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Pūjā

Pūjā – uma palavra de gênero feminino. Honra, adoração, respeito, reverência, veneração, homenagem aos superiores ou adoração dos deuses. Pg. 641, coluna 1, “A Sanskrit English Dictionary, M. Monier Williams".

Limpando o próprio mau Karma

Parāśara ensina que uma pūjā, ou um homa, ou qualquer ritual realizado pela própria pessoa, é um milhão de vezes mais poderoso do que algo realizado por outra pessoa em nome do penitente. Significa dizer, em simples palavras, que uma pessoa que realiza ritos para expiação de seu próprio karma obtém sucesso mais rápido do que pedindo para outras pessoas fazerem, ainda que essas outras pessoas sejam sacerdotes versados em todas as ritualísticas. Isso acontece porque é a pessoa que deve se esforçar, por si mesma, para limpar seu mau karma, e não autorizar que outra faça por ela.

Eu sempre afirmei isto e reitero aqui a necessidade de se aprender a ritualizar para aplicar medidas corretivas quando solicitadas em astrologia védica.

A astrologia védica oferece inúmeros meios de limpar o mau karma, minimizando assim os efeitos de períodos planetários difíceis. Uma dessas medidas é o rito da pūjā. A pūjā pode tanto ser de alto grau de complexidade, como as realizadas nos grandes Templos, quanto uma simples, como as realizadas dentro de casa. Estas últimas são chamadas pūjās domésticas e não requer muito conhecimento e/ou tempo para sua execução. E certamente dão efeitos muito mais rápidos e efetivos do que uma pūjā encomendada em um Templo para ser realizada por um sacerdote.


Erros durante a Pūjā

Infelizmente as pessoas têm medo de fazer pūjās e acabam indo pelo caminho “mais fácil”, ou pelo menos o caminho que acreditam ser o mais fácil. Elas têm medo de fazer pūjās por medo de errar, acreditando que se cometerem algum erro na pronúncia do sânscrito, no momento do oferecimento dos artigos, ou durante o mantra japa, algo de ruim acontecerá a elas. Mas isso não funciona assim.

Quando uma pessoa está fazendo um rito auspicioso para limpar o mau karma, solicitando por perdão à divindade, o rito serve para conectar a pessoa à divindade. Após estabelecida esta conexão, o mantra japa, como indicado pelo astrólogo, irá trabalhar níveis profundos do indivíduo para alterar determinado padrão vibratório que o fazia atrair certas circunstâncias ou desarmonia em sua vida. Este é um processo lento, porém eficaz.  Então não há o que temer aqui, nada de ruim acontecerá mesmo que o indivíduo cometa algum erro de pronúncia ou na sequência de oferecimento dos artigos.

Ritos Perigosos

Agora, se o ritual é feito para um objetivo egoísta e perigoso, como matar alguém (maraṇaṁ), controlar outras pessoas (vaśyaṁ), criar ódio entre duas pessoas (ucchataṁ) etc., realmente a pessoa precisa ter medo. Isso se chama magia negra,  ou mais conhecido como ābichara na Índia. Tudo o que desejamos para os outros, cedo ou tarde retorna para nós mesmos. E se a pessoa não tem merecimento para morrer sob o comando de outrem, ou de ser cativada, ou de ser afetada quer de uma forma ou de outra pela magia a ela direcionada, então será sobre a pessoa que manipulou essa energia que todo o mal recairá. Estes tipos de ritos são Adharmicos e quem o faz ou encomenda são seres adharmicos e demoníacos, envoltos na mais profunda escuridão.

Mas a explicação dos motivos destes ritos serem extremamente perigosos obviamente não se resumem à lei do retorno ou da egrégora espiritual invocada para a concretização desses objetivos demoníacos. A diferença está na postura do praticante diante da manipulação das energias internas e externa no momento de realizar um rito para com a divindade, o qual explicar aqui tomaria muito mais tempo do que disponho.


Ritos Auspiciosos (Śānti Karma)

Mas se alguém está fazendo um ritual para o bem estar de si mesmo, de alguém da família, de amigos etc., não há motivo algum para ter medo. Os Śānti Karmas podem ser realizados de vários modos. Aqui mesmo neste Blog disponibilizei vários artigos ensinando a realizar. Quando dou atendimento em astrologia, ensino meus clientes como realizar a forma mais simples de um rito, pois para alguém que não está familiarizado com o processo, aprender todos os meandres de um ritual como praticado em grandes Templos, além de difícil é totalmente desnecessário para o resultado que será objetivado a nível mental/espiritual do querente. O que importa é o sentimento de devoção e a fé sincera de que aquele remédio, quando aplicado, surtirá seu efeito no tempo oportuno e pelos meios justos e perfeitos. Não há necessidade, portanto, de desembolsar qualquer quantia, maior que seja, para “comprar” a limpeza de seu karma por algum sacerdote. Existem coisas que não têm preço, e uma delas é a bênção da Deidade, obtida esta por meio da verdadeira e sincera penitência espiritual.

Livre-se do Medo

Alguns astrólogos assustam seus clientes dizendo a eles que coisas ruins acontecerão se eles não fizerem determinados ritos. O querente, já fragilizado, pois quando alguém chega ao ponto de se consultar com um astrólogo é porque já está a um passo do desespero, acaba caindo nesta conversa e gasta até o que não poderia para encomendar tal rito. O rito pode e deve ser feito pelo próprio querente. O astrólogo seriamente comprometido com o Dharma irá ensinar o querente a ritualizar e pacientemente o orientará para que ele esteja capacitado a realizar a penitência. Não se prendam a nenhum astrólogo, não se tornem dependente dele, muito menos aceite qualquer tentativa de manipulação. Todas, absolutamente todas as pessoas, têm capacidade para entender o funcionamento de um rito (pūjā) e de ritualizar por si mesma e nada, ainda que uma ou outra palavra seja esquecida, ou pronunciada errada, ou que os artigos sejam oferecidos de outro modo como ensinado, absolutamente nada pode causar dano a aquele que está fazendo um Śānti Karma (rito auspicioso de retificação planetária ou de paz, saúde, cura etc). É óbvio que o penitente precisa se esforçar para aprender de modo a realizar o ritual com a melhor de sua capacidade e intenção. Esse esforço faz parte do processo e contará ponto meritório que permitirá que a Deidade o atenda e alivie seu pesado karma.


Um comentário:

  1. Olá!
    Você tem razão! Sou manglik e kalasarpa, e ia encomendar um puja para amenizar meu carma, porém prefiro fazer um ritual doméstico como você bem explicou, afinal estarei sendo sincera com a espiritualidade e com boa intenção de me libertar e alcançar o perdão pelos meus erros do passado.
    Gratidão eterna!
    Att. Miri

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