कुलार्णव तन्त्रम्
KULĀRṆAVA TANTRAM
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द्वितीय
उल्लासः
dvitīya ullāsaḥ
Segundo Ullāsa
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Tradução para o Português a partir
do estudo das Obras em Sânscrito com comentários para o Inglês por:
Sir John Woodroffe,
M. P Pandit,
Prachya Prakshan &
Ram Kumar Rai
ॐ
ॐ गुरवे नमः
Oṁ Gurave Namaḥ
Traduzido para o Português por:
... uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahadeva ...
Karen de Witt
2012/2013
© Todos os direitos reservados.
O livro está disponível para leitura on-line, mas não pode ser comercializado.
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As notas de rodapé, conforme citações das autoridades acima mencionadas,
serão acrescentadas após o término das publicações dos capítulos restantes.
Śrī Devī disse:
2:1 – Misericórdia de todos os Jīvas, Oh Kuleśa! Você
mencionou o Kuladharma, mas não o esclareceu. Oh Deva! Eu quero ouvir sobre
ele.
2:2 – Se você tem alguma bondade por mim, diga-me
amavelmente, Oh Senhor Parameśāna!, sobre a Glória daquele melhor dos Dharmas e
também sobre os princípios do Urdhvāmnāya.
2:3 – Ouça, Oh Devī! Estou falando o que me perguntou; apenas
de ouvir alguém se torna amado das yoginīs.
2:4 – Nos dias de outrora, Eu não falei nem mesmo a
Brahmā, Viṣṇu e Guha (Kārtikeya). Mas por amor a você, estou falando. Por
favor, ouça com mente concentrada.
2:5 – Contido em minhas cinco bocas e transmitida pela
tradição, esta doutrina não é contada, mas estou dizendo a você para benefício
dos outros.
A Superioridade do Kula-dharma
2:6 – Você tem de mantê-lo em segredo e não comunicar a
ninguém mesmo, exceto a um devoto e a um discípulo. Se for dado a qualquer
outra pessoa vai trazer seu desastre.
Ordem de Superioridade
2:7-8 – O Veda é superior a tudo; o Vaiṣṇava é superior
ao Veda; o Śaiva é superior ao Vaiṣṇava; Dakṣiṇa é superior ao Śaiva; Vāma é
superior ao Dakṣiṇa; Siddhānta é superior ao Vāma; o Kaula é superior ao
Siddhānta; e não há nada superior ao Kaula.
2:9 – Oh Devī! O Kula (ou Kulācāra) é o mais secreto de
todos os segredos; a essência de todas as essências; o melhor dentre os
melhores; transmitido de ouvido a ouvido (ou seja, da tradição verbal de
Guru-Śiṣya) e o revelador verdadeiro é Śiva.
2:10 – Do oceano dos Vedas e dos Āgamas, com a vara de
agitação de Jñāna (conhecimento), tenho extraído esta essência do Kula-dharma.
2:11 – Minha Amada! Se por um lado de um equilíbrio são
mantidas todas as religiões, os lugares sagrados e as práticas, e por outro
está colocado o Kula-dharma, este último prova ser mais forte do que tudo.
2:12 – Como os rios seguindo uma longa distância em um
curso zig-zag e que por fim entram no mar, assim os vários Dharmas entram no
Kula-dharma.
2:13 – Assim como as pegadas de todos os animais se
perdem na pegada do elefante, assim Minha Amada!, todas as filosofias são
absorvidas na doutrina do Kula.
2:14 – Assim como o ferro nunca pode ser comparado com o
ouro, assim nenhuma outra doutrina pode ser comparada com o Kula-dharma.
2:15 – Assim como os outros rios nunca podem ser como o
Ganges, assim as outras doutrinas não podem ser como o Kula-dharma.
2:16 – Assim como existem diferenças entre o Mt. Sumeru e
a semente de mostarda, ou entre o Sol e um vaga-lume, assim existe uma grande
diferença entre o Kula e as outras doutrinas.
2:17 – Mesmo que haja uma mulher como você e um homem
como Eu, ainda assim não pode nunca haver um Dharma como o Kula-dharma.
2:18 – Se uma pessoa maliciosa de ignorância considera os
outros Dharmas como igual ao Kuladharma, ele permanece atado com os laços
mundanos e é amado somente pelos intocáveis.
2:19 – Minha Amada! Da ignorância a pessoa que fala dos
outros Dharmas como superior ao Kuladharma, sem dúvida comete um pecado maior
do que um assassino de um Brâhmane.
2:20 – Andando na carruagem do Kula-dharma, o melhor dos
homens cruzam este mundo e vão ao paraíso e obtém a Joia da Liberação.
2:21 – Somente através de uma longa prática das outras
filosofias os homens podem obter a Liberação, mas através da prática do Kula
eles são imediatamente Liberados – não há dúvida disto.
2:22 – Ouça, Minha Amada da Vida, Oh Kulanāyike! Por
falar muito, eu juro por você que não há nada semelhante o Kuladharma.
O Kaula desfruta tanto de Bhoga quanto de Yoga
2:23 – Minha Amada! Em outros sistemas um Yogī pode tomar
os prazeres do mundo (ou seja, ele não pode ser um Bhogī); nem um Bhogī que
está no meio dos prazeres mundanos pode ser um Yogī (ou um aspirante ativo para
o Divino). Mas no caminho do Kaula, tanto Yoga e Bhoga – união com o Divino e a
participação em Sua manifestação – tem uma união feliz.
2:24 – Oh Kuleśvarī! Kuladharma é Bhoga e também Yoga; o
que aparentemente é um pecado aqui é transformado em uma força para Deus; e o
Samsāra se torna um meio para a Liberação.
Os Deuses também aderem ao Kuladharma
2:25 – Até mesmo os Deuses como Brahmā, Indra, Viṣṇu e
Rudra e os veneráveis Munis seguem o caminho do Kuladharma. Oh Devī! Então o
que dizer dos homens?
2:26 – Assim, deve alguém que aspira o Cumprimento, ele
deve abandonar todos os outros Dharmas, credos de todos os outros Professores e
conhecer somente o Kula-dharma.
A disciplina submetida em vidas anteriores proporciona
o Conhecimento do Kuladharma
2:27 – Assim como das experiências de um sonho surge o
conhecimento sem instruções, assim os estudos e as disciplinas da Sādhanā de
vidas anteriores trazem o Conhecimento do Kuladharma.
2:28 – A maturidade e o desenvolvimento da mente que
ocorre em milhares de nascimentos anteriores, por si só produz o conhecimento
sem quaisquer instruções.
O Conhecimento do Kuladharma desponta sobre uma mente
purificada pelo Mantra e Japa
2:29 – O Conhecimento do Kula-dharma desponta sobre uma
mente purificada pelos Mantras e pelo Japa de qualquer origem, seja Śaiva, Vaiṣṇava,
Śākta, Gāṇapatya ou Saura.
2:30 – Oh Devī! Os seguidores de outros Dharmas voltam ao
mundo novamente mas um adepto do Kula-dharma volta livre de tudo isto.
Elegibilidade para o Conhecimento
2:31 – O Kulajñāna desperta uma pessoa cujo corpo e mente
está livre dos elementos deformantes da ignorância e do ego como um resultado
de austeridade, caridade, sacrifícios, peregrinações, Japa e observâncias
sagradas submetidas no passado.
2:32 – Oh Devī, Benfeitora de tudo! O Kula-jñāna desperta
uma pessoa com quem tanto você e eu estamos satisfeitos e que tem fé no Devatā
e no Guru.
2:33 – Kula-jñāna desperta uma pessoa que é puro na
mente, calmo, diligente, servidor de seu Guru, intensamente devotado ao Senhor
e um Sādhaka secreto.
2:34 – Oh Kulāśraye! Kulajñāna desperta uma pessoa que é
firmemente devotado ao Guru, ao Kulaśāstra e ao Kaulika.
2:35 – Kula-jñāna é obtido por uma pessoa que é crente,
obediente, alegre, dedicado à vida de observâncias severas e boa conduta e
obediente aos comandos do Guru.
Pecados da transmissão do Kuladharma a quem não merece
2:36 – O Kulajñāna não é obtido por quem não merece nem
fica com eles. Portanto, o Kulajñāna deve ser transmitido somente depois de um
teste minucioso de elegibilidade da pessoa.
2:37 – O Kuladharma e o Kulaśāstra não devem ser dados a
uma pessoa sem mérito. Quem desafia esta ordem deve receber a maldição de Deus.
2:38 – Se um adorador do Samayācāra [1] comunica o Kula-jñāna a alguém, então o Guru
(Comunicador) e aquele Śiṣya (beneficiário) ambos são destruídos pelas Yoginīs.
Glória do Kula-dharma
2:39-40 – Se o Guru desperta mentalmente o Śiṣya
primeiramente e, em seguida, revela a ele este mais elevado conhecimento do
Kula, então ambos (o Guru e o Śiṣya) desfrutam do companheirismo direto da
Yoginī e do Vīra (ou seja, Śakti e Śiva) e igualmente atravessam este oceano
mundano sem esforço. Aqueles que assim conhecem o Kuladharma são, sem dúvida, emancipados.
2:41 – Trilhando sobre o mais elevado caminho do
Kuladharma eles prosseguem para a morada da Emancipação que é, sem dúvida,
eterna. Portanto, abrigue-se no Kuladharma.
2:42 – Oh Pārvatī! Negligenciando o Kulaśāstra, quem
pratica o Paśuśāstra é como alguém que deixando o arroz e o leite de sua
própria casa, mendiga por esmola em outro lugar.
2:43 – Deixando o Kuladharma, quem se torna um adepto de
outro Dharma é como uma pessoa que, deixando a joia de sua mão, busca um
distante pedaço de vidro.
2:44 – Deixando o Kula-mantra, quem repete (realização de
Japa) um Paśu-mantra é como uma pessoa que deixando a pilha de grãos deseja
pela pilha da casca.
2:45 – Deixando a família do Kula, quem deseja por outra
família, é como uma pessoa que embora com sede, deixando o tanque de água
límpida, busca a ilusão da água em um deserto.
2:46 – Assim como a ilusão criou, por uma providência
mágica somente um prazer momentâneo, assim Oh Kulanāyike!, todos os Dharmas,
que não o do Kula, providenciam somente um alívio momentâneo.
1.
Bhāskararāya em seu Saubhāgyabhāskara fala de três seitas de adoradores de
Śrīvidyā, ou seja, Samaya-mata, Kaulamata e Miśramata. O Ācāra seguido pelos
adeptos do Samaya-mata é o Samayācāra. Veja também o comentário de Lakṣmīdhara
no Śloka 31 do Saundarya-Laharī para outra explicação do Samayācāra.
(*)
Bhāskararāya Makhin (1690-1785) é considerado uma autoridade em todas as
questões pertinentes ao culto da Divina Mãe no Hinduísmo. Três de seus livros
são considerados uma tríade sagrada de culto à Divina Mãe, a saber:
Varivasya Rahasya – um comentário
científico sobre Śrī Vidya mantra e culto; contém 167 ślokas.
Setubandha – é um tratado técnico sobre a
prática tântrica. É um comentário sobre uma porção do Vāmakeśvara-tantra, que
lida com o culto externo e interno de Śrī Tripurasundarī.
Lalitāsahasranāmabhāsya – é um comentário
(vhāsya) sobre o Lalita Sahasranama, ou os Cem Nomes de Lalita.
Culto do Kula (Śaktidevī) providencia o Estado de Bem-Aventurança
2:47 – Quem deseja cruzar o oceano do mundo sem um
conhecimento do Kula Dharma, é como uma pessoa que tenta cruzar o insondável
oceano somente nadando com suas mãos.
2:48 – Quem busca emancipação através de outras
filosofias, é como quem quer se tornar rico da riqueza recebida em um sonho.
2:49 – Assim como existe uma ilusão de prata no brilho de
uma concha, assim também, Oh Pārvatī!, realização e emancipação brilham nas
outras ordens (Dharma).
2:50 – Oh Kuleśāni! Sozinho, por si só, sem a companhia
de rituais e observâncias dos Āśramas (Estados da Vida) o Kuladharma é capaz de
levar à Liberação final.
2:51 – Mesmo se na ausência de total conhecimento desta doutrina
do Kula, sua mera fé e dedicação a ela é suficiente para libertá-lo; então, o
que falar de seus adeptos?
2:52 – Oh Minha Amada! Quebre o Kuladharma e irá quebrar
você; guarde-o e irá guardar você; adore-o, reverencie-o, e ele irá,
imediatamente, mostrar a você a mesma consideração.
2:53-55 – A atitude correta para o buscador da Verdade desta
sublime fé é: “Deixe meu povo olhar de soslaio; deixe minha esposa e filhos me
abandonarem; deixe os homens ridicularizarem; deixe o Rei punir; mas eu estarei
firme, Oh Suprema Divindade, eu servirei e sempre servir-Te-ei. Com mente,
discurso, corpo e ações eu nunca deixarei Tua lei”. Um homem cuja fé e devoção
são inabaláveis mesmo no meio de toda a adversidade, é verdadeiramente adorado
pelos Deuses e lá ele ser tornará Śiva.
2:56 – Oh Śive! Embora constantemente aflito por doença,
pobreza e miséria, o homem que aguarda em você, a Divina Mãe, com ardor,
alcança o mais elevado Estado.
2:57 – Quer alguém receba elogio ou culpa, quer a riqueza
esteja com ele ou não, quer a morte venha hoje ou no fim da Era (Yuga), ele não
deve nunca deixar o Kula.
2:58 – Nunca se deve deixar o Kula sob qualquer
circunstância, quer Devido à ganância, raiva, inimizade maledicente,
sensualidade ou medo.
2:59 – Tomando o abrigo do Kula-dharma, quem não adora
você, a Divina Mãe, é torturado logo que nascido pelos inimigos do Eu na forma
de seres elementais.
2:60 – Aqueles que são avessos ao Kaula, são como um grão
vazio dentre os grãos, uma mariposa entre os Jīvas, ou uma bolha na água.
2:61 – As árvores vivem, os pássaros e os animais também
vivem; mas somente aquele, cuja mente está estabelecida nas leis do Kula, vive
significativamente.
2:62 – Para quem está longe do Kula-dharma, os dias vêm e
passam; como o fole de um ferreiro ele suspira mas não vive.
O ignorante do Kuladharma vive como um animal
2:63 – Oh Kuleśvarī! Um homem que não conhece o Kula,
ele, embora em movimento, sentado, andando ou dormindo, gasta sua vida como um
animal.
2:64-65 – Quer ele seja um sábio erudito ou um tolo, quer
um religioso ou não religioso, quer um adepto à Observâncias ou não, se ele for
avesso ao Kula, ele toma somente nascimento no mundo mais nenhum ancoradouro.
Sua existência é como aquela de um jumento preso à porta. Somente as pessoas
que seguem o Kuladharma vivem uma vida piedosa.
Somente é um homem quem segue o Kuladharma
2:66 – Somente aquelas pessoas piedosas merecem ser
chamadas de um homem que segue o Kuladharma. As outras são meros esqueletos
cobertas com pele.
Os sábios do Veda mas ignorantes do Kula são
inferiores até mesmo aos Cāṇdālas
2:67 – Mesmo os sábios de todos os quatro Vedas, mas
ignorantes do Kula, são inferiores a um Cāṇdāla. Por outro lado, se um Cāṇdāla
conhece o Kula, ele se torna superior a um Brahmin.
O adorador de Śakti, por si só, é um Verdadeiro Kula
2:68 – Concedido com a Graça do Guru, tosado de seu
legado maléfico por meio da iniciação, deleitando-se no culto de Śakti, ele é o
verdadeiro Kula, ninguém mais pode ser.
2:69 – O Kaulika que não busca o Kulaśakti, não reconhece
o Kula Śakti, não adora Śakti, é condenado. Sua vida é como aquela de um corvo.
2:70 – Oh Devī! Em cuja mente afortunadamente o conhecimento
do Kula brilha, são louváveis, eles são piedosos, eles são santos e eles são
Yogīs.
2:71 – Em cuja mente o conhecimento do Kula, como
anunciado por Mim, brilha, aquela grande alma venerável, melhor dos homens,
alcança a realização.
2:72 – Darśana de todas as Deidades, peregrinações e
realizações de todos os vários sacrifícios, misturam-se no Kula-dharma.
2:73 – Os homens de ações piedosas que entram nos portais
do Kuladharma, não entram no útero de uma mãe em outro nascimento.
2:74- Oh Devī! Quem se mantém repetindo ‘Kula-Kula’ mesmo
acidentalmente, ele, por essa repetida pronuncia de Kula, torna-se purificado
por Sua Graça. Oh Kuleśāni! Não precisa de outra religião para quem conhece o
Kuladharma.
2:75 –Oh Kuleśi! No fim da vida daquela grande alma, um
Kaulika, que é dedicado ao Kula, Eu pessoalmente comunico o Supremo
Conhecimento, não há dúvida disto.
2:76 – Pessoas gostam de credos que proporcionam um
pequeno fruto depois de longos esforços. Mas quem deixaria o Kuladharma que
facilmente proporciona todos os frutos?
2:77 – Mesmo sem um conhecimento dos Vedas e dos Śāstras,
um Kulajña (quem conhece o Kula) é todo conhecedor; enquanto um erudito dos
Vedas, Śāstras e Āgamas, mas ignorante do Kula, não conhece nada.
2:78 – Oh Devī! Somente seus devotos conhecem a glória do
Kula, não outros; assim como só o Cakora (um pássaro que se diz que se alimenta
de feijões da lua) conhece o gosto de feijões da lua, não de outros.
2:79 – Somente um Kulajña obtém felicidade de ouvir a
história do Kula; assim como só o mar, e não os rios, mostram grandes marés ao
luar.
2:80 – Os Kaulikas, que conhecem a essência, não dão
atenção a outras religiões; assim como a grande abelha preta é mais atraída
para as flores da árvore coral do que outras flores.
2:81 – A lua é mantida elevada sobre Sua fronte por Śiva,
mas a mesma lua é devorada por Rāhu (um demônio). Semelhantemente, os
Conhecedores da Essência, por si só, cuidam do Kula-dharma, não outros.
2:82 – Somente estes que são Jñānis (homens do
conhecimento) conhecem e entendem a filosofia do Kula, não os ignorantes; assim
como só os cisnes conhecem a técnica de beber leite misturado na água e não a
garça.
2:83 – Este mundo é constituído tanto de Śiva quanto de
Śakti; e estabelecido neste mundo está o Kuladharma. Daí este Kuladharma é o
mais elevado de tudo.
Os seis sistemas de filosofias são os Membros de Śiva e os
Vedas-Śāstras estão plenos do Kuladharma
2:84 – Estes seis Darśanas (filosofias) são Meus seis
membros – Minhas duas mãos, Meus dois pés, estômago e cabeça. Portanto, quem os
diferencia atravessa meu corpo.
2:85 – Semelhantemente, Oh Minha Amada! Estes seis
Darśanas (derivando do Veda) constituem os seis membros do Kula. Portanto,
conheça os Śāstras do Kula como nenhum outro Śāstras do Veda.
2:86 – O mesmo é Divino, o qual mantém o fruto nas
diversas filosofias; e é o mesmo Divino que dá felicidade e liberação no Kula,
bem como.
Autenticidade do Kula-śāstra inerente em seu fornecimento
de frutos imediatos
2:87 – Os Siddha Yogīs são amados por Iśvara. Mesmo sendo
contrária ao Dharma popular, a autenticidade do Kula é inerente no fruto
imediato que ele produz.
2:88 – A comprovação direta é amada por todos os Jīvas.
Os falsos raciocinadores têm, por tanto, encontrado seu destino por causa dos
frutos imediatos que o Kula produz.
2:89 – Quem conhece o que está além ou o que irá
acontecer a quem? Por tanto, aquela que dá fruto imediato é a mais elevada
filosofia.
2:90 – Conhecendo o Kula assim todos os homens deveriam
ser emancipados. Daí, mantendo isto na mente, Eu condeno o Kula.
O Conhecimento do Kula não é para pecadores
2:91-92 – O conhecimento do Kuladharma é condenado para
aqueles que são privados de Sua Bondade, ou quem são os oponentes do Kula. O
conhecimento do Kula está fora do âmbito de homens paśus no caminho comum. Nem
é para aqueles cujas ações em nascimentos passados forjaram fortes laços de
pecado. Para estes não há Graça do Guru do Conhecimento do Kula.
2:93 – Assim como um cego não percebe o Sol todo
iluminador, assim o homem iludido por Sua Māyā não vê o Kula.
2:94 – Embora as pessoas sempre adorem as filosofias tais
como Śaiva, Vaiṣṇava, Saura etc., todavia seus esforços são inúteis e eles não
obtém os frutos desejados fora deles.
2:95 – O Veda, Śāstra e Āgama falam dos mesmos meios de
Bhoga (desfrute) e Mokṣa (Emancipação); mas ai de Mim! Os tolos condenam, Minha
Amada, sua Filosofia.
Os Paśuśāstras propagados para seduzir os espíritos do mal
2:96 – Oh Devi! Eu tenho percorrido todos os milhões de
Śāstras dos Paśus, mas eles não contêm o Kuladharma e são cheios de falso
orgulho do conhecimento.
2:97-98 – No propósito de enganar estes tolos, Eu mesmo,
assumindo outra forma, expus todos os Paśuśāstras para a realização de seus
desejos. Contudo, envolvido em grandes pecados como eles estão, os homens são
incapazes de alcançar o estado de Deus mesmo em milhares de Kalpas.
2:99 – Apesar da persuasão do espírito maléfico, eles não
tomam o Kuladharma; apesar da persuasão dos almas piedosas, não abandonam o
Kuladharma.
2:100 – A partir do Kuladharma os Deuses alcançaram suas
Divindades e os Sábios e os grandes Yogīs alcançaram o Supremo Estado.
A condição do Kuladharma nas mãos de pessoas com falso conhecimento
2:101 – Aos hipócritas, que permanecem envolvidos nas
observâncias dos Paśus (homens no caminho comum), somente este mundo é
acessível; contudo, para aqueles que servem o Kuladharma, alcançam a grandeza
raramente acessível.
2:102 – Os homens que conhecem a falsa realidade são
muitos, mas Oh Maheśāni!, os Conhecedores da Realidade do Kuladharma são raros.
2:103-105 – Kulanāyike! Assim como os homens, sofrendo de
doenças, dificilmente tomam o Divino Medicamento capaz de destruir as maiores
doenças, e desejam alimentos e falsos medicamentos que só aumentam as doenças, assim
os homens desprovidos de Sua bondade, do nascimento à morte eles sempre buscam
ações mundanas e não adoram o Kuladharma que dá a Liberação dos laços do mundo.
2:106-108 – Assim como os homens iludidos tiram proveito
do merceeiro desejando somente as pimentas selvagens pretas maiores e ninguém
pede a joia valiosa; assim, Oh Kulanāyike!, iludido por sua Māyā, os tolos
desejam pelos Paśuśāstras que os levam somente aos laços nos frutos das ações e
não pedem pelo Kuladharma que proporciona tanto a fruição quanto a Emancipação.
2:109-110 – Assim como os perversos não aceitam a
realidade das coisas colocadas em suas mãos, e assim chamam de almíscar a lama,
cânfora de sal, açúcar como cascalho e joia como vidro; semelhantemente,
desprovido de Sua Bem-Aventurança, eles não conhecem o Kuladharma.
2:111 – Oh, qual é a glória da ilusão confirmada em Sua
Māyā! Oh Devī, ela ilude até mesmo os imortais (Deuses), então, o que dizer dos
ignorantes?
2:112-113 – ‘Bebendo vinho, comendo carne, e buscando a
face da amada’, estes comportamentos não são condutivos para a realização do
Estado Supremo. Exceto a bondade do Guru, nada leva à realização do Kula.
Nenhum outro que não aqueles Seus devotos sabem que este Kula sozinho
providenciaria tanto a fruição quanto a Liberação.
2:114 – Desprovido das instruções do Guru e mais do
iludido em si mesmo, tais pessoas iludem as outras também.
2:115 – Envolvido em más ações, certamente os perversos
tomam a pregação. Como pode um professor ser tão inútil e como pode seu
discípulo estar livre de seu mal.
2:116 – Enganado pelo falso conhecimento assim propagado
por certas pessoas, desprovido da Tradição Guru-Śiṣya imagina a natureza do
Kuladharma de acordo com seu próprio intelecto.
2:117 – Se meramente beber vinho, os homens alcançassem a
realização, todos os bebedores perversos alcançariam a perfeição.
2:118 – Se meramente partilhar de carne fosse levar ao
mais elevado estado, todo carnívoro no mundo se tornaria elegível para imenso
mérito.
2:119 – Se a liberação fosse assegurada pela mera cópula
com mulher, todas as criaturas se tornariam liberadas pela companhia de uma
mulher.
2:120 – Oh Mahādevi! Não é o caminho do Kula que deve ser
condenado. Por outro lado, aqueles desprovidos de seus Ācāras devem ser
condenados, não outros.
2:121 – Um é Ācāra (modo) que foi previsto por Mim para o
Kuladharma, e o silêncio é outro modo, Oh Devī, seguido pelos tolos que
consideram a si mesmos como sábios.
2:122 – Um caminha na borda afiada de uma espada; um pode
segurar o pescoço de um tigre; um pode até colocar uma serpente sobre seu
corpo; mas para seguir o caminho do Kula corretamente, isso é considerado
difícil.
A bebida condenada pelos Vedas
2:123 – Oh Deveśi! Vain é a bebida – bebendo vinho como
dito. É um grande pecado proibido para os homens pelos Vedas.
2:124 – Participar de carne, bebida de vinho, mesmo seu
cheiro, toque e visão é proibido para o Sādhaka do Paśu-bhāva. Contudo, para um
Kaulika estes são os outorgantes dos maiores frutos.
Onze tipos de vinhos proibidos para o Dvijas
2:125-126 – Para o Dvijas existem onze tipos de vinhos
impróprios para o sacrifício; o décimo segundo é o grande vinho melhor de todos
os outros e ainda e consequentemente o Dvijas pode toma-lo. Percebendo as
impurezas da textura dos vinhos que são as raízes de todos os pecados e merece
ser odiado. Portanto, os Brahmins, Kṣatriyas e Vaiṣyas não devem beber vinho.
Penitências sobre o parecer etc., do vinho
2:127-129 – De igual modo a visão do vinho é pecado que
para se livrar se deve ver o Sol. Para remover o pecado de cheirar o vinho,
deve-se realizar três Prāṇāyāmas, entrar em águas profundas de joelhos e jejuar
por um dia. Para se libertar do pecado de tocar vinho, deve-se, por três
noites, entrar até o umbigo em água e jejuar por um dia. Se alguém
deliberadamente bebe vinho, então ele pode se libertar do pecado somente ao
queimar sua língua. Isto deve ser conhecido como os métodos de penitencias para
os pecados de tocar etc., o vinho.
Penitências de assassinato sem sentido
2:130-131 – Minha Amada! Quem por razões egoístas matar
animais de uma forma ilegítima, viverá no inferno por tantos dias quantos forem
os pelos do corpo do animal assassinado; e em sua morte aquela pessoa perversa
nasce na forma de um animal.
Oito tipos de assassinos de animais
2:132 – Anumanatā (quem decide sobre o animal a ser
morto), Viṣvasitā (quem toma o animal em confiança), Nihantā (assassino),
Kraya-Vikrayī (comprador e vendedor), Saṁskartā (aparador), Upahartā (o que
traz o animal) e Khāditā (o que come a carne do animal) – são os oito tipos de
assassinos.
Três tipos de matança
2:133 – Vendendo um animal por dinheiro, trazendo a carne
para seu consumo e abatendo o animal amarrado são os três tipos de matança.
Os cinco M’s devem ser recorridos somente na forma prescrita
2:134 – Vendo carne deve-se realizar uma penitência
prescrita para os que vêm vinho. Daí Māṁsa (carne) e Madya (vinho) deve ser
recorrido somente de acordo com as regras abaixo.
2:135 – Compartilhando isto de acordo com as regras
prescritas Você, Oh Devi, é agradada. Indo contra isto, Oh Varāne, perde-se seu
Próprio conhecimento.
2:136 – Não se deve quebrar nem mesmo uma lâmina de grama
inapropriadamente. Por outro lado, não há pecado em matar um touro ou um
Brahmin se matar de acordo com as provisões dos Śāstras.
Comprovação Védica em favor do Kuladharma
2:137-138 – Por que dizem muito, Oh Minha Amada! Ouça uma
conclusão fundamental. O método de Liberação da vida está oculto no
Kula-śāstra, o qual é como fragrância em ouro e o fruto final para aqueles desejosos
de Emancipação. Mesmo dentre os Conhecedores do Kula, o conhecimento daqueles é
superior a quem é famoso como Urdhvāmnāya.
2:139 – Oh Pārvatī! Eu mesmo transmiti todos os
Kulaśāstras, daí eles mesmos são, irrefutavelmente, comprovados por sua autenticidade.
Portanto, eles não devem ser contraditos pelo raciocínio.
2:140 – O vinho quando oferecido a Deus e aos Pais (Pitṛs)
se torna como néctar. É muito revigorante e de bom gosto como o arroz cozido no
leito e na manteiga.
2:141 – Depois do sacrifício do animal macho, sua carne é
colocada em um vaso dourado e recebido de acordo com os procedimentos Védicos
como presente dos Deuses, ele imediatamente destrói todos os pecados e outorga
o Conhecimento da Essência.
2:142 – Oh Ambike! Tenho descrito a você, em brevidade, a
glória do Kula. Oh Kuleśāni! Agora o que mais você quer ouvir?
Iti śrīkulārṇave nirvāṇamokṣadvāre mahārahasye sarvāgamottamottame
sapādalakṣagranthe pañcamakhaṇḍe ūrddhvāmnāyatantre kulamāhātmya-
kathanaṁ nāmadvitīya ullāsaḥ ||2||