Amāvāsyā – Significado geral
O termo vem de:
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ama (junto, próximo) + vāsya (morar, residir): “aquilo onde moram juntos”, referindo-se à união aparente de Surya e Candra.
Na visão śāstrica (textos clássicos)
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propício para rituais ancestrais (pitṛ tarpaṇa, śrāddha);
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considerado parvan (período liminar), limpo e adequado para oferendas (piṇḍa dāna) a espíritos e antepassados;
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ao mesmo tempo, não recomendado para começar atividades materiais, já que o tithi carrega uma energia de vacuidade e finalização.
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Pitṛs (ancestrais) descem à Terra para receber oblações;
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Śiva, Kālī, Bhairava e outros deuses de aspectos destrutivos ou transformadores são especialmente adorados;
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Qualquer ritual (vrata, upavāsa) feito nesse dia multiplica seus méritos.
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noite propícia para sādhana com divindades de aspecto ugra (severo), como Kālī, Tārā, Bhairava, Durgā;
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momento poderoso para nyāsa, mantras secretos, abhicāra (rituais de combate oculto) e práticas de vaśīkaraṇa (cativação);
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no Kaula tantra, particularmente ligada à energia feminina (Śakti), representando a noite escura onde Śiva repousa em Śakti antes de surgir novamente no ciclo da luz.
Jyotiṣa (astrologia védica)
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energia de rikta tithi (vazio), não auspicioso para começos mundanos;
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excelente para meditação, práticas espirituais, encerramentos, destruição de negatividades;
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no muhūrta, um dos dias mais sensíveis, exigindo precaução, já que a Lua representa a mente, e nesta fase ela está “morta”, com menos brilho, sugerindo confusão, apatia ou recomeço interno.
Diferenças nas linhagens hindus
Vaiṣṇava
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Amāvāsya é menos relevante do que Ekādaśī, mas ainda assim associada a rituais para os pitṛs, jejum parcial e purificação.
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Nos calendários vaiṣṇava de Gauḍīya (Bhaktivedānta), amāvāsyā é vista como um momento de reclusão e lembrança da transitoriedade.
Śaiva
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Especialmente importante.
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Muitos śaivas realizam pradosha vrata se ele coincide, ou sādhana para Śiva-Bhairava, mantras como Mahāmṛtyuñjaya, rituais de liberação karmica e remoção de obstáculos.
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Amāvāsya também é vista como o ventre da noite cósmica, kāla garbha.
Śākta (Kālī, Durgā, Tripurā)
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Uma das noites mais poderosas!
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É noite de Kālī (em muitas tradições), onde rituais secretos (rahasya pūjā) são conduzidos; praticantes fazem sādhana para superar o ego, vencer medos e obter siddhis espirituais.
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Também dia forte para abhicāra, práticas tântricas de manipulação de energias.
Smārta
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Dia para śrāddha e tarpaṇa, propício a jejum (upavāsa), restrição de prazeres, meditação, estudos filosóficos.
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Alguns seguem darśana pūjā (visita ao templo) para pedir bênçãos de limpeza espiritual.
Aspecto filosófico (Vedānta, Yoga)
Na perspectiva vedāntica, amāvāsyā simboliza:
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o vazio absoluto (śūnya), onde a forma se dissolve na essência sem forma;
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ponto do ciclo em que a manifestação recua no Absoluto.
No Yoga, é um momento de:
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introspecção, pratyāhāra (recolhimento dos sentidos), dhyāna (meditação);
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simboliza o vazio da mente (citta śūnya) que precede a iluminação.
Utilidade prática para astrologia (Praśna, Jyotiṣa, Divinação)
No contexto de Praśna (astrologia horária):
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se a pergunta é feita durante amāvāsya, tradicionalmente não se consideram bons augúrios — a Lua está “cega” e não pode “ver” as casas;
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perguntas sobre coisas ocultas, morte, perdas, renascimento espiritual, têm mais aderência neste momento.
Para divinação ritualística, amāvāsya:
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abre portais energéticos que conectam com os mundos invisíveis (ancestrais, devas ocultos, pretas, bhūtas);
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é usada para rituais de previsões anuais (anupūrva śānti), limpezas kármicas e pedidos de proteção.
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