Nome: Juscelino Kubitschek de Oliveira
Gênero: Masculino
Nascimento: 12 de Setembro de 1902 às 14:00h
Local: Diamantina, Brazil, 18s15, 43w36
Timezone:
3UTC
Fonte dos Dados: em mãos, astrólogo Edwin Charles
Steinbrecher
Conhecido
como JK, foi prefeito de Belo Horizonte (1940-1945), governador de Minas Gerais
(1951-1955), e presidente do Brasil entre 1956 e 1961.
Foi o primeiro
presidente do Brasil a nascer no século XX. Casado com Sarah Kubitschek, com
quem teve a filha Márcia Kubitschek de Oliveira e adotaram a Maria Estela
Kubitschek, foi o responsável pela construção de uma nova capital federal, Brasília,
executando, assim, um antigo projeto, já previsto em três constituições
brasileiras, da mudança da capital federal do Brasil para promover o
desenvolvimento do interior do Brasil e a integração do país.
Durante todo o seu
mandato como presidente da República (1956-1961), o Brasil viveu um período de
notável desenvolvimento econômico
e relativa estabilidade política. Com um estilo de governo inovador na política
brasileira, Juscelino construiu em torno de si uma aura de simpatia e confiança
entre os brasileiros.
Origem e educação
Juscelino
nasceu em 12 de setembro de 1902 em Diamantina num casarão colonial na rua
Direita. Seu pai, João César de Oliveira (1872-1905), foi caixeiro-viajante e
exerceu, também, várias outras profissões. Era um homem boêmio, e em uma
serenata no município de Rio Vermelho contraiu um resfriado que passou para
pneumonia e deu origem a uma tuberculose. Com medo de contaminar a família com
a doença, o pai de JK decidiu ir morar em uma casa isolada vindo a receber
visitas de amigos e familiares. João faleceu em 10 de janeiro de 1905,
quando Juscelino tinha 3 anos. A única renda da família se tornou a da
mãe. Sua
mãe, Júlia Kubitschek (1873-1973) , era professora e possuía
ascendência checa (seu sobrenome é uma germanização do original tcheco Kubíček)
e etnia cigana — JK foi o único presidente de origem cigana em todo o mundo.
Viúva aos 28 anos, Júlia não quis se casar novamente, dedicando-se aos dois
filhos, Maria da Conceição, apelidada de Naná, nascida em 1901, e JK, o Nonô.
Júlia havia perdido uma bebê nos primeiros meses de vida, cujo nome era
Eufrosina, nascida em 1900.
Quando
menino, em uma brincadeira de esconde-esconde, teria machucado o dedo mínimo do
pé direito. Segundo o jornalista Roniwalter Jatobá, isto teria duas
consequências para a vida de JK. A primeira seria uma característica física,
pois não poderia mais fazer longas caminhadas e a pressão do sapato iria lhe
trazer incomodo. O segundo seria de característica profissional, devido a
dedicação do médico que lhe prestou socorro, influenciando-o a seguir a carreira
de médico. Aos 12 anos terminou o curso primário. Pagando uma mensalidade,
foi estudar no seminário diocesano de Diamantina, dirigido pelos padres
vicentinos, onde concluiu o curso de humanidades aos 15 anos incompletos. No
seminário, teve de usar batina como os demais, seguindo os estudos num regime
severo, levantando às cinco horas da manhã e indo dormir às oito horas. Nos
estudos, ia razoavelmente bem, com exceção da disciplina de Aritmética na qual
tinha dificuldades. Segundo o historiador Francisco de Assis Barbosa,
era um menino como outro qualquer, incapaz de despertar invejas ou inimizades,
quer pela sua condição econômica que não era das melhores, das mais humildes,
quer pelo seu comportamento, alegre, expansivo, brincalhão, mas avesso a discussões,
intrigas e mal-entendidos. Como não conseguiria sair da cidade para ir estudar
em Belo Horizonte por ser menor de idade, dedicou-se a estudar sozinho,
conseguindo a ajuda de alguns professores. Teve cursos de língua inglesa com um
professor chamado José e língua francesa com a professora Madame Louise.
Em meio a
dificuldades financeiras, conseguiu obter os exames preparatórios exigidos para
o curso de Medicina. Em 1919, prestou na capital mineira de Belo Horizonte um
concurso para telegrafista na agência central da cidade. Para realizar o
concurso exigia-se a idade mínima de 18 anos, mas ele possuía apenas 16 anos
incompletos. Para resolver este problema, conseguiu com o oficial de registro de
Diamantina uma certidão forjada que marcava como se tivesse nascido em 1900.
Ficou em décimo nono lugar, sendo classificado. No final de 1920, se mudou para
morar em Belo Horizonte. De início, sua mãe pagava os custos do filho
na capital mineira, mas Juscelino não morava em boas condições de conforto. Dois
anos após o concurso, em maio de 1921, foi divulgada a sua nomeação
para telegrafista auxiliar. Em janeiro de 1922, prestou o vestibular
e matriculou-se na Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Minas Gerais.
Doença Pulmonar
Em 1926, recebeu o
diagnóstico de que estava com estertores no pulmão, tendo que ficar seis meses de cama.
No quinto ano de Medicina, começou a trabalhar juntamente com o seu cunhado e
amigo Júlio Soares como interno na enfermaria da clínica cirúrgica de Santa
Casa.
Juscelino
gostava de dançar, e, por isso criou-se a fama de pé de valsa. Numa festa
conheceu Sarah Gomes de Lemos, filha do deputado federal Jaime Gomes de Sousa
Lemos. A partir de então começaram a namorar. Em 17 de dezembro de 1927
formou-se em Medicina, na mesma turma de Pedro Nava, três anos antes de
Guimarães Rosa. Foi na cerimônia de colação de grau que a mãe dele conheceu Sarah.
Durante dois anos trabalhou intensivamente com o cunhado na Santa Casa.
Tornou-se assistente em duas cadeiras, a da Clínica Cirúrgica e Física Médica.
Além disso, foi nomeado por seu amigo José Maria Alkmim como médico da Caixa
Beneficente da Imprensa Oficial do Estado. No final de abril de 1930, viajou de trem
para o Rio de Janeiro, donde partiu para a França no navio Formose.
Viagem a Paris
O navio onde
encontrava-se Juscelino fez várias escalas. O primeiro país em solo estrangeiro
que o rapaz conheceu foi Senegal, mais especificamente na cidade de Dakar,
seguindo para a cidade de Casablanca, no Marrocos. Chega a cidade do Porto
(Portugal) e a Vigo (Espanha). Desceu próximo a Bordéus já em território
francês, onde pegou um trem para Paris. Lá, inscreveu-se num curso de cultura
francesa, atualizando-se no idioma e visitando museus e lugares históricos, mas
o objetivo principal da viagem era se especializar em um curso intensivo de
urologia com o doutor Maurice Chevassu, que durou três semanas.
Em agosto de
1930, os professores entraram em férias de verão. Fazendo economias pois não
possuía muito dinheiro, Juscelino embarcou juntamente com 300 turistas no navio
Lotus com destino a uma viagem pelo Mar Mediterrâneo, que sairia de Marselha e
faria uma volta completa pelo Mediterrâneo oriental, do Egito até a Grécia,
passando pela Terra Santa . Em sua estadia na Europa conheceu vários
brasileiros. Em Veneza embarcou para Viena na Áustria. Em Viena frequentou
vários hospitais e enfermarias a fim de assistir operações. Conheceu a
Tchecoslováquia, terra de seu avô materno, constatando que o seu sobrenome
Kubitschek era muito comum ali, passando seu aniversário nesta ocasião. Logo,
tomou um trem para Berlim (Alemanha) para cumprir um vasto programa de
conhecimentos médicos em sua especialidade.
De volta a
Paris, confirmou na embaixada brasileira os boatos de que haveria acontecido a
chamada Revolução de 1930 no Brasil, ocasião em que o gaúcho Getúlio Vargas
teria chegado ao governo. Após saber das novidades, Juscelino junto com os
amigos Cândido Portinari e Leopoldo Fróis saíram pelas ruas a comemorar.
Embarcou no navio Almirante Alexandrino donde partiria para o Brasil e chegaria
em 21 de novembro de 1930 no Rio de Janeiro. Ao chegar, pediu a sua amada Sarah
em casamento.
O retorno a Minas e a Revolução
Constitucionalista
Ao retornar
para Minas Gerais, assumiu todos os trabalhos em Belo Horizonte como era antes
da viagem. Em 17 de março de 1931, quatro meses após o regresso da Europa, foi
nomeado para a Força Pública indo servir como capitão-médico no
Hospital Militar como encarregado do Laboratório de Análises Clínicas.
Em 30 de dezembro de
1931, casou-se no Rio de Janeiro com Sarah. O vestido de Sarah era longo, sem
véu e grinalda. A festa foi simples e íntima. Juscelino, que então morava com a
irmã em Belo Horizonte, alugou uma casa na Avenida Paraúna, próximo a irmã.
Durante a Revolução
Constitucionalista de 1932
— conflito entre o Estado de São Paulo e o Governo Vargas —, Juscelino foi
convocado para atuar como médico das tropas mineiras que lutavam contra os
paulistas na Serra da Mantiqueira. Instalado em Passa Quatro, recebeu lá um
paciente em estado grave. Tendo que operá-lo, pediu a um coronel-médico que
ajudasse-lhe, este se recusou. Com a ajuda de um veterinário e de uma freira,
conseguiu operar o soldado e salvá-lo. Logo, recebeu a visita de um capitão do
quartel-general. Este viera para abrir um inquérito contra o coronel que
recusou ajuda a um paciente agonizante. Juscelino pediu que o inquérito não
fosse aberto. De acordo com o jornalista Roniwalter Jatobá, a atitude de não
querer prejudicar a carreira de um superior hierárquico do Exército aumentou a
simpatia de Juscelino com os militares. Nesta ocasião conheceu um amigo, o
padre esloveno Alfredo Kobal que havia servido ao Exército Austríaco na
Primeira Guerra Mundial. Também conheceu Benedito Valadares. Após o fim do
conflito na região, JK voltou para a casa.
Carreira política até a Presidência
Em 1933, após a morte do
governador de Minas Gerais Olegário Maciel, o então Presidente da República
Getúlio Vargas
nomeou Benedito Valadares para o cargo. Benedito Valadares nomeou Juscelino
para o cargo de chefe-de-gabinete, mas ele recusou. Fato é que Benedito foi até
o hospital militar onde JK estava, lá ele homenageou o ex-governador Olegário e
anunciou o seu novo chefe-de-gabinete: Juscelino Kubitchek. JK conta que foi
nomeado na marra. No cargo, resolvia vários problemas conversando com as
autoridades. Em Diamantina, por exemplo, conseguiu abrir estradas e preservar
edifícios históricos. Nessa época construiu a sua primeira obra pública, uma
ponte sobre o ribeirão do Inferno, ligando Diamantina a cidade de Rio Vermelho.
Em outubro de 1934 foi
eleito o deputado federal mais votado em Minas, filiado ao recém-criado Partido
Progressista que havia sido fundado por membros do Partido Republicano Mineiro
que apoiavam a Revolução de 1930. Exerceu o mandato de deputado federal de 1935
até o fechamento do Congresso Nacional, em 10 de novembro de 1937, com o golpe
do Estado Novo. Chegou ao posto de tenente-coronel-médico da Polícia Militar de
Minas Gerais. Após o impedimento de seu mandato, confidenciou a esposa que
sairia definitivamente da política naquele instante, o que não se concretizou.
Prefeitura de Belo Horizonte
No início de 1940, o
então governador de Minas Gerais Benedito Valadares nomeou Juscelino Kubitschek
como novo prefeito da capital mineira. A princípio, JK não quis aceitar o cargo, mas a
nomeação foi divulgada em 16 de abril no Minas Gerais. durante este período,
não abandonou a carreira de médico, intercalando a Medicina com a Prefeitura.
Tornou-se o Primeiro Secretário do recém Partido Social Democrático (PSD).
Tomou posse como
prefeito de Belo Horizonte em 19 de outubro de 1940, sendo conhecido como "prefeito
furacão" pelas grandes mudanças feitas por ele na cidade. Como prefeito,
restaurou, pavimentou e construiu muitas avenidas, sendo responsável pelo
asfaltamento da Avenida Afonso Pena, a construção de grandes avenidas a fim de
facilitar o acesso ao centro da cidade como a pavimentação da Avenida do
Contorno e a Avenida Amazonas. Criou vários bairros em Belo Horizonte.
Canalizou vários córregos que banham a cidade visando o saneamento básico de
Belo Horizonte. Construiu pontes e realizou terraplanagens a fim de integrar o
centro da cidade a vários núcleos populacionais da zona suburbana, e
desenvolveu em Belo Horizonte a rede subterrânea de luz e telefone.
Neste
período, uma das mais importantes obras foi a construção da Pampulha, um centro
de lazer. Esta foi projetada por Oscar Niemeyer e a obra se tornou um marco
cultural nacional. Na época, a construção tinha como finalidade o turismo. Fora
construído um grande lago artificial e em torno deste, um conjunto integrado
pelo Iate Clube, o Cassino, a Casa do Baile e a Igreja. As obras duraram 9
meses.
Para a
cultura, criou o Museu de Belo Horizonte, o Instituto de Belas Artes e o Curso
de Extensão Musical. Iniciou a construção do Teatro Municipal, oficializou a
Orquestra Sinfônica e apoiou várias instituições. Estimulou a criação de novas
habitações residenciais e o desenvolvimento de uma rede de assistência social
juntamente com a construção do Hospital Municipal no Bairro da Lagoinha. O
prédio possuía 306 leitos e instalações modernas para a época.
Com o fim da Segunda
Guerra Mundial, iniciou-se no Brasil a redemocratização com a queda do Estado
Novo e a posse do presidente do Supremo Tribunal Federal José Linhares. Os
governantes que haviam sido indicados pela ditadura deixaram os cargos,
inclusive Juscelino em 30 de outubro de 1945.
Deputado federal pela segunda vez
Após a saída
da Prefeitura de Belo Horizonte, decidiu entrar definitivamente na política. Nas
eleições de 2 de dezembro de 1945 foi eleito deputado federal para a Assembleia
Nacional Constituinte pelo Partido Social Democrático (PSD) com 26 293
votos, ficando em terceiro lugar. Através do estado de Minas Gerais,
elegeram-se também entre outros vinte deputados, Tancredo Neves, José Maria
Alkmim, Gustavo Capanema e Benedito Valadares.37 Juscelino juntamente com a
esposa e a filha Márcia, vai morar na então capital federal do Rio de Janeiro
na rua Sá Ferreira de Copacabana.
Tomou posse como
deputado federal pela segunda vez em 22 de abril de 1946, discursando sobre a necessidade de
se construir casas populares e de se realizar uma política de conteúdo social,
tendo em vista elevar o padrão de vida da população.39 Destacou-se muito por
sua oratória.40 Seus discursos mais importantes, com as frases que ficaram
famosas, como "Deus me poupou o sentimento do medo", foram escritos
pelo poeta Augusto Frederico Schmidt.41 Juscelino destacou-se, também, na
chamada política de bastidores, (as articulações políticas bem trabalhadas),
típica de Minas Gerais e de seu segundo partido político, o PSD.
Em 22 de
julho de 1946, um grupo de deputados federais incluindo Juscelino, embarcaram
em um avião do Força Aérea Brasileira com destino a Belém. Anos mais tarde, ele
lembraria que foi a primeira vez a entrar em contato com um Brasil diferente
daquele que estava acostumado. Também diria que, "se a beleza dos cenários
me seduziu e deslumbrou, tive a oportunidade de viver, por outro lado, o drama
daquelas populações deserdadas, perdidas nos desvãos de um território imenso e
quase sem um vínculo afetivo com a capital da República.
Permaneceu até 1950 no cargo de
deputado. Destacou-se
mais, entretanto, nos cargos executivos que ocupou, e, pela sua atuação neles,
ficou conhecido como um político do tipo "tocador de obras" .
Governador de Minas Gerais
JK assumiu o Governo de
Minas Gerais no dia 31 de janeiro de 1951. Em 1952, criou a Companhia Energética de Minas Gerais
(CEMIG) e construiu cinco usinas hidrelétricas. Com a eletrificação foi
possível estimular a industrialização, e assim pode ser instalado em 12 de
agosto de 1954 um conjunto de produção metalúrgica na região metropolitana de
Belo Horizonte, a Siderúrgica de Mannesmann, uma empresa alemã, que
possibilitou a concretização dos planos de JK em tirar Minas daquela situação
"agropastoril". Foram construídos mais de 3 mil quilômetros de
estradas e 251 pontes. Foram criados mais 120 postos de saúde. Quando tomou
posse, haviam 680 mil alunos matriculados na escola primária, índice que saltou
para mais de um milhão de alunos no final da gestão. A maior dificuldade que
enfrentou como governador foi uma revolta ocorrida em Uberaba, em 1952, contra
os elevados impostos estaduais.46 Terminou a gestão em 31 de março de 1955.
Em 30 de março de 1955,
JK renunciou ao cargo de governador para se candidatar a presidente. Ele teria dito ao vice Clóvis
Salgado: "Vou ter que renunciar, e vão fazer tudo para impedir as
eleições. Você vai ter que ficar com essa defesa aqui nas mãos. Porque, sem o
apoio de Minas, meu velho, minha candidatura desmorona, não tenha dúvida".
O vice teria o tranquilizado.
Eleição presidencial de 1955
Através de
uma aliança política formada por 6 partidos, Juscelino foi eleito Presidente da
República em 3 de outubro de 1955, com 35,68% dos votos válidos, a menor
votação de todos os presidentes eleitos de 1945 a 1960.
Naquela época
as eleições se realizavam em turno único. Nesta eleição, pela primeira vez no
Brasil, se utilizou a cédula eleitoral oficial confeccionada pela Justiça
Eleitoral. Antes de 1955 os próprios partidos políticos confeccionavam e distribuíam
as cédulas eleitorais.
Foi difícil o
lançamento da candidatura de Juscelino, pois se acreditava em um veto militar a
ela: JK era acusado de ser apoiado pelos comunistas. Somente quando o
presidente da república Café Filho divulgou a carta dos militares na Voz do
Brasil foi que Juscelino se lançou candidato, alegando que a carta dos militares
não citava o seu nome.
Para dar legitimidade
e prestígio à sua candidatura a presidente, JK visitou o já idoso e venerado
ex-presidente da república Venceslau Brás em sua residência no sul de Minas.
Pediu e conseguiu o apoio do antigo presidente à sua candidatura.
A apuração
dos votos foi demorada. Em 3 de outubro de 1955, JK elegeu-se com 3 077 411
votos (35,68%), o general Juarez Távora recebeu 2 610 462 votos (30,27%), o
doutor Ademar de Barros conseguiu 2 222 725 votos (25,77%) e Plínio Salgado
conquistou 714 379 votos (8,28%).49 Juscelino obteve, 400 mil votos a mais que
o candidato da União Democrática Nacional Juarez Távora, e 800 mil votos a mais
que o terceiro colocado, o ex-governador de São Paulo Ademar de Barros.
Juscelino foi favorecido pelo lançamento da candidatura de Plínio Salgado, a
qual tirou votos do candidato Juarez Távora.
A UDN tentou
impugnar o resultado da eleição, sob a alegação de que Juscelino não obteve
vitória por maioria absoluta dos votos. A posse de Juscelino e do
vice-presidente eleito João Goulart só foi garantida com um levante militar
liderado pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que, em 11 de
novembro de 1955, depôs o então presidente interino da República Carlos Luz.
Suspeitava-se que Carlos Luz, da UDN, não daria posse ao presidente eleito
Juscelino. Assumiu a presidência, após o golpe de 11 de novembro, o presidente do
Senado Federal, Nereu Ramos, do partido de JK, o PSD. Nereu Ramos concluiu o
mandato de Getúlio Vargas que fora eleito para governar de 1951 a 1956. O
Brasil permaneceu em estado de sítio até a posse de JK em 31 de janeiro de
1956.
Viagem internacional
Antes de
tomar posse como presidente eleito, JK fez uma série de visitas a países
estrangeiros. Pelas palavras do próprio, o objetivo da viagem "não era
apenas afastar-me da cena política nacional, de forma a permitir que as paixões
serenassem mas, sobretudo, estabelecer contatos diretos com os Chefes de
Governo e com os capitães da indústria e do comércio daqueles países, para
apresentar-lhes, em termos concretos, a política de desenvolvimento econômico
que instalaria no Brasil, de forma a interessá-los naquela arrancada."
JK foi aos
Estados Unidos, cujo governo estava aflito com as acusações da oposição de que
Juscelino tivesse sido eleito com o voto dos comunistas. Nesta viagem não
haveria obtido sucesso, pois os empresários de lá não o deram atenção. Também
viajou para a Europa (Inglaterra, França, Alemanha, Holanda, Bélgica, Espanha,
Portugal, Itália e Vaticano).
Presidente do
Brasil
Juscelino foi o último
presidente da República a assumir o cargo no Palácio do Catete. Foi empossado em 31 de janeiro de 1956, e,
governou por 5 anos, até 31 de janeiro de 1961. Seu vice-presidente, eleito
também em 3 de outubro de 1955, foi João Goulart. Não havia reeleição naquela
época. Foi o primeiro presidente civil desde Artur Bernardes a cumprir
integralmente seu mandato. Juscelino Kubitschek empolgou o país com seu slogan
"Cinquenta anos em cinco", conseguiu encetar um processo de rápida
industrialização, tendo como carro-chefe a indústria automobilística. Houve, no
seu governo, um forte crescimento econômico, porém, houve também um
significativo aumento da dívida pública interna e da dívida externa e da
inflação nos governos seguintes de Jânio Quadros e João Goulart . Os anos de
seu governo são lembrados como "Os Anos Dourados", coincidindo com a
fase de prosperidade norte-americana conhecida como "The Great American
Celebration", a qual se caracterizou pela baixa inflação e pelas elevadas
taxas de crescimento da economia e do padrão de vida dos norte-americanos.
O Plano de Metas
Em seu
mandato presidencial, Juscelino lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento,
também chamado de Plano de Metas, que tinha o célebre lema "Cinquenta anos
em cinco". O plano tinha 31 metas distribuídas em 5 grandes grupos:
Energia, Transportes, Alimentação, Indústria de Base, Educação, e, a meta
principal ou meta-síntese: a construção de Brasília. O Plano de Metas visava
estimular a diversificação e o crescimento da economia brasileira, baseado na
expansão industrial e na integração dos povos de todas as regiões do Brasil
através da nova capital localizada no centro do território brasileiro, na
região do Brasil Central.
A estratégia
do Plano de Metas era corrigir os "pontos de estrangulamento" da
economia brasileira, em termos atuais "reduzir o custo Brasil", que
poderiam estancar o crescimento econômico brasileiro (por falta de estradas e
energia elétrica) e reduzir a dependência das importações, no processo chamado
de "substituição de importações", já que o Brasil padecia de uma
crônica falta de divisas externas (dólares).
A convivência democrática
Outro fato
importante do governo de JK foi a manutenção do regime democrático e da
estabilidade política, que gerou um clima de confiança e de esperança no futuro
entre os brasileiros. Teve grande habilidade política para conciliar os
diversos setores da sociedade brasileira, mostrando-lhes as vantagens de cada
setor dentro da estratégia de desenvolvimento de seu governo.
JK evitou
qualquer confronto direto com seus adversários políticos e apelou a eles para
que fizessem oposição sempre dentro das leis democráticas. Anistiou os
militares revoltosos de Jacareacanga e Aragarças. Sendo que muitos políticos da
UDN, (adversária do PSD de Juscelino), o apoiavam, ficando, estes políticos,
conhecidos como a UDN chapa-branca.
Outro momento
de tensão política do governo JK foi, em 23 de novembro de 1956, quando JK
ordenou a prisão domiciliar do general Juarez Távora, que havia sido derrotado
nas eleições de 1955. O motivo seria o fato de Juarez Távora ter desafiado a
ordem de JK, dada em 21 de novembro de 1956, que proibia os militares de
fazerem manifestação ou comentário político. O ministro da Guerra, Henrique
Teixeira Lott, cumpriu a ordem de prisão, mas pediu exoneração do cargo, porém
voltou atrás. Com sua atitude enérgica e apoio de Lott, JK se fortaleceu entre
os militares, setor em que tinha antes pouca aceitação e prestígio. JK fechou,
também, em novembro de 1956, a "Frente de Novembro" e o "Clube
da Lanterna", que faziam oposição a JK.
Seu maior
adversário político foi Carlos Lacerda com o qual se reconciliou
posteriormente. Juscelino não permitiu o acesso de Carlos Lacerda à televisão
durante todo o seu governo. Juscelino confessou a Lacerda, depois, que se
tivesse deixado Lacerda ter acesso a televisão, este o derrubaria.
Economia e obras
O governo de
Juscelino Kubitschek usou uma plataforma nacional desenvolvimentista, o Plano
de Metas, lançado em 1956, e permitiu a abertura da economia brasileira ao
capital estrangeiro. Entre 1955 e 1961, entraram mais de dois bilhões de
dólares destinados às metas. Isentou de impostos de importação as máquinas e
equipamentos industriais, assim como liberou a entrada de capitais externos em
investimentos de risco, desde que associados ao capital nacional ("capital
associado"). Para ampliar o mercado interno, o plano ofereceu uma generosa
política de crédito ao consumidor.
O país
crescia 7,9% ao ano. JK promoveu a implantação da indústria automobilística com
a vinda de fábricas de automóveis para o Brasil, como na época os Estados Unidos
estavam mais interessados no mercado europeu, vieram marcas europeias,
inicialmente com o capital alemão (Volkswagen), francês (Simca) e nacional com
tecnologia estrangeira (Vemag). Promoveu a indústria naval com capital japonês,
holandês e brasileiro, e a siderurgia com recursos estatais do Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e capital japonês agregado à
Usiminas. Construiu grandes usinas hidrelétricas, como a Furnas localizada em
São João da Barra e a Três Marias. A construção de Furnas foi iniciada em 1957
e concluída em 1963. Furnas formou um dos maiores lagos artificiais do mundo
que banha 34 municípios mineiros e que ficou conhecido como o "Mar de
Minas Gerais"
O processo de
industrialização da região Sudeste com a abertura de empregos, aumenta a vinda
dos nordestinos para essa região, principalmente São Paulo e Rio de Janeiro,
assim como imigrantes das áreas rurais de todo o país. Muitos empresários,
principalmente os paulistas, acreditavam que o pouco desenvolvimento da região
Nordeste era um dos maiores obstáculos para a ampliação do mercado interno pois
excluía um terço da população. Em 15 de dezembro de 1959, JK criou a
Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) para integrar a região
ao mercado nacional.
Abriu as
rodovias transregionais que uniram todas as regiões do Brasil, antes sem
ligação rodoviária entre elas. Aumentou a produção de petróleo da Petrobras.
Com exceção das empresas de energia hidrelétrica, Juscelino praticamente não
criou nenhuma empresa estatal.
Comprou, em
1956, para a Marinha do Brasil, o seu primeiro porta-aviões, o NAeL Minas
Gerais (A-11).
Devido à
semelhança no desenvolvimento das políticas econômicas de ambos os líderes,
Juscelino Kubitschek é muitas vezes comparado a seu colega argentino, Arturo
Frondizi.
Entre 1959 e
1960, houve uma crise na obra de construção de Brasília. As verbas haviam
acabado e JK entendia que não poderia terminar o governo sem construir
Brasília. Ao pedir um empréstimo de 300 milhões de dólares para o Fundo
Monetário Internacional (FMI), o órgão exigiu que o país "colocasse a casa
em ordem antes de pedir ajuda financeira". JK substituiu o ministro da
Fazenda José Maria Alkmim por Lucas Lopes, mas rompe "todos os
entendimentos com o FMI". Lucas Lopes ficou por um ano no ministério após
sofrer um enfarte. O historiador estadunidense Thomas Skidmore diz que o
contentamento era maior do que se o Brasil tivesse recebido os 300 milhões,
pois "os brasileiros tinham a sensação de estar desafiando com êxito as
autoridades estrangeiras para as quais seus vizinhos da Argentina e Chile
abaixavam a cabeça".
JK emitiu
títulos da dívida pública e cartas precatórias. Estas consistem em papéis
negociados na bolsa de valores para se conseguir capital de curto prazo. JK
vendeu esses papéis com deságio, ou seja, com um preço abaixo do valor de
mercado que poderia ser recuperado posteriormente em um prazo de 5 anos. Com
isso, JK conseguiu dinheiro para terminar a construção de Brasília. Isso, no
entanto, fez com que JK fosse acusado de inviabilizar os próximos governos do
país, por aumentar a dívida pública federal.
Junto com
Brasília, uma grande obra rodoviária ajudou muito o povoamento e
desenvolvimento do Brasil Central e da Amazônia: A rodovia BR-153 (antiga BR-14),
também conhecida como "Rodovia Belém-Brasília". Outras obras
rodoviárias importantes ligando regiões brasileiras, feitas por Juscelino,
foram:
A Rodovia
Régis Bittencourt, (antiga BR-2), que liga o Sudeste do Brasil ao Sul do
Brasil, inaugurada no início de 1961.
A rodovia
Fernão Dias que liga São Paulo a Belo Horizonte, obra iniciada por Getúlio
Vargas, inaugurada, por JK, em 1960, e concluída em 1961.
A BR-364
ligando Cuiabá a Porto Velho e Rio Branco, inicialmente uma estrada de terra e
que foi asfaltada em 1983. A BR-364 foi a primeira rodovia a ligar o Centro
Oeste do Brasil a Rondônia e ao Acre. A BR-364 viabilizou o povoamento de
Rondônia que passou de 70.000 mil habitantes em 1960 a 500.000 habitantes em
1980.
Os críticos
de Juscelino Kubitschek frisam o fato de ele ter priorizado o transporte
rodoviário em detrimento do transporte ferroviário devido à implantação da
indústria automobilística no Brasil, o que teria causado prejuízos econômicos
como o crescimento das importações de derivados de petróleo (gasolina e óleo
diesel) e petróleo, e também provocado isolamento e decadência de certas
cidades. JK conseguiu entretanto, com a inauguração da Refinaria de Duque de
Caxias, em 1961, a autossuficiência do Brasil na produção de derivados de
petróleo, passando o Brasil, a partir de então, a importar apenas a
matéria-prima, produzindo os derivados de petróleo nas refinarias brasileiras.
A opção pelas
rodovias é considerada, por muitos, danosa aos interesses do país, que estaria
mais bem servido por uma grande rede ferroviária. Na década de 1920, o
presidente Washington Luís também havia sido contestado por construir rodovias,
sendo apelidado de "General Estrada de Bobagem", um trocadilho com
"estrada de rodagem".60 Mesmo após o governo Juscelino, continuou
forte, no Brasil, a oposição política à construção de rodovias: Na década de
1960, em São Paulo, Ademar de Barros foi muito criticado por construir a
Rodovia Castelo Branco, tida, na época, como obra cara e desnecessária.
A dívida
externa brasileira aumentou de 87 milhões de dólares, em 1955, para 297 milhões
de dólares em 1959.61 Esta dívida foi ainda agravada pelas altas remessas de
lucros das empresas estrangeiras de "capital associado" e pelo
consequente aumento do déficit na balança de pagamentos.
Houve também
uma elevação da dívida interna brasileira em aproximadamente 500 milhões de
dólares.
Apesar do
crescimento econômico, a construção de Brasília fez com que o mandato de
Juscelino Kubitschek terminasse com crescimento da inflação, aumento da
concentração de renda e arrocho salarial. Em 1956, a taxa de inflação era de
19,2%, e em 1960, de 30,9%.62 Ocorreram várias manifestações populares, com
greves na zona rural e nos centros industriais que se alastram nos governos
seguintes.
De fato, a
expansão do crédito, a grande quantidade de importações para indústria
automobilística e as constantes emissões de moeda - para manter os
investimentos estatais e pagar os empréstimos externos - provocaram crescimento
da inflação e queda no valor dos salários. Em 1960, a inflação estava a 25% ao
ano, subiu para 43% em 1961, para 55% em 1962 e chegou a 81% em 1963. O
economista Roberto de Oliveira Campos, um dos coordenadores do Plano de Metas,
foi um dos primeiros economistas a alertar Juscelino para o caráter
inflacionário da construção de Brasília. Durante o governo JK, a produção
industrial cresceu 80%, os lucros da indústria cresceram 76%, mas os salários
cresceram apenas 15%.
Porém, o
salário-mínimo do trabalhador brasileiro, em 1959, foi, considerado o mais
alto, em valores reais, de todos os tempos.
Cultura
Jogadores da
Seleção Brasileira comemoram o primeiro título mundial na Copa do Mundo FIFA de
1958.
Na Suécia, em
junho de 1958, acontecia a Copa do Mundo. A Seleção Brasileira havia
conquistado o seu primeiro título. Em 1959, a tenista Maria Esther Bueno venceu
os torneios de US Open e Wimbledon; e, a seleção brasileira de basquete
masculina foi campeã mundial no Chile.
Construção de Brasília
A construção
de Brasília foi um dos fatos mais marcantes da história brasileira, e da
política de JK no seu mandato de 5 anos como presidente, sendo uma das maiores
obras do século XX. A ideia de construir uma nova capital no centro geográfico
do País estava prevista na Constituição de 1891, na Constituição de 1934 e na
Constituição de 1946, mas foi adiada, sua construção, por todos os governos
brasileiros desde 1891.
A promessa de
construir Brasília foi feita, por JK, no dia 4 de abril de 1955, em um comício,
em Jataí, no estado de Goiás, quando, no final do comício, JK resolveu ouvir
perguntas de populares, e, o estudante para tabelião Antônio Soares Neto, o
Toniquinho, perguntou a JK se este iria cumprir toda a constituição do Brasil
de 1946, inclusive o artigo referente a nova capital.
As obras,
lideradas pelos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer começaram com
entusiasmo em fevereiro de 1957. Mais de 200 máquinas e de 30 mil operários -
os candangos - vindos de todas as regiões do Brasil (principalmente do Nordeste
do Brasil), exerceram um regime de trabalho ininterrupto, dia e noite, para
construir e concluir Brasília até a data prefixada de 21 de abril de 1960, em
homenagem à Inconfidência Mineira.
As obras
terminaram em tempo recorde de 41 meses — antes do prazo previsto. Já no dia da
inauguração, em pomposa cerimônia, Brasília era considerada como uma das obras
mais importantes da arquitetura e do urbanismo contemporâneos.
Além da
obediência à Constituição, a construção da Nova Capital visava a integração de
todas as regiões do Brasil, a geração de empregos, absorvendo o excedente de
mão-de-obra da região Nordeste do Brasil e o estímulo ao desenvolvimento do
interior, desafogando a economia saturada do Centro-Sul do país.
Política Externa
No plano
internacional, Juscelino procurou estreitar as relações entre o Brasil e os
Estados Unidos, ciente de que isso ajudaria na implementação de sua política
econômica industrial e na preservação da democracia brasileira.
Formulou a
Operação Pan-americana, iniciativa diplomática em que solicitava apoio dos
Estados Unidos ao desenvolvimento da América do Sul, como forma de evitar que o
continente americano fosse assolado pelo fantasma do comunismo.
Manifestações contra JK
Duas semanas
após a posse de JK, a 11 de fevereiro de 1956, ocorre a Revolta de
Jacareacanga, liderada pelo major-aviador Haroldo Veloso e pelo capitão-aviador
José Chaves Lameirão. Acusavam o presidente de supostas associações com grupos
financeiros internacionais para a entrega de petróleo e minerais estratégicos,
e de infiltração comunista nos postos militares. No mesmo mês, a rebelião
militar foi debelada. Enviou ao Congresso um projeto de lei que concedeu
anistia ampla e irrestrita a todos os civis e militares que tivessem
participado de movimentos políticos ou militares no período de 10 de novembro
de 1955 até 19 de março de 1956.
No início do
governo, acontecem duas greves de transportes públicos em São Paulo. No Rio de
Janeiro, a empresa canadense Light S.A. aumenta o preço das passagens de bonde,
atitude que levou à primeira manifestação pública de estudantes e populares. Em
uma semana, com as lideranças sindicais no Palácio do Catete, JK negociou o fim
do movimento com a redução das tarifas. JK conseguiu conciliar o país nos
inúmeros conflitos.
Em 3 de
dezembro de 1959, em Aragarças eclode uma nova rebelião, com a participação de
dez oficiais da Aeronáutica, três do Exército e alguns civis mais radicais
ligados às ideias de Carlos Lacerda. Os rebeldes denunciavam "a
conspiração comunista em marcha", que seria inspirada pelo governador do
Rio Grande do Sul Leonel Brizola. Iniciou-se com o sequestro do primeiro avião
brasileiro, do modelo Constellation da empresa Panair. Em 36 horas, o movimento
foi debelado através da conciliação e anistia aos rebeldes.
Corrupção
JK também foi
acusado diversas vezes de corrupção. As acusações vinham desde os tempos em que
ele era governador, e se intensificaram no período em que ele foi presidente.
As denúncias se multiplicaram por conta da construção de Brasília: havia sérios
indícios de superfaturamento das obras e favorecimento a empreiteiros ligados
ao grupo político de Juscelino. Outro caso rumoroso foi o da empresa aérea
Panair do Brasil, pertencente a amigos de JK, que foi acusada de possuir um
monopólio do transporte de pessoas e materiais enviados para a construção de
Brasília. Durante a construção de Brasília, como a BR-050 ainda não estava
pronta, grande parte dos materiais e equipamentos utilizados na obra eram
transportados por aviões.
A imprensa
chegou a dizer que JK teria a sétima maior fortuna do mundo, o que nunca foi
provado. Durante a campanha eleitoral de 1960, para a escolha de seu sucessor,
as denúncias de corrupção contra JK foram amplamente exploradas pelo candidato
Jânio Quadros que prometia "varrer a corrupção" do governo de JK. JK
respondeu a inquérito policial militar (IPM) durante o regime militar, acusado
de corrupção e de ter apoio dos comunistas.
A Panair do
Brasil foi depois perseguida e levada à falência pelo regime militar.
Quando de sua
morte, porém, o seu inventário de bens mostrou um patrimônio modesto, tendo sua
filha Márcia precisado vender um apartamento para financiar sua campanha eleitoral
à Câmara dos Deputados.
Espiritismo
Há relatos
dando conta de que o presidente Juscelino enviava perguntas ao médium Chico
Xavier pedindo conselhos sobre problemas enfrentados durante a construção de
Brasília.
Concedeu
indulto ao médium José Pedro de Freitas, o "José Arigó", ou "Zé
Arigó", que fora preso acusado de exercício ilegal da medicina. Existem
relatos de que JK fazia parte da Maçonaria, informação esta nunca confirmada
pela maçonaria brasileira.
A eleição do sucessor de JK
As eleições
de 3 de outubro de 1960 foram vencidas pelo candidato oposicionista Jânio
Quadros, ex-governador de São Paulo apoiado pela UDN. Jânio obteve 48% dos
votos válidos, em um total de quase 6 milhões de votos, a maior votação nominal
obtida por um político brasileiro até então. Juscelino apoiou o marechal
Henrique Lott, seu ministro da guerra (morto em 19 de maio de 1984) e que havia
garantido a posse de JK em 1955. Lott era o candidato a presidente pela aliança
PSD-PTB que tinha João Goulart candidato a reeleição como vice-presidente da
república. A disputa entre Jânio e Lott foi chamada de A Campanha da Vassoura
contra a Espada. Ademar de Barros, novamente candidato, definiu-se como "A
candidatura de protesto", e obteve o terceiro lugar. João Goulart foi
reeleito vice-presidente da república.
Ao passar a
faixa presidencial para Jânio Quadros, em 31 de janeiro de 1961, Juscelino
tornou-se o primeiro presidente civil desde Artur Bernardes, eleito pelo voto
direto, que iniciou e concluiu seu mandato dentro do prazo determinado pela
Constituição Federal. Após JK, o primeiro presidente civil, eleito pelo voto
direto, a cumprir integralmente seu mandato foi Fernando Henrique Cardoso.
Anos Dourados
Após a
retomada da democracia no Brasil em 1945, Juscelino Kubitschek e sua atuação
como governador de Minas Gerais e na Presidência da República, foram
referências para o Brasil entre os anos de 1951 e 1961. A era JK estava em todo
canto, nos chamados "Anos Dourados". Ao longo da década de 1950, a
economia brasileira foi industrializada rapidamente, passando de rural a
urbana.
Nessa época
foram se popularizando os eletrodomésticos, que prometiam facilitar a vida do
lar. Eram de todos os tipos, desde enceradeiras até aspiradores de pó, carros,
televisores, o rádio e os toca-discos portáteis e o disco de vinil. Foram
criados os objetos de plástico e fibra sintética, além de casas com mobílias
com menos adornos.
Este estilo
de vida foi criado nos Estados Unidos e recebeu o nome de "American Way of
Life", (estilo de vida americano), e, por conta da influência
norte-americana durante e após a Segunda Guerra Mundial, se espalhou pelo
mundo.
Enquanto tudo
isso se consolidava, os meios de comunicações e de diversões se ampliavam. Eram
emissoras de rádios que através das ondas curtas chegavam grande parte do
interior do Brasil, revistas como Seleções e O Cruzeiro, jornais, radionovelas,
o teatro de revista, programas radiofônicos de musicais e os humorísticos, o
radiojornal Repórter Esso e as comédias e as chanchadas da Atlântida
Cinematográfica do Rio de Janeiro. O cinema brasileiro teve sua fase dourada,
nos anos 1950, com a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, de São Paulo, e a
premiação do filme O Cangaceiro, no exterior, em 1953.
Os teatros,
rádios, especialmente a Rádio Nacional, radionovelas, radiojornais, teleteatros
e telejornais na televisão que já atingia a maioria das capitais brasileiras,
tinham mais audiência que nunca. Em 1958, a música popular brasileira é sucesso
no exterior, especialmente a Bossa Nova, criada naquela época, e com sucessos
como "Chega de Saudade" de Vinicius de Moraes.
O
salário-mínimo, em 1959, em termos reais, descontado a inflação, ou seja, em
valores reais, é considerado o mais alto da história do Brasil.
Após a presidência
JK teve os
direitos políticos cassados em 8 de junho de 1964.
Em janeiro de
1960, pouco antes de deixar a presidência, JK deixou uma mensagem de
agradecimento ao professor José Antero de Carvalho, na qual resume sua visão
sobre seu governo e seu futuro político. A carta tinha o seguinte teor:
Sinto-me
satisfeito em poder proclamar que, na presidência da república, não faltei a um
só dos compromissos que assumi como candidato. Mercê de Deus, em muitos setores
realizei além do que prometi, fazendo o Brasil avançar, pelo menos,cinquenta
anos de progresso em cinco anos de governo. Pude ainda, através da operação
Pan-Americana, despertar as esperanças e energias dos povos americanos para o
objetivo comum de combater o sub-desenvolvimento. E todo este esforço culminou
no cumprimento da meta democrática, quando o nosso país apresentou ao mundo um
admirável espetáculo de educação política, que me permite encerrar o mandato,
num clima de paz, de ordem, de prosperidade e de respeito a todas as
prerrogativas constitucionais. Sejam quais forem os rumos de minha vida
pública, levarei comigo, ao deixar o honroso posto que me confiou a vontade
popular, o firme propósito de continuar servindo ao Brasil com a mesma fé, o
mesmo entusiasmo e a mesma confiança nos seus altos destinos!
— Juscelino Kubitschek
Juscelino foi
eleito senador pelo estado de Goiás em 1962. Juscelino desejava concorrer
novamente à Presidência da República, nas eleições marcadas para 3 de outubro
de 1965. Sua pré-campanha eleitoral foi chamada de "JK-65: A vez da
agricultura". A candidatura de JK foi lançada, pelo PSD, em 20 de março de
1964. Os outros pré-candidatos eram Carlos Lacerda, Leonel Brizola e Jânio
Quadros. Estas candidaturas foram abortadas pelo golpe militar de 1964, também
chamado de Revolução de 1964, iniciada em 31 de março de 1964.
Em 11 de
abril de 1964, o Congresso Nacional elegeu o general Castelo Branco presidente
da república e o antigo amigo de Juscelino, do tempo do seminário em
Diamantina, José Maria Alkmin, como vice-presidente da república. Juscelino, na
condição de senador por Goiás, votou em Castelo Branco e em Alkimin.
Acusado de
corrupção e de ser apoiado pelos comunistas, teve os direitos políticos
cassados, em 8 de junho de 1964, perdendo o mandato de senador por Goiás. A
partir de então passou a percorrer cidades dos Estados Unidos e da Europa, em
um exílio voluntário.
Voltou ao
Brasil, logo depois das eleições de 3 de outubro de 1965, na qual dois aliados
de JK e adversários do governo Castelo Branco, (Francisco Negrão de Lima e
Israel Pinheiro da Silva), venceram as eleições para governador na Guanabara e
em Minas Gerais, porém JK permaneceu pouco no Brasil, logo voltando para o
exílio. Após esse segundo exílio voluntário, regressou definitivamente, ao
Brasil, em 1967.
Posteriormente,
tentou articular, em 1967, a Frente Ampla de oposição ao regime militar,
juntamente com o ex-presidente João Goulart e o ex-governador da Guanabara,
Carlos Lacerda, este último seu antigo adversário político.
JK pretendeu
voltar para a vida política, depois de passados os 10 anos que duravam as
cassações de direitos políticos. Para dissuadi-lo, os militares usaram os
fantasmas das denúncias de corrupção, buscando desmoralizá-lo politicamente.
Eles ameaçavam levar as investigações adiante caso Juscelino tentasse voltar à
cena política.
Apesar dos
fortes indícios de corrupção e da pressão de alguns segmentos políticos e da
opinião pública da época, JK nunca chegou a responder formalmente à Justiça
pelas acusações de corrupção, porém respondeu aos IPM, inquéritos policiais
militares.
Um ano antes
de sua morte, seu nome ainda era proibido na televisão brasileira. Assim, a
telenovela Escalada, exibida em 1975, pela Rede Globo, na qual era tratado o
tema da construção de Brasília, não pode mencionar o seu nome. O recurso usado
pelo autor Lauro César Muniz foi mostrar os personagens assoviando a música
"Peixe-Vivo" que identificava JK.
Morte
Faleceu em 22 de agosto
de1976, em um desastre automobilístico em que também perdeu a vida seu motorista e amigo
Geraldo Ribeiro no antigo quilômetro 165 (atual quilômetro 328) da Rodovia
Presidente Dutra, em um automóvel Chevrolet Opala,76 na altura da cidade
fluminense de Resende, no qual o veículo onde ele estava, colidiu violentamente
com uma carreta carregada de gesso. Até hoje, o local do acidente é conhecido
como "Curva do JK", antes conhecido como " Curva do
Açougue". Mais de 300 mil pessoas assistiram ao seu funeral em Brasília,
onde a multidão cantou a música que o identificava: Peixe Vivo. Seus restos
mortais repousam no Memorial JK, construído em 1981, na capital federal do Brasil,
Brasília, por ele fundada.
Em 1996, seu
corpo foi exumado, para se esclarecer a causa de sua morte, levantando-se
novamente a polêmica sobre o caso. O laudo oficial da exumação concluiu que foi
apenas um acidente de trânsito, sendo tal laudo contestado pelo secretário
particular de JK, Serafim Jardim, no livro "JK, onde está a verdade".
Em 2012, a
Comissão Nacional da Verdade que analisa os crimes políticos ocorridos entre
1946 e 1988, decidiu analisar o inquérito sobre a morte de Juscelino.
Vida pessoal
Após quase
doze anos de casamento com Sarah, nasceu em 22 de outubro de 1943 sua primeira
filha Márcia Kubitschek. Na época, JK queria um menino. Em 1947, numa viagem a
Belo Horizonte, Juscelino e sua esposa adotaram uma criança com quatro anos de
idade, esta seria chamada de Maria Estela Kubitschek.
Representações na cultura e homenagens
A vida e
carreira política de Juscelino Kubitschek foi tema de muitos livros, e, de 3 de
janeiro até 24 de março de 2006, foi contada através de uma minissérie da Rede
Globo intitulada "JK".
Juscelino
Kubitschek foi retratado como personagem no cinema,teatro e na televisão,
interpretado por José de Abreu no filme "Bela Noite para Voar"
(2005), e José Wilker e Wagner Moura na minissérie de televisão "JK"
em 2006.No teatro foi interpretado pelo ator John Vaz no espetáculo " JK
1902 - 2002" no Museu da República RJ em comemoração aos 100 anos de JK
Teve sua
efígie impressa nas notas de Cz$ 100,00 (cem cruzados) de 1986, e teve sua
efígie cunhada no verso das moedas de 1 real, lançadas em 2002, no Brasil,
comemorativas do centenário de seu nascimento.
Foi criada a
"Comenda JK", também conhecida como a "Jóia de JK"
(cravejada com 22 rubis e 5 esmeraldas) durante as comemorações de seus 100
anos. No Palácio da Alvorada, o presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu a
primeira peça das mãos de uma das filha de JK, e do Comendador Regino Barros,
Grão Mestre da Soberana Ordem do Mérito do Empreendedor JK, e presidente do
CICESP, Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo, considerada a
mais alta condecoração empresarial brasileira.
A Rodovia
Juscelino Kubitschek que liga Brasília à cidade Rio de Janeiro, o Aeroporto
Internacional de Brasília, a Rodovia Presidente Juscelino Kubitschek que
compreende o trecho da BR-020 entre Formosa e Fortaleza, e as cidades de
Presidente Juscelino (Minas Gerais) e Presidente Juscelino (Maranhão) foram
nomeadas em sua homenagem.
Qual
seria o futuro se o ceticismo predominasse? Do chão de uma fábrica nasceu um
presidente. É a evidência da semeadura generosa promovida pelo desassombro de
JK.
— Lula, elogiando
Juscelino na comemoração dos seus 106 anos
Quando estava
em Portugal durante a viagem internacional a 22 de janeiro de 1956, recebeu a 3
de Fevereiro desse ano a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor,
Lealdade e Mérito, tendo recebido também a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens a
30 de Julho de 1957 e o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique a 20 de
Outubro de 1960.