toma, com esse ele se torna unido.


11: Por meio dos desejos, o contato, apego e ilusão, a alma encarnada assume, sucessivamente, diversas formas em vários lugares, de acordo com suas ações, assim como o corpo cresce quando alimento e bebida são despejados nele.


12: A alma encarnada, por meio dos atos bons e maus, cometidos por si mesmo, assume muitas formas, grosseiro e delgado. Pela virtude de suas ações, e também por tais características da mente, como o conhecimento e o desejo, ele assume outro corpo para desfrutar dos objetos apropriados.


13: Quem conhece o Senhor, que é sem início ou sem fim, que se encontra no meio do caos do mundo, que é o Criador de todas as coisas, e é dotado com muitas formas – quem conhece a Divindade radiante, o único Permeante do universo, é liberador de todos os seus grilhões.


14: Aqueles que O conhecem, que pode ser realizado pelo coração puro, que é chamado incorpóreo, que é a causa da criação e da destruição, que é todo bondade, e o criador das dezesseis partes – aqueles que conhecem o Senhor luminoso se tornam livres da encarnação.




CAPÍTULO VI




1: Alguns homens aprendem a falar da natureza inerente das coisas, e alguns falam do tempo, como causa do universo. Todos eles, de fato, estão iludidos. É a grandeza do Senhor, auto-iluminado, que faz a Roda de Brahma girar.


2: Ele, por quem todo o universo é constantemente permeado, é o Conhecedor, o Autor do tempo. Ele é sem pecado e onisciente. É ao Seu comando que o trabalho que é chamado terra, água, fogo, ar e akasa surgem como o universo. Tudo isso deve ser refletido pelos sábios.


3: O yogue que primeiro executa ações e, então, afasta-se delas, e que pratica uma, duas, três ou oito disciplinas, unidas em um princípio com outro princípio, e com a ajuda das virtudes cultivadas pelo eu e das tendências sutis, alcança a Liberação no decorrer do tempo.


4: Quem alcança a pureza do coração pela execução das ações, como uma oferta ao Senhor, e imerge em prakriti e todos os seus efeitos em Brahman, percebe seu verdadeiro Eu e, assim, transcende os fenômenos. Na ausência de maya, tanto coletivo quanto individual, todas as suas ações passadas são destruídas. Depois da destruição do prarabdha karma, ele alcança finalmente a Liberação.


5: O Grande Senhor é o princípio, a causa que une a alma com o corpo. Ele está acima dos três tipos de tempo, e é visto como sendo sem partes. Depois de ter adorado esse adorável Deus, que habita no coração, que é de muitas formas, e é a verdadeira fonte de todas as coisas, o homem alcança a Liberação final.


6: Ele, de quem esse universo procede, é mais elevado do que todas as outras formas da Árvore do Mundo e do tempo. quando se sabe que Ele é o residente, o que faz o bem, o destruidor da maldade, o Senhor dos poderes, o suporte imortal de tudo, atinge-se a Liberação final.


7: Quem sabe que Ele é o Senhor Supremo dos senhores, a Divindade Suprema das deidades, o Governante dos governantes; que é mais elevado do que a imperecível prakriti, e é auto-iluminado, adorável Senhor do mundo.


8: Ele é sem corpo ou órgãos; ninguém como Ele é visto, ou melhor do que Ele. Os Vedas falam de Seu excelso poder, que é inato e capaz de produzir diversos efeitos, e também de Sua onisciência e poder.


9: Ele não tem nenhum mestre no mundo, nenhum governante, nem há sequer um sinal Dele pelo qual Ele possa ser inferido. Ele é a causa, o Senhor do senhor dos órgãos; e Ele não tem progenitor ou controlador.


10: Que o Senhor não-dual, que, pelo poder de Sua maya, possa cobrir a Si mesmo como uma aranha, com fios tirados da matéria, imergir-nos em Brahman!


11: O Senhor não dual e resplandecente está oculto em todos os seres. Onipresente, o Eu íntimo de todas as criaturas, o impulsionador das ações, obedecendo a todas as coisas, Ele é a Testemunha, o Animador e o Absoluto, livre de gunas.


12: Existe um Governante não-dual das muitas ações. Ele faz a única semente manifesta. Eterna felicidade pertence ao sábio, que O percebe dentro de si mesmo – e não nos outros.


13: Ele é Eterno entre o eterno, a Consciência entre a consciência e, embora não dual, realiza os desejos de muitos. Quem o conheceu, o Senhor auto-iluminado, a Grande Causa, a ser realizado pelo Conhecimento (Samkhya), e yoga, é livre de todos os grilhões.


14: O sol não brilha lá, nem a lua e as estrelas, nem esses relâmpagos – e muito menos esse fogo. Ele brilhando, tudo brilha após Ele. Por sua luz, tudo isso é iluminado


15: Nesse universo o Cisne, o Eu Supremo existe por si só. É Ele quem, como fogo, permanece na água. Somente pelo Conhecimento Dele se faz a passagem sobre a morte. Não há outro meio para alcançar a Meta Suprema.


16: Ele que é o suporte tanto de prakriti imanifesta quanto de jiva, que é o Senhor dos três gunas, e que é a causa da escravidão, da existência e da Liberação de Samsara, é verdadeiramente o Criador do universo, o Conhecedor, o Eu íntimo de todas as coisas e su Fonte – o Senhor onisciente, o Autor do tempo, o Possuidor de virtudes, o Conhecedor de todas as coisas.


17: Ele que constantemente governa o mundo é verdadeiramente a causa da escravidão e da Liberação. Estabelecido em Sua própria glória, Ele é imortal, a Personificação da Consciência, o Protetor onipresente do universo. Não há ninguém capaz de governá-lo.


18: Buscando a Liberação, eu me refugio no Senhor, o revelador do Auto-Conhecimento, que no início criou Brahma e entregou os Vedas a Ele.


19-20: Quando os homens desenrolarem o espaço como se fosse um pedaço de couro, então haverá o fim da miséria sem que se cultive o Conhecimento do Senhor que é sem partes, sem ações, tranqüilo, sem culpa, desapegado, a ponte suprema da Imortalidade, e como um fogo que consumiu todo o seu combustível.


21: Através do poder da austeridade, e através da graça do Senhor, o sábio Svetasvatara realizou Brahman e proclamou o mais elevado e sagrado Conhecimento, supremamente estimado pela companhia dos videntes, dos sannyasins dos mais avançados estados.


22: O profundo mistério no Vedanta foi ensinado nos ciclos anteriores. Ele não deve ser dado a alguém, cuja paixão não tenha sido subjugada, nem para quem não é um filho, ou um discípulo.


23: Se essas verdades forem ditas a uma pessoa de mente elevada, que sente uma elevada devoção por Deus, e por seu guru como para com Deus, então eles irão, certamente, brilhar como as experiências internas; então, eles irão brilhar.


Fim do Svetasvatara Upanishad




A Canção da Paz




Aquele está pleno; esse está pleno. Essa plenitude tem sido projetada daquela plenitude. Quando essa plenitude imerge naquela plenitude, tudo o que permanece é a plenitude.


Om. Paz! Paz! Paz!






Aqui termina o Svetasvatara Upanishad pertencente ao Krishna-Yajur-Veda.