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Kulārṇava Tantra – Ullāsa 15

कुलार्णव तन्त्रम्
KULĀRṆAVA TANTRAM
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पञ्चदश उल्लासः
pañcadaśa ullāsaḥ

Décimo-Quinto Ullāsa
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Tradução para o Português a partir
do estudo das Obras em Sânscrito com comentários para o Inglês por: 

Sir John Woodroffe,
M. P Pandit,
Prachya Prakshan &
Ram Kumar Rai
 गुरवे नमः
Oṁ Gurave Namaḥ 
Traduzido para o Português por:
... uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahadeva ...
Karen de Witt
2012/2013
© Todos os direitos reservados.
O livro está disponível para leitura on-line, mas não pode ser comercializado.
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Śrī Devi disse:

15:1 – Oh Kuleśa ! Eu quero ouvir sobre as características do Puraścaraṇa. Oh Parameśvara ! também Me fale sobre as diferenças dos locais e dos alimentos.

Īśvara disse:

15:2 – Ouça, Oh Devi ! Estou falando o que Você me perguntou. Por meramente ouvir isto a Verdade dos Mantras brilha adiante.

Superioridade do Japa

15:3 – Não há Yajña mais elevado do que Japa-Yajña neste mundo; portanto, deve-se alcançar a frutificação do Dharma, Artha, Kāma e Mokṣa através de Japa.
15:4 – Deixando todos os outros meios, deve-se buscar refúgio no Japa do Mantra. Se nesse refúgio não existir mácula, certamente ele produzirá sucesso; mas se ele for maculado pelas faltas, então seus frutos serão inauspiciosos.
15:5 – Japa é um doador auspicioso de alegria, salvação e auto realização desejada. Portanto, Oh Devi ! Yoga de Japa e Dhyāna devem ser praticados.
15:6 – Oh Minha Amada ! todas as máculas devidas às transgressões das regras, de Jīva a Brahman, conhecidas ou desconhecidas, são limpas por meio do Japa.
15:7 – Deve-se desejar a realização neste mundo carregado de infelicidades fazendo Japa do Mantra de acordo com os Cinco Membros da Upāsanā e isto proporcionará as devidas felicidades.

Cinco membros do Puraścaraṇa

15:8 – Diariamente a Pūjā nas três horas prescritas – de manhã, ao meio dia e ao entardecer (as três junções); Japa regular, Tarpaṇa (oferecimento de água nas libações), Homa e alimentação dos Brahmaṇes são os cinco tipos da Upāsanā chamado de Puraścaraṇa.
15:9-10 – Se qualquer um desses membros são perdidos, deve-se fazer para eles, sem dúvida, um número de japas como prescrito. No caso de fraquezas da parte do Sādhaka, ele deve, para a realização destes membros, realizar com devoção o dobro, o triplo, o quádruplo ou até mesmo o quíntuplo número de membros que faltou; porque devido à falta desses membros, os frutos desejados não são alcançados.
15:11 – Caso contrário, se os Brahmaṇes estiverem bem alimentados com arroz dos quatro tipos e outros itens cheios dos cinco néctares, tudo será realizado.
15:12 – Oh Kuleśvarī ! se por Sua Graça o sucesso é realizado mesmo um Mantra através dos cinco membros da Upāsanā, então todos os Mantras produzirão seus frutos.
15:13 – Os Mantras frutificam com base na potencia da Instrução, da Graça de Śrī Guru e da fé do devoto na frutificação do poder do Mantra em si mesmo.
15:14 – Sucesso é realizado rapidamente através do Mantra recebido de um perfeito Guru, ou devido à sua prática em vidas passadas.
15:15 – Oh Kuleśānī ! o Mantra que é recebido na forma prescrita de uma Tradição, através de iniciação, torna-se indubitavelmente pleno de sucesso.

Japa de um Mantra conjunto com Bhūta-lipi

15:16 – Realizando mil Japas na ordem direta e inversa de um Mantra, em conjunto com as letras do alfabeto, ele frutifica.
15:17 – Juntando um Mantra com as sessenta e três Mātṛkā-Varṇas e, em seguida, realizando seu Japa, iniciando com 108 e, gradualmente, aumentando este número para 1.000 (mil) Japas, o Mantra frutifica rapidamente.
15:18 – Por meramente fazer o Japa da Mātṛkā, Japa de milhões e milhões de Mantras é automaticamente realizado, porque todos os Mantras têm sua origem a partir das Mātṛkās. Não há dúvida sobre isto.
15:19 – Inumeráveis sãos os Mantras que agitam a mente; mas somente aquele Mantra dá a realização que é recebida através da graça do Guru.

Mantras recebidos impropriamente são injuriosos

15:20 – Japa de um Mantra ouvido por chance ou visto por  engano ou escolhido de uma folha de papel somente pode levar ao desastre.
15:21 – Aqueles que, vendo Mantras escritos em livros, praticam seus Japas, cometem pecado equivalente a de um Brahmanicida, resultando em doença e miséria.

Locais agradáveis e proibidos para o Puraścarana

15:22-24 – Locais Sagrados, bancos de um rio, caverna, o pico de uma montanha, local de peregrinação, afluência de rios, florestas sagradas, jardins vazios, raiz de uma árvore Bilva (Agle Marmelos), o declive de uma montanha, templo de uma divindade, a costa do mar e a própria casa da pessoa – estes são os locais louvados para a Sādhanā de um Mantra. Ou se deve escolher outro lugar onde se sente contente.
15:25 – O Japa é mais frutificante quando realizado nas proximidades do Sol, do fogo, do Guru, da Lua, da lâmpada, água, vaca, de uma família de Brahmaṇes, ou de uma árvore.
15:26 – O fruto do Japa é cem vezes quando realizado na própria casa, um milhão de vezes quando realizado em uma habitação de vaca; um bilhão de vezes quando realizado em um templo de uma divindade; e infinito quando realizado na imediata presença de Śiva.
15:27-28 – Deve-se realizar Japa em um local livre de bárbaros, maldades, feras, suspeição da existência de serpentes etc., e medo; mas o qual pode ser solitário, santo, livre de sofismas, religioso, em si mesmo, correto, opulento, charmosos, não perturbado e onde habita outros ascetas.
15:29-30 – O conhecedor do Mantra não deve residir onde os reis se movem, os ministros, os oficiais e nobres. Nem deve viver em locais de templos em ruinas, jardins, casas, árvores, rios, tanques, poços e cavidades de terra.

Adoração do Senhor da Luz é necessário

15:31 – Se alguém realiza Japa ou Pūjā sem primeiro oferecer ao Guru, que detém a Luz, então ele rouba o fruto e todos os esforços do Sādhaka são em vão.

Assentos aceitáveis e rejeitáveis

15:32 – O sábio deve rejeitar o assento feito de bambu, pedra, terra, madeira, grama ou brotos; tais assentos trazem pobreza, doença e miséria.
15:33 – Um assento feito de algodão, lã, tecido, pele de leão, tigre ou veado traz boa fortuna.
15:34 – Sentando em Padmāsana, Svastikāsana ou Vīrāsana, o Sādhaka deve realizar seu Japa e Pūjā; caso contrario, seus esforços serão infrutíferos.

Método de Prāṇāyāma e seus frutos

15:35 – Realizando mentalmente doze vezes o Japa do Praṇava (Oṁ) de três Mātrās, deve-se exalar o ar através da narina direita (Piṅgalā) – isto é chamado Recaka (exalação).
15:36 – Repetindo dezesseis vezes o Tāra (Oṁ, Praṇava), deve-se inalar através da narina esquerda (Iḍā) – isto é chamado de Pūraka (inalação).
15:37 – Em seguida, repetindo o Praṇava doze vezes, o ar deve ser retido – isto é chamado Kumbhaka (retenção). Então, ele deve secar o corpo com o Vāyu-Bīja Yaṁ. Esta é a retirada das impurezas do corpo.
15:38 – Novamente, da mesma forma, ele deve exalar, inalar e realizar Kumbhaka; em seguida, queimar o corpo com o Agni-Bīja Raṁ. Isto é chamado de queimar as impurezas do corpo.
15:39 – Em seguida, novamente ele exala o ar, inala e realiza Kumbhaka. Portanto, ele deve banhar o corpo dos pés à cabeça com o néctar produzido da união de Kuṇḍalinī e Śiva. Isto é chamado banho (Plāvana) do corpo.
15:40 – Um Prāṇāyāma desprovido de Japa e Dhyāna é chamado de Agarbha (estéril) e ele é oposto a Sagarbha (com fruto). Em comparação ao Prāṇāyāma Agarbha e Sagarbha, este último é cem vezes mais frutífero.
15:41 – Austeridades, peregrinações, sacrifícios, caridades, observâncias não são meritórios nem mesmo por uma fração de um décimo sexto do que é um Prāṇāyāma.
15:42 – Oh Śive ! todos os pecados, quer sejam os mentais, verbais ou físicos, são rapidamente queimados somente em três Prāṇāyāmas.
15:43 – Assim como a impureza do metal é retirado quando ele é aquecido, assim também os pecados dos sentidos são queimados pelo controle do Prāṇa.
15:44 – Quer as ações tenham sido realizadas por quem é purificado pelo Prāṇāyāma, elas todas frutificam, sem dúvida, mesmo se feitas sem esforço.

Mantra-Japa somente com Nyāsa

15:45 – Quem faz esta prática regularmente, conforme as direções no Āgama, alcança o estado da Divindade e adquire perfeição no Mantra.
15:46 – Oh Minha Amada ! vendo quem realiza Japa do Mantra como prescrito com Nyāsa, Kavaca e Chandas, as obstruções fogem como elefantes quando avistam um leão.
15:47 – Mas se algum tolo faz o Mantra-Japa sem tomar as precauções de Nyāsa etc., ele é assediado por todas as obstruções como um jovem veado é pelo tigre.

Dois tipos de Akṣamālās e o fruto do Japa neles

15:48 – Akṣa-Mālās são de dois tipos – 1. Imaginado; e 2. Não imaginado. O imaginado é feito de joias e o não imaginado é feito de Mātṛkās.
15:49 – Sendo constituído dos alfabetos de A a Kṣa, ele é chamado de Akṣa-Mālā. O conhecedor do Mantra deve contar o número de Japas tanto na ordem direta quanto na ordem inversa.
15:50 – Contando o número de Japas nos dedos, isso produz fruto somente uma vez; contando pelas linhas desenhadas, produz frutos dez vezes; contando pelas joias, produz frutos centenas de milhares de vezes; e contando em Māṇikya, produz frutos infinitos números de vezes.
15:51 – Com um rosário de 30 peças, obtém-se riqueza; com aquele de 27 peças, obtém-se saúde; com aquele de 24 peças; obtém-se a Liberação; e com aquele de 15 peças, alcança-se a frutificação de encantos. E, Oh Kuleśāni ! com um rosário de 50 peças, obtém-se todas as frutificações.

Regras para o uso dos dedos no Japa

15:52 – A Liberação é obtida ao se usar o polegar; a destruição do inimigo, usando o primeiro dedo (indicador); a riqueza, usando o dedo mediano; o sucesso nos rituais de pacificação, com o terceiro dedo (anelar); a imobilização pelo dedo mínimo; e a atração pelo uso de todos os dedos.
15:53 – Tomando o voto de realizar um número determinado de Japa, o conhecedor de Mantras deve se sentar em um assento estável e realizar Japa. Em seguida, ele deve oferecer o fruto do Japa com água para a Devi.

Três tipos de Mantra-Japa

15:54 – Japa feito em voz alta é o mais inferior; Japa feito em tons baixos (Upāṁśu) é o mediano; e, Oh Devi ! o Japa feito mentalmente (Mānasa) é o melhor. Assim os Japas são de três tipos.
15:55 – Se a repetição é também cortada, isso causa doença; se também demorada, isto causa decadência de tapas; e quando as letras são pronunciadas indistintamente e difíceis em cada Mantra, ele não frutifica totalmente.
15:56 – A lembrança mental do Stotra e a repetição do Mantra verbalmente são ambos inúteis assim como a água em um vaso quebrado.



Mantra livre de duas impurezas por si só dá frutos

15:57 – Um Mantra em seu início implica na impureza do nascimento e no final na impureza da morte. Associado com estas duas impurezas um Mantra não frutifica.
15:58 – Portanto, deve-se remover estas impurezas do Mantra antes de realizar seu Japa porque ao retirar suas impurezas antes de fazer seu Japa e repetido mentalmente o Mantra se torna plenamente frutífero.

Os Mantras são infrutíferos sem o conhecimento de seus significados

15:59 – Se alguém não conhece o significado do Mantra, a Consciência do Mantra e a Yoni-Mudrā, então mesmo com centenas de crores (1 crore é equivalente a dez milhões) de seu Japa não leva ao sucesso.

Os Mantras desprovidos de sua potencia são infrutíferos

15:60 – Mantras cuja potência está adormecida não produz qualquer fruto. Mantras vivos com seus poderes conscientes por si só são plenamente frutíferos.
15:61 – Abandonado de sua Consciência, o Mantra permanece como uma mera coleção de letras. Até mesmo milhões de repetições de tais Mantras não produzem frutos.
15:62 – A Verdade que se manifesta quando o Mantra é assim articulado apropriadamente é que vale a pena o fruto de centenas, milhares, milhões e bilhões de repetições.
15:63-64 – Quando um Mantra vivo com Consciência é articulado (pronunciado) até mesmo uma vez, os nós do coração e da garganta estouram, todos os membros crescem, lágrimas de alegria rolam dos olhos, ocorre arrepios, o corpo é intoxicado e o discurso se torna trêmulo. Quando tais sinais surgem, pode estar certo de que o Mantra foi transmitido por Tradição.

60 defeitos dos Mantras

15:65-69 – Defeitos dos Mantras – 1. Ruddha (obstruído); 2. Kūṭākṣara (astuciosamente formulado); 3. Mugdha (aturdido), 4. Baddha (amarrado); 5. Kruddha (com raiva); 6. Bhedita (perfurado); 7. Bāla (infantil); 8. Kumāra (adolescente); 9. Yuvaka (jovem); 10. Prauḍha (maduro); 11. Vṛddha (velho); 12. Garvita (orgulhoso); 13. Stambhita (imobilizado); 14. Mūrchita (desmaiando); 15. Matta (intoxicado); 16. Kīlita (empalado); 17. Khaṇḍita (quebrado); 18. Śaṭha (maligno); 19. Manda (lento); 20. Parāṅgamukha (inverso); 21. Chinna (disperso); 22. Badhira (surdo); 23. Andha (cego); 24. Acetana (inconsciente); 25. Kiṁkara (servo); 26. Kṣudhita (faminto); 27. Stabdha (paralisado); 28. Sthānabhraṣṭa (caído de seu lugar); 29. Pīdita (afligido); 30. Niḥsneha (sem afeição); 31. Vikala (mutilado); 32. Dhvasta (destruído); 33. Nirjīva (sem vida); 34. Khaṇḍitārika (contestado); 35. Supta (adormecido); 36. Tiraskṛta (injuriado); 37. Nīca (inferior); 38. Malina (enfraquecido); 39. Durāsada (perigoso de se aproximar); 40. Niḥsattva (sem essência); 41. Nirjita (conquistado); 42. Dagdha (queimado); 43. Capala (astuto); 44. Bhayaṅkara (horrível); 45. Nistriṁśa (derrubado?); 46. Nindita (censurado); 47. Krūra (cruel); 48. Phalahīna (infrutífero); 49. Nikṛntana (dilacerado); 50. Bhramita (iludido); 51. Śapta (amaldiçoado); 52. Rugṇa (doente); 53. Kaṣṭa (perturbado); 54. Aṅgahīna (desprovido de algum membro); 55. Jaḍa (entorpecido); 56. Ripu (inimigo); 57. Udāsīna (apático); 58. Lajjita (envergonhado); 59. Mohita (enfeitiçado); e 60. Alasa (indolente).
15:70 – Para quem faz Japa sem conhecer estes defeitos, não há realização mesmo com milhões e bilhões de Japa.

10 ritos purificatórios dos Mantras

15:71-72 – Oh Minha Amada ! existem dez processos para a erradicação dos defeitos dos Mantras como são descritos – 1. Janana (dando nascimento; 2. Jīvana (dando vida); 3. Tāḍana (para causar impressão, presença etc); 4. Bodhana (tornando consciente); 5. Abhiṣeka (consagração); 6. Vimalīkaraṇa (limpeza das impurezas); 7. Āpyāyana (satisfazendo); 8. Tarpaṇa (libação); 9. Dīpana (iluminando); e 10. Gupti (cobrindo com proteção). Estes são, Oh Kulanāyike ! os rituais de purificação.
15:73 –  Assim como as armas friccionadas sobre a pedra ficam afiadas, assim os Mantras submetidos a estes dez processos adquirem potência.

Regras relacionadas aos alimentos etc., durante o período do Puraścaraṇa

15:74 – Os Mantras Sādhakas devem comer somente vegetais, frutos, raízes, cevadas e oferecimentos como prescritos.
15:75 – Se um Sādhaka nutre o seu corpo por alimento e bebidas de outra pessoa, então metade do mérito adquirido por ele vai para o doador do alimento. Não há dúvida disto.
15:76 – Portanto, uma pessoa inteligente deve, como todos os seus esforços, desprover-se da comida de outras pessoas durante o período de realização de rituais para resultados desejados.
15:77 – Por isso se diz que a língua é queimada pelo alimento de outros; a mão é queimada pela aceitação (de alimento) de outros; a mente é queimada pelo pensamento de outra mulher; como então pode haver sucesso no esforço?

Características de Siddha etc., Cakras

1. Akathaha Cakra 1
15:78-80 – Estes Ślokas são escritos em um código de linguagem e indicam o Akathaha Cakra usado para a determinação da qualidade do Mantra que irá frutificar para um Sādhaka em específico. Os nomes Indra etc., dados nos Ślokas, na verdade indicam os números a serem colocados nas várias casas do Cakra. Por exemplo – Indra (1); Agni (3); Rudra (11); Graha (9); Dṛk (2); Veda (4); Arka (12); Dik (10); Śaḍa (6); Aṣṭa (8); Ṣoḍaṣa (16); Manu (140; Bāna (5); Abdhi (7); Tithi (15), Trayodaśa (13). Estes números devem ser colocados, cada um, nas dezesseis casas do Cakra. Em seguida, todas as letras do alfabeto devem também ser colocados nas várias casas como mostrado no Cakra a partir do qual deve ser determinado a categoria do Mantra, quer ele seja Siddha, Sādhya, Susiddha;  ou Ari.
15:81-85 – Sidha-Sidha Mantra providencia a frutificação do Japa; Siddha-Sādhya providencia a frutificação do Japa após dobrar o número usualmente requerido; Siddha-Susiddha providencia a frutificação pela metade do número de Japas daquele prescrito. Japa de Siddha-Ari destrói amigos e parentes. Sādhya-Siddha providencia a frutificação com um pouco de dificuldade; Japa de Sādhya-Sādhya Mantra é infrutífero; Japa de Sādhya-Susiddha frutifica ao cantar sons devocionais; e o Japa de Sādhya-Ari Mantra destrói os descendentes. Susiddha-Siddha Mantra providencia a frutificação na metade do número prescrito para o Japa; Susiddha-Sādhya frutifica com o número prescrito de Japas; Susiddha-Susiddha frutifica por sua mera adoção; e Susiddha-Ari destrói a própria família;  Ari-Siddha destrói os filhos (homens); Ari-Sādhya destrói a esposa; Ari-Susiddha destrói o clã; e Ari-Ari destrói o próprio Ātmā do Sādhaka. Assim os Siddha-Mantras são considerados Bāndhava (membros da família), os Sādhya-Mantras são os empregados, os Susiddha-Mantras são os nutridores e os Ari-Mantras são assassinos.
2. Akaḍama Cakra 2
15:86 – Este Śloka novamente foi escrito em código de linguagem, significando o Akaḍama Cakra (veja tabela abaixo). As palavras nava-bāṇa-eka do Śloka significa Nava, ou nove; bāṇa significando quinto; e eka significando as primeiras casas do Cakra. As palavras Dviṣaḍdaśa do Śloka significando o Dvi para segundo; Ṣada para seis e Daśa para as casas de número dez. As palavras Vahni-Rudra-Munis significando Vahni ou Agni como terceiro; Rudra como o número onze; e Munis como as casas de número 7 do Cakra. Semelhantemente as palavras Dvādaśa-Aṣṭaka-Catura significa Dvādaśa ou a décima-segunda; Aṣṭaka ou a oitava; e Catura como as quartas casas do Cakra. O Bāndhava, Sevaka, Poṣaka e Ghātaka etc., das palavras significando como antes. Agora, o número das casas para os Sidha-Mantras são 9, 5, 1. O número das casas para Sādhya-Mantras são 2, 6, 10. O número de casas para Susiddha-Mantras são 3, 11, 7; e o número de casas para Ari-Mantras são 12, 8, 4.
3. Nakṣatra Cakra 3
15:87a – Neste Śloka o Nakṣatra Cakra foi descrito em todas as vinte e sete constelações, começando de  Āśvinī até Revatī, todos foram colocados em diferentes casas. Os alfabetos colocados ao lado nas casas foram novamente descritos em código de linguagem, como se segue4:


Prāpa
P
R
A
P
A



Lobhā
L
O
BH
A




2

1







3
4


Paṭu
P
A
T
U




Prāhyaṁ
P
R
A
H
Y
AM

1

1






2


1


Rudrasya
R
U
D
R
A
S
Y
A
Adri
A
D
R
I




2


2


1




2


Ruruḥ
R
U
R
U
H



Karaṁ
K
A
R
AM



2

2







1

2


Loka
L
O
K
A




Lopa
L
O
P
A



3

1








3
1


Paṭuḥ
P
A
T
U
H



Prāyaḥ
P
R
A
Y
A
H

1

1







1

1


Khalogho
KH
A
L
O
GH
O










2

3

4













Īśvara disse:

15:87b – Oh Minha Amada ! assim, de A a Kṣa todas as letras do alfabeto devem ser colocadas nas casas do Cakra indicados de Āśvinī a Revatī, as 27 constelações (os Nakṣatras), em suas ordens, colocando (verticalmente nesta sequencia) 2, 1, 3, 4, 1, 1, 2, 1, 2, 2, 1, 2, 2, 2, 1, 2, 3, 1, 3, 1, 1, 1, 1, 1, 2, 3, 4, respectivamente, da primeira à última casa na ordem dada dos alfabetos. A exceção é aquela na última casa de Revatī, as 4 letras a serem colocadas La, Kṣa, Aṁ, Aḥ.

15:88 – Janma3, Saṁpad, Vipat, Kṣema, Pratyari, Sādhaka, Vadha, Mitra e Parama Mitra são os nove nomes qualitativos dados aos Nakṣatras. Deve-se contar do Nakṣatra de nascimento de um Sādhaka ao Nakṣatra de um Mantra e encontrar as qualidades do Mantra.

15:89 – Neste Śloka, o número de letras a ser colocado nas 12 casas de Meṣa a Mīna, os signos do zodíaco, foram dados em um código de linguagem. Aqui as letras dos Ślokas significam, como se segue – Bā (4), Laṁ (3), Gau (3) Raṁ (2), Khu (2), Raṁ (2), Śo (5), Naṁ (5), Śa (5), Mī (5), Śo (5), Bha (4). Agora, a partir de Meṣa, nas 12 casas deste Rāśi Cakra o número das letras deve ser colocado como acima, respectivamente. Existe, contudo, algumas diferenças de opinião sobre a colocação das letras em algumas casas. Veja Śāradātilaka, VI.3; Bṛhattantrasāra, pg. 11, 10ª Edição).

15:90 – Os nomes dos doze signos de Meṣa (Áries) a Mīna (Peixes) são Lagna, Dhana, Bhrāṭr, Bandhu, Putra, Śatru, Kalatra, Maraṇa, Dharma, Karma, Āya e Vyaya, respectivamente.5

15:91 – O sábio no Rāśi Cakra deve começar contando a partir da casa de sua própria Rāśi6, ou seja, da casa no qual o alfabeto indicando a sua Rāśi, ou signo de nascimento, ocorre até à casa no qual a letra representando a Rāśi do Mantra é encontrada (a letra inicial do Mantra excetuando o Praṇava oṁ prefixado ao Mantra principal) . No caso de ser a própria Rāśi, então deve-se começar a contagem a partir da casa em que a primeira letra do nome da pessoa ocorre e proceder para a casa da letra que representa o Mantra Rāśi.

15:92-93 – Nestes Ślokas foram descritos o Ṛṇi-Dhanī Cakra7. Se, pela contagem deste Cakra, de acordo com a forma prescrita, o número (da letra inicial) do Mantra acontece de ser maior do que o número (da letra inicial do nome) do Sādhaka (chamado Sādhyāṅka), então o Mantra deve ser chamado Ṛṇi; e se menor, o Mantra deve ser chamado Dhanī. Em outras palavras, se o Sādhyāṅka for maior, então o Mantra é Dhanī, e se for menor o Mantra é Ṛṇi. Caso os dois valores sejam iguais, então o Mantra é chamado A-Ṛṇi (não Ṛṇi).

Iniciando da primeira letra do nome, deve-se prosseguir até a primeira letra do Mantra. O número obtido deve ser multiplicado por 3; em seguida, dividindo o múltiplo por 7 deve dar o número para o Sādhaka. Novamente, contando na ordem inversa da primeira letra do Mantra até a primeira letra do nome do Sādhaka, o número encontrado deve ser multiplicado por 3 e em seguida deve ser dividido por múltiplos de 7 e isto dará o número para o mantra. No caso do valor atribuído para o Sādhaka ser menor, então o Mantra é chamado Ṛṇi. a adoção de um Ṛṇi Mantra é auspiciosa.

15:94 – Neste Śloka o Kulākula Cakra8 foi descrito. Existem 50 letras no alfabeto. De Akāra a Kṣakāra, as 50 letras foram colocadas em cinco grupos, cada um dos grupos representando um elemento. Os grupos são como se segue abaixo:

Mārut ou Ar
A
Ā
E Ka Ca Ṭa Ta Pa Ya
Ṣa
Āgneya ou Fogo
I
Ī
Ai
Kha
Cha
Ṭha
Tha
Pha
Ra
Kṣa
Bhauma ou Terra
U
Ū
O
Ga
Ja
Ḍa
Da
Ba
La
La
Vāruṇya ou Água
Au
Gha
Jha
Ḍha
Dha
Bha
Va
Sa
Vyoma ou Céu
Lṛ
Lṝ
Ām
Ṅa
Ña
Ṇa
Na
Ma
Śa
Ha


15:95-96 – Existe amizade9 entre Terra e Água, e também entre Fogo e Ar; existe inimizade no inverso. O céu (éter) é amigo de todos os elementos. A adoção do Mantra onde o Mantrākṣara e o Sādhakākṣara se tornam um grupo de amigos é auspiciosa. Oh Kuleśvari ! os Mantras adotados a partir de um grupo o qual é inimigo do Sādhaka significa destruição. Portanto, tais Mantras devem ser evitados.




Mantras para os quais a consideração de Siddha etc., não são necessárias


15:97 – No caso do Ekākṣara10 Mantra, do Kūṭa Mantra, do Tripurā Mantra, Mantras dado por mulheres e Mantras obtidos em sonhos, não há, Oh Mantranāyike ! nenhuma necessidade de se considerar a sua validade (adequação) sobre os Cakras mencionados anteriormente11.
15:98 – Semelhantemente, Oh Deveśi ! no caso de Mantras dado por Siddhas, que se originam dos quatro Āmnāyas, e os Mālā Mantras também, em nenhum destes casos há necessidade de se considerar a sua validade.
15:99 – Não se deve considerar a validade para os Mantras de Nṛsiṁha, Sūrya, Vārāha, Prāsāda, Praṇava e Sapiṇḍākṣara.

Fatores que obstruem o sucesso no Japa

15:100 – Se a mente está em um lugar, Śiva em outro, Śakti em outro e o ar vital em outro, até mesmo um crore de Japa, Oh Varārohe ! será inútil.
15:101 – Se o aprendizado é adquirido por motivo de debate, Japa é feito por motivo de outro, a doação é feita por motivo de fama, como pode, Oh Varānane ! haver realização?
15:102 – Se a peregrinação é feita por motivo de riqueza, austeridades para exibição, adoração de uma divindade para propósitos egoístas, como pode haver realização?
15:103 – São eles tolos quem faz Nyāsa, Pūjā, Japa, Homa com um corpo impuro; todos os seus esforços são infrutíferos.
15:104 – Oh Minha Amada ! se o ritual é feito por quem é impuro devido a fezes, urina e outros resíduos, então todo o Japa e adoração etc., tornam-se impuros.
15:105 – Quem faz Japa com roupa suja, cabelos sujos, mau odor na boca ou no corpo, então a Divindade, tornando-Se desgostosa com ele, o queima em um instante.
15:106 – Deve-se evitar a preguiça, o bocejo, o sono, espirros, o cuspe, medo, toque nos membros inferiores e a raiva.
15:107 – O Mantra não tem êxito quando feito com excessiva comida, falando sem sentido, com fofoca, com rigidez de regras, apego a outro em uma inconstância.
15:108 – Não se deve realizar Japa com seu turbante, com manto, nu, com o cabelo desgrenhado, cercado por uma comitiva, com roupas sujas, ou enquanto impuro, ou enquanto caminhando.
15:109 – Deve-se evitar durante o Japa a inércia, a tristeza, atividades inúteis, imaginação livre e passagem de vento.

Condições condutivas para o sucesso no Japa

15:110 – Deve-se ser calmo, limpo, limitado na ingestão de alimento, dormir sobre o chão, devotado, em pleno controle, livre de dualidade, firme de mente, silencioso e auto controlado durante o Japa.
15:111 – Deve-se realizar Japa com confiança, convicção, compostura, fé, regularidade, certeza, contentamento, entusiasmo e qualidades semelhantes.
15:112 – O sucesso no Japa repousa nas mãos de um Sādhaka que está coberto com fragrância de flores, ornamentos e roupas. Para os outros não há sucesso nem mesmo com um milhão de Japas.
15:113 – Deve-se realizar Japa com devoção para o Mantra, com a vida dedicada a ele, com a mente centrada nele, inteiramente se doando a ele, seguindo os seus significados e meditando nele.
15:114 – Quando cansado pelo Japa, faça Dhyāna; cansado de Dhyāna, faça novamente Japa. Quem faz tanto Japa quanto Dhyāna, alcança sucesso nos Mantras muito rapidamente.
15:115 – Assim eu falei para Você, Oh Kuleśāni ! as características do Puraścaraṇa em brevidade. Agora, o que mais Você quer ouvir?


iti śrīkulārṇave nirvāṇamokṣadvāre mahārahasye
sarvāgamottamottame sapādalakṣagranthe pañcama-
khaṇḍe ūrdhvāmnāyatantre puraścaraṇādikathanaṁ
nāma pañcadaśa ullāsaḥ ||15||


____________________________________________


Nota da Tradutora para o Português sobre o Ullāsa 15. Todas as notas de Rodapé aqui anexadas foram formuladas com base nos tratados de Jyotiṣa e outros Śāstras Tântricos. A maior parte dos cálculos para adequação dos Mantras está de acordo com os ensinamentos do Kulārṇava Tantra e também com os do Mantra Mahodaddhi de Mahīdhara, mas como Astróloga Védica eu sigo os ensinamentos dos Śāstras em Astrologia Védica e semelhantes para adequação do Mantra, em conformidade com a primeira letra do Nome ou do Janma Nakṣatra, o Nakṣatra de nascimento, nesta última situação tendo o conhecimento da hora do nascimento e em conformidade com cada caso a ser aplicado.

1a. As tabelas abaixo, bem como a descrição dos efeitos dos Mantras, consultadas a partir do livro Vedic Remedies in Astrology, por Pandit Sanjay Rath, com base em pesquisa em outros Śāstras, bem como no Mantra  Mahodaddhi de Mahīdhara. Não há qualquer contradição entre as diversas fontes consultadas, embora algumas divergências quanto à afetação do Mantra diretamente sobre as pessoas próximas ao Sādhaka Mantriko. Ao contrário, um estudo mais acurado permitirá o claro entendimento do estudo do Mantra-Śāstra por diversas linhagens.

Tabela 1 – Akathaha Cakra – a tabela é semelhante aos Tratados em Jyotiṣa – nenhum comentário adicional.


A
B
C
D

I

1


2

3

4
a
ka
tha
ha
u
ṅa
pa
ā
kha
da
ū
cha
pha

II

5


6

7

8

o
ḍa 
ba
lṛ
jha
ma
au
ḍha
śa
lṝ
ña
ya

III

9


10

11

12

ī
gha
na
ja
bha
i
ga
dha
cha
va

IV

13

अः

14

15
अं

16

aḥ
ta
sa
ai
ṭha
la
aṁ
ṇa
ṣa
e
ṭa
ra

Tabela 2.

 Sobre as bases das linhas, a seguinte delineação é feita:

Blocos da Linha 1 – Siddha Catuṣṭaya
Blocos da Linha 2 – Sādhya Catuṣṭaya
Blocos da Linha 3 – Susiddha Catuṣṭaya
Blocos da Linha 4 – Ari Catuṣṭaya

Blocos da Coluna A – Siddha Catuṣṭaya
Blocos da Coluna B – Sādhya Catuṣṭaya
Blocos da Coluna C – Susiddha Catuṣṭaya
Blocos da Coluna D – Ari Catuṣṭaya

Tabela 3. Resultado dos Mantras para o Sādhaka

RELACÕES
RESULTADOS 1.b
LINHA
COLUNA

Siddha
Siddha
Mantra que frutifica depois de prescrito o Japa
Siddha
Sādhya
Mantra que frutifica depois de dobrar o número prescrito de Japa
Siddha
Susiddha
Mantra que frutifica depois da metade do número de Japa prescrito
Siddha
Ari
Destrói imediatamente os membros da família, como filhos etc.
Sādhya
Siddha
Mantra que frutifica depois de dobrar o número prescrito de Japa
Sādhya
Sādhya
Sem frutos, ou seja, os resultados não acontecem
Sādhya
Susiddha
Mantra que frutifica depois de dobrar o número prescrito de Japa
Sādhya
Ari
Destrói a família inteira (Kula)
Susiddha
Siddha
Mantra que frutifica depois da metade do número de Japa prescrito
Susiddha
Sādhya
Mantra que frutifica depois de dobrar o número prescrito de Japa
Susiddha
Susiddha
Mera iniciação é suficiente para fazer o Mantra dar os frutos
Susiddha
Ari
Destrói os membros da família
Ari
Siddha
Destrói os filhos
Ari
Sādhya
Destrói as filhas
Ari
Susiddha
Destrói a esposa
Ari
Ari
Destrói o próprio nativo

1b. Deixe-nos determinar a adequação do Cāmuṇḍā Mantra para uma pessoa chamada Kailāś. O Mantra para adorar Durga na forma Cāmuṇḍā é o “Om Aiṁ Hrīṁ klīṁ cāmuṇḍāyai vice” (ॐ ऐं ह्रीं क्लीं चमुण्डायै विच्चे). Assim, a primeira letra do nome de Kailāś é “Ka” () e o bloco do nome é A1 (veja a tabela 1). Semelhantemente, a primeira letra do Mantra (excluindo a sílaba inicial OM) é “ai” () e o bloco do Mantra é B4. Contando as Linhas a partir do Bloco do Nome (1) até o Bloco do Nome (4) temos o número 4 e o relacionamento é “Ari”, ou inimigo. Contando as colunas do Bloco do Nome (A) até o Bloco do Mantra (B) temos 2, e o relacionamento é “Sadhya”. Assim o principal relacionamento é Ari-Sadhya e a tabela 3 dá o resultado de destruição das filhas. Então, este Mantra não deve ser usado pela pessoa. Pode-se notar que temos usado a letra do nome próprio ao invés da carta do nascimento. Vedic Remedies in Astrology, Pt. Sanjay Rath

2. Akadama Cakra é um método alternativo de testar a adaptação Siddhadi da primeira letra do nome e do Mantra. Entretanto, este método não é recomendado se ele ignora as 4 letras neutras “lṛ, lṝ, ṛ ṝ ( ) daí reduzindo o número de Survakshara (vogais governadas pelo Sol) de 16 para 12. O problema surge quando um nome como “Ṛṣi” surge e então este Cakra é inaplicável. Alguns recentes autores aconselharam a usar este Cakra para determinar a eficácia do uso como “Ucchatan”, “Maran” etc, mas este Cakra não tem a aprovação para ser usado assim. Pt. Sanjay Rath, Vedic Remedies Astrology.


Tabela para Akaḍama Cakra conforme o Kulārṇava Tantra

12
Mīna
01
Meṣa
02
Vṛṣa
03
Mithuna
Aḥ Ṭha Bha
A Ka Ḍa Ma
Ā Kha Ḍa Ya
I Ga Ṇa Ra
11
Kumbha

Akaḍama Cakra
04
Karka
Aṁ Ṭa Ba
Ī Gha Ta La
10
Makara
05
Siṃha
Au Ña Pha Kṣa
U Ṅa Tha Va
09
Dhanus
08
Vṛścika
07
Tulā
06
Kanyā
O Jña Pa Ha
Ai Já Na Sa
E Cha Dha Ṣa
Ū Ca Da Śa



3a. O Nakṣatra de Nascimento é o Janma Nakṣatra, ou o Nakṣatra onde Candra Graha está colocado ao nascimento.

3b. Os 27 Nakshatras (constelação) estão divididas em 3 grupos de nove, iniciando da constelação que tem a primeira letra do nome. Este grupo de 3 constelações em trinos para o nome da constelação é chamado Janma, o segundo é Sampat, o terceiro é Vipat, o quarto é Kṣema, o quinto é Pratyari, o sexto Sādhaka, o sétimo Vadha, o oitavo Mitra e o nono é Param Mitra. Evite Mantras onde o início da letra pertence à constelação que é Vipat (terceiro-problemas), Pratyari (quinto-inimigo declarado) e Vadha (sétimo-obstáculos. Alguns autores [Mantramahodadhi (24.28-31)]deram um diferente conjunto de letras para diferentes constelações, mas as letras iniciais usadas na Astrologia Védica são as recomendadas. Pt. Sanjay Rath

3c. Janma, Saṁpad etc... obtêm-se a classificação de cada Nakṣatra dividindo-se o grupo de 27 por 9, formando-se assim um grupo de 3 Nakṣatras que serão Janma, os outros 3 seguintes serão classificados como Saṁpad, os 3 seguintes serão Vipat e assim sucessivamente.

4. O texto não segue uma coerência com as tabelas dadas em sequência. No Śloka 87 o Kulārṇava Tantra dá a Tabela referente ao Nakṣatra Cakra ao dizer, “como se segue” e, entretanto, a tabela que está contida no texto é aquela referente ao Akaḍama Cakra em que as letras neutras são ignoradas em sua sequência. Entretanto, no fim do capítulo ele dá a tabela para o Nakṣatra Cakra, que segue abaixo:

Aśvinī
Bharaṇī
Kṛttikā
Rohiṇī
Mṛgāśirṣā
Ārdrā
Punarvasu
Puṣya
Āshleshā
A   Ā
I
Ī  U   Ū
Ṛ  Ṝ  Lṛ  Lṝ
E
Ai
O   Au
Ka
Kha   Ga
Deva
Nara
Rakṣasa
Nara
Deva
Nara
Deva
Deva
Rakṣasa
Maghā
P.Phālgunī
U.Phālgunī
Hastā
Chitrā
Svātī
Vishākhā
Anurādhā
Jyeṣṭhā
Gha    Ṅa
Ca
Cha   Ja
Jña   Ña
Ṭa   Ṭha
Ḍa
Ḍha    Ṇa
Ta   Tha   Da
Dha
Rakṣasa
Nara
Nara
Deva
Rakṣasa
Deva
Rakṣasa
Deva
Rakṣasa
Mūla
P.Ashāḍhā
U.Ashāḍhā
Śravaṇa
Dhaniṣṭa
Śatabhiṣā
P.Bhādrapadā
U.Bhādrapadā
Revatī
Na Pa Pha
Ba
Ma
Ma
Ya   Ra
La
Va Śa
Ṣa  Sa Ha
Sa Kṣa Aṁ Aḥ
Rakṣasa
Nara
Nara
Deva
Rakṣasa
Rakṣasa
Nara
Nara
Deva


5. Estes não são os nomes dos signos, porém sim dos Bhāvas, ou seja, as casas. O próprio texto em sânscrito torna difícil a compreensão para o leigo, uma vez que ele se refere às Rāśis, quando fala “rāśyaḥ”, ou seja, “as rāśis”, mas cita o nome dos Bhāvas mesmo no Sânscrito no original. Então, deixo aqui o nome dos signos (Rāśis) e dos Bhāvas (casas) – as 12 Rāśis são Meṣa (Áries), Vṛṣa (Touro), Mithuna (Gêmeos), Karkaṭa (Câncer), Siṃha (Leão), Kanya (Virgem), Tulā (Libra), Vṛścika (Escorpião), Dhanus (Sagitário), Makara (Capricórnio), Kumbha (Aquário), Mīna (Peixes). E os 12 Bhāvas são Lagna ou Thanu (Ascendente ou casa 1), Dhana (casa 2), Sahaja (casa 3), Bandhu (casa 4), Putra (casa 5), Ari (casa 6), Yuvati (casa 7), Randhra (casa 8), Dharma (casa 9), Karma (casa 10), Lābha (casa 11) e Vyaya (casa 12). Esses são os nomes mais usuais, de fato existem diversas nominações.

Tabela para Rāśi Cakra conforme o Kulārṇava Tantra

02
Vṛṣa
01
Meṣa
12
Mīna
11
Kumbha
U   Ū   Ṝ
A   Ā    I    Ī
Ya RaLa Va Kṣa
Pa Pha Ba Bha Ma
03
Mithuna

Rāśi Cakra
10
Makara
Ṛ   Lṛ   Lṝ
Ta Tha Da Dha Na
04
Karka
09
Dhanus
E   Ai
Ṭa Ṭha Ḍa Ḍha Ṇa
05
Siṃha
06
Kanyā
07
Tulā
08
Vṛścika
O    Au
Aṁ Aḥ Śa Ṣa Sa  Ha
Ka Kha Ga Gha Ṅa
Ca Cha Ja Jha Ña


6. Aqui o tradutor para o inglês diz que deve começar a contagem a partir da Rāśi de seu nascimento, mas não especifica se é por meio do Lagna, um ponto sensível e mais importante do que o signo solar, ou se pelo signo lunar. Entretanto, o texto declara no original “rāśinakṣatre”, indicando que a referência a ser tomada aqui é aquela da Rāśi do Nakṣatra de nascimento, ou seja, de onde Lua, o Senhor Candra Graha, está colocado naquele seu Nakṣatra de nascimento.

7. Sobre o Ṛṇi-Dhanī, Ṛana significa Débito e Dhana significa dinheiro. Daí, Ṛṇi-Dhanī é uma ferramenta matemática para determinar a eficácia de um Mantra. A tabela abaixo dá o Rna-Dhana Chakra como pelos Tratados em Jyotiṣa, o qual deve ser usado para determinar os valores para o Mantra e para o nome (da pessoa) separadamente. O Akshara compreendendo o Mantra/Nome são separados e seu valor numérico apurado a partir desta tabela. Em seguida, os números são adicionados e a soma é dividida por oito (8). Os valores numéricos para as letras do Mantra corresponde aos da linha superior, enquanto que os valores numéricos para as letras do Nome corresponde aos da linha inferior. No caso de vogais longas, os valores numéricos das correspondentes das vogais curtas devem ser tomadas. Agora, se o valor do Mantra for maior do que o valor do Nome, então ele é Ṛṇi (em débito) e a pessoa (Nome) é Dhanī (rico). Isto é auspicioso, enquanto que se o valor do Nome for maior do que o do Mantra, então a pessoa (Nome) está em débito (Ṛṇi). Se ambos forem iguais, então também a pessoa (nome) não está em débito e o Mantra frutifica. Além disso, todas as letras, incluindo as semivogais, vogais etc., devem ser consideradas. Observe que aqui há uma diferença em cálculo quanto ao disposto no Kulārṇava Tantra. Fica a critério do praticante a adequação conforme às instruções recebidas de seu próprio Guru.
                                                                                                                       
Tabela para o Ṛṇi-Dhanī Cakra conforme Tratados em Jyotiṣa

14
27
2
12
15
6
4
3
5
8
9
अं
अः
10
1
7
4
8
3
7
5
4
1
7


Tabela para o Ṛṇi-Dhanī Cakra conforme o Kulārṇava Tantra

6
6
6
0
3
4
4
0
0
0
3
अ आ
इ ई
उ ऊ
ऋ ॠ
ऌ ॡ
अं
अः
2
2
7
0
0
2
1
0
4
4
1

8a. Kula significa família ou linhagem e no caso do Mantra, a árvore genealógica pode ser a base dos cinco elementos/estados da existência como Agni (Luz/Energia), Vāyu (Gás, Ar), Jala (Água, incluindo todos os fluídos), Pṛthivī (Terra, incluindo todos os sólidos) e Ākāśa (Éter que existe no Vácuo). Todas as letras de um elemento pertencem a um Kula, ou família, e são naturalmente benéficas umas às outras. Semelhantemente, algumas famílias são amigas de umas e inimigas de outras. É importante que a letra inicial do mantra não seja inimiga daquele do mantra. As colunas na tabela do Kula-A-Kula  dão as cinco famílias. O relacionamento entre as famílias está na tabela da nota de rodapé 9. Os planetas foram mostrados de acordo com Parasara. Seu domínio das letras/Akshara está junto da linha indicada. O Sol governa as vogais, a Lua as semivogais e assim por diante. Os resultados dos relacionamentos Kula a-Kula devem ser decifrados como se segue.

8b. Perceba a tabela dada pelo texto original no Śloka 94. Veja que ela obedece aos mesmos critérios como ensinado pelos Śāstras em Jyotiṣa. Mārut, Ar ou Vāyu são palavras que simbolizam a mesma divindade daquele elemento. Abaixo uma tabela mais elaborada com os planetas governando cada sequencia de letras com seus elementos correspondentes foi dada.

Kula A-Kula Chakra conforme o Kulārṇava Tantra e outros Śāstras em Jyotiṣa

Planeta
Ar
Fogo
Terra
Água
Éter
(Parāśara)
वायु
अग्नि
पृथ्वी
जल
आकाश

Sol
अ आ
इ ई
उ ऊ
ऋ ॠ
ऌ ऌ
अं
Marte
Vênus
Mercúrio
Júpiter
Saturno

Lua
क्ष


9. A tabela abaixo dá a amizade e inimizade natural entre os elementos (Bhūtas), chamada relacionamento Kula-A-Kula. Esta tabela corresponde aos Ślokas 95-96 que trata do mesmo assunto.


Elemento
Amigo
Neutro
Inimigo
Vāyu (vento)
Agni (Fogo) Ākāśa (Éter)
Jala (Água)
Pṛthivī (Terra)
Agni (Fogo)
Vāyu (Vento) Ākāśa (Éter)
Pṛthivī (Terra)
Jala (Água)
Pṛthivī (Terra)
Jala (Água) Ākāśa (Éter)
Agni (Fogo)
Vāyu (vento)
Jala (Água)
Pṛthivī (Terra) Ākāśa (Éter)
Vāyu (vento)
Agni (Fogo)
Ākāśa (Éter)
Tudo
Nenhum
Nenhum

10. Om é o Ekākṣara ou aquela letra que representa a divindade. Ele é composto de três letras “A” (Brahma), U (Viṣṇu) e M (Śiva) e representa o processo inteiro da vida do nascimento, sustento e morte. Então ele representa Deus em todos os três aspectos, sendo também a Trimurti (Dattātreya Mantra). Daí ele se torna o Guru de todos os Mantras significativos para alcançar Yoga com Deus. Estas três letras também representam os três Guṇas (Sattva, Rajas e Tamas), os três Ṛṣis (Narada, Agastya e Dūrvasa), os três níveis do corpo (Umbigo, Coração e Cabeça) etc. Para uma maior compreensão, uma leitura do Śrimad Bhāgavatam, traduzido por Śrila Prabhupada, é recomendado, seguido pelo Kena Upaniṣad e pelo Rig Veda.
Os principais Mantras iniciam com OM com base nos ensinamentos do Rig Veda no seguinte Mantra: “Gananām Tva Gaṇapatim Havamahey; Kavi Kavinam Upavasravastamam; Jyestha-Rajam Brahmanām Brahmanaspata ā nah sranavannutibhih sidda sadanam” (RV II 23.1) “Oh, Gaṇeśa, Senhor de todos os videntes, louvado seja Tu: Tu és Onisciente e a sabedoria incomparável do sábio. Tu és o precursor [OM] de todos os louvores e o Senhor de todas as almas, louvamos a Ti por orientação para o sucesso em todas as boas ações.”

11.  A adequação de um mantra é dada pelos Cakras citados no texto. Entretanto, para alguns Mantras, nenhuma necessidade há de se verificar a adequação, ou seja, se o Mantra irá ou não frutificar, se ele é amigo ou inimigo, se ele causa realização ou a destruição da natividade, de seus amigos e parentes etc. O Mantra Śāstra ensina que os Mantras podem ser classificados em dois tipos –

a. Prasiddha Mantra – aquele que pode ser recitado por qualquer pessoa, independente de ter sido dado por um Guru ou não, e sem um objetivo específico de solucionar um problema; ou

b. Kamya-siddha Mantra – que são destinados a solucionar problemas específicos. Enquanto existe uma concordância sobre qual Mantra pertence a esta categoria, existe algum desacordo sobre qual Mantra precisa ser dado pelo Guru. Por exemplo, existe uma concordância geral sobre o Panchakshari Mantra “Namaḥ Śivāya” (नमः शिवाय) ou sua contraparte Shadakshati “Oṁ Namaḥ Śivāya”(ॐ नमः शिवाय) como pertencente ao grupo Prasiddha onde qualquer um pode praticá-lo e é para o bem estar de todos os seres, mas então existem Mantras como aquele Savitur, popularmente chamado de Gāyatrī Mantra que, embora se destine ao bem estar dos seres, e naquele sentido Prasiddha, precisa ser dado por um Guru competente.

Além destas observações extensivas que adiciono ao texto, faço lembrar que na Tradição Kaulika o texto é claro ao dizer quais são os mantras que funcionam como Prasiddha Mantra, ou seja, os que podem ser recitados por qualquer pessoa e que não causam mal algum, mas que produzem realização, conforme os Ślokas 97-100.