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Kulārṇava Tantra – Ullāsa 9

कुलार्णव तन्त्रम्
KULĀRṆAVA TANTRAM
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 नवम उल्लासः
navama ullāsaḥ
Nono Ullāsa
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Tradução para o Português a partir
do estudo das Obras em Sânscrito com comentários para o Inglês por: 

Sir John Woodroffe,
M. P Pandit,
Prachya Prakshan &
Ram Kumar Rai
 गुरवे नमः
Oṁ Gurave Namaḥ 
Traduzido para o Português por:
... uma yoginī em seva a Śrī Śiva Mahadeva ...
Karen de Witt
2012/2013
© Todos os direitos reservados.
O livro está disponível para leitura on-line, mas não pode ser comercializado.
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As notas de rodapé, conforme citações das autoridades acima mencionadas, 
serão acrescentadas após o término das publicações dos capítulos restantes.





Śrī Devi disse:

9:1 – Oh Kuleśa ! Eu quero ouvira as características do Yoga, Yogīs e os frutos da adoração dos devotos do Kula.

Īśvara disse:

9:2 – Oh Devī ! ouça, Estou falando para Você o que me perguntou. Meramente por ouvir o Yoga brilha.
9:3 – Dhyāna (meditação) é de dois tipos, ou seja, a forma grosseira e sutil. A meditação sobre uma Forma é a forma grosseira de Dhyāna, enquanto que a meditação sem qualquer objeto de forma, é a meditação sutil.
9:4 – O tipo de meditação grosseira (com forma) é utilizada para a estabilidade da mente. A mente se torna estável e meditação grosseira e também pela meditação sutil, os quais são, ambas, tipos de Dhyānas e que promovem o mesmo objetivo, a estabilidade da mente.
9:5-6 – Deve-se meditar sobre o Todo luminoso, o Saccidānanda, o Parameśvara sem membros, tal como desprovido de mãos, pés, estomago e ossos. Ele não está nem em cima e nem em baixo (ou não é nem elevado e nem estabelecido), nem cheio e nem minguante. Ele brilha por Si mesmo e também ilumina outros sem esforço.

Brahmajñāna

9:7 – Aquela Forma Infinita, Sem Estado, não perceptível, e ainda simplesmente existente, quando experimentado mentalmente, então aquele Conhecimento é chamado Brahmajñāna.

Marcas de um Yogī

9:8 – Suspensa a respiração, tornando-se estabelecido (duro) como uma pedra e conhecendo o Supremo Eu e a Morada, ele é chamado um Yogī que conhece o Yoga.

Características de Samādhi

9:9 – Aquela condição de Dhyāna onde não existe nenhuma consciência, o qual pode ser como um mar calmo, onde há uma ausência de Forma, aquele Dhyāna é chamado Samādhi.

Características de liberação em vida

9:10 – Quando a Realidade brilha por si só e não por qualquer pensamento mental; e quando tal Realidade brilha em por ela mesma, deve-se imediatamente se tornar absorto nela.
9:11 – Quem parece como se adormecido quer sonhando ou em estado de vigília, quem nem inala e nem exala e se torna imóvel, ele é verdadeiramente Livre.
9:12 – Mantendo os seus órgãos dos sentidos inativo, a pessoa imerge sua mente em seu Eu e parecendo como se estivesse morto, é chamado um verdadeiro Jīvanamukta.

Características de uma pessoa em Samādhi

9:13-14 – Ele não ouve e nem sente cheiro, não toca e nem vê; não conhece os prazeres e as dores e nem mesmo exercita a sua mente. Como uma tora de madeira ele não conhece nada nem está consciente de nada. Quem está assim absorto somente em Śiva, por si só está em Samādhi.

Nenhuma diferença entre Jīvātmā e Paramātmā

9:15 – Assim como não existe diferença quando a água é lançada na água, o leite no leite, o Ghee no Ghee, semelhantemente não há diferença entre Jīvātmā e Paramātmā.
9:16 – Até mesmo como um inseto se torna uma abelha pela força da concentração, assim também um homem se torna Brahmā pela força do Samādhi.
9:17 – Assim como o Ghee extraído do leite não se mistura com o mesmo leite novamente em sua forma original, semelhantemente uma vez que o Eu se separa dos Guṇas ele nunca é o mesmo novamente.
9:18 – Assim como na escuridão densa não se vê nada, assim de fato um Yogī não vê nada do mundo objetivo, o qual não está sob sua atenção.

Características de Dhyāna

9:19 – Não se vê o mundo dos objetos quando os olhos estão fechados. Contudo, não vendo o mundo mesmo quando os olhos estão abertos, é a verdadeira característica do Dhyāna.

Frutos do conhecimento da Suprema Realidade

9:20 – Assim como os homens experimentam até mesmo coceira em seus corpos, da mesma forma um Sādhaka que alcançou Param Brahmā conhece as atividades do mundo objetivo.
9:21 – Todos os Mantras com suas Divindades Presidentes se tornam serviçais de um Sādhaka que conhece a Suprema Realidade além das letras do alfabeto.
9:22 – Dele que está fundamentado na única Consciência do Eu, cada movimento é adoração, cada palavra verdadeiramente é um Mantra, e cada olhar é uma Meditação.
9:23-24 – Quando Paramātmā é conhecido, a consciência do corpo termina junto; e onde quer que tal Sādhaka vá, ele obtém Samādhi lá. O nó de seu coração é cortado em pedaços e todas as suas dúvidas são removidas. Porque ele viu Paramātmā, todas as suas ações diminuem.
9:25 – Em comparação ao Supremo Estado obtido pelo Mestre dos Yogīs, até mesmo os Estados dos Devas e dos Asuras não vale a pena aceitar.
9:26 – Quem vê o Onipresente, Pacífico, Bem aventurado e o Imperecível, para esse nada mais resta a ser alcançado ou conhecido.
9:27 – Quando o conhecimento e o superconhecimento são alcançados, quando aquele o qual deve ser conhecido está vivo lá no coração, e quando o estado de Paz é alcançado, então nem Yoga e nem Dhāraṇā ou Concentração são mais necessários.
9:28 – Todas as regras cessam quando alguém conhece Parā Brahmā. Quando os ventos do Monte Malaya sopram, qual a utilidade que tem o abanador de palmeira?
9:29 – Para quem vê a si mesmo como Auṁ, ou como o Eu, então não há nem controle de respiração nem o fechamento das narinas, nem Yama e nem Niyama, nem Yoga baseado em Padmāsana, nem o fixar do olhar na ponta do nariz.

Características do yoga

9:30-31 – Yoga é a união de Jīvātmā e de Ātmā, assim declaram os adeptos no Yoga. E quando este Supremo (estado) é alcançado e meditado, até mesmo por um momento com fé, o grande bem, o qual sucede, não pode ser mensurado.
9:32 – A deliberação, até mesmo por um momento, sobre a Verdade que é “Eu sou Brahmā” limpa todos os pecados, assim como o nascer do Sol dissipa toda a escuridão.
9:33 – O conhecedor da Verdade colhe milhões de vezes o fruto que é prometido pelas Observâncias, os Sacrifícios, as Peregrinações e a adoração de Deuses etc.


Os 4 Estados de um Sādhaka

9:34 – Sahajāvasthā é o melhor; Dhyāna-aṇāvasthā é mediano; Japa e Stuti é inferior; e Homa-pūjā são mais inferiores do que o último.
9:35 – A deliberação da Verdade é o melhor, a preocupação com Japa é mediana, o estudo dos Śāstras é inferior; e mais inferior do que este é a ocupação com assuntos do mundo.
9:36 – Um bilhão de Pūjā é igual a um Stotra, um bilhão de Stotra é igual a um Japa, um bilhão de Japa é igual a um Dhyāna, e um bilhão de Dhyāna é igual a uma absorção (Laya).
9:37 – Nem mais elevado do que Dhyāna é o Mantra, nem mais elevado do que o Eu é Deus, nem mais elevado do que o propósito interno é a Pūjā, e nem mais elevado do que o contentamento é qualquer fruto.
9:38 – Livre de rituais é a adoração mais elevada, o silêncio é o Japa mais elevado, a ausência de pensamentos é o mais elevado Dhyāna, e a ausência de desejo é o fruto Supremo.

Método de adoração do conhecedor da Verdade

9:39 – Os Yogīs devem sempre realizar Sandhyā sem Mantra ou água, Tapas sem Pūjā e Homa e Pūjā sem cerimônias.
9:40 – Livre de apegos, indiferente, além de Vāsanā e de associação, absorto na verdadeira natureza do próprio Eu, o Yogī conhece a Suprema Verdade.

Forma de Jīva e de Paramātmā

9:41 – Oh Devī ! o próprio corpo é o templo. O próprio Jīva é Deus Sadāśiva. Livre-se das flores desbotadas da ignorância e adore com a consciência do “Eu sou Ele” (So’haṁ).
9:42 – Jīva é Śiva, Śiva é Jīva, Jīva é somente Śiva. Quando no cativeiro ele é chamado de Jīva, quando livre do cativeiro ele é chamado Sadāśiva.
9:43 – Encerrado na casca é arroz (que não se pode utilizar na culinária ainda); livre da casca é arroz (pronto para ser utilizado). Encerrado no Karma é Jīva; livre do Karma é Sadāśiva.

Local do Devatā com base na diferença de Elegibilidade

9:44 – Deuses dos Brahmanes vivem no fogo; dos intelectuais no coração, das pessoas de menos inteligência, nos ídolos, e dos Conhecedores do Eu em todos os lugares.

Características de um Yogī que conhece a Suprema Verdade

9:45 – Quem mantém seu equilíbrio na censura e no prazer, no frio e no calor, no prazer a na dor, entre amigos e inimigos, ele é o mestre Yogī, aquele que é desprovido quer de exuberância ou abatimento.
9:46 – O Yogī que conhece a Suprema Verdade é desprovido de desejos, sempre contente, tem igual atitude para todas as coisas, mestre de seus sentidos, habitante no corpo como o viajante.
9:47 – É um Yogī que conhece a Suprema Verdade aquele que é sem desejo, sem dúvida, sem mácula de associação ou impressão e absorto sempre na Verdade de sua própria Realidade.
9:48 – Oh Kuleśāni ! Um Yogī que é o conhecedor da Verdade vive como o coxo, o cego, o surdo, o impotente, o ébrio e o estúpido.
9:49 – Quem confia na Suprema Bem aventurança que surge da adoração das Cinco Mudrās (os cinco M’s, ou seja, Madya, Māṁsa, Maithuna, Matsya e Mudrā) é o Yogī superior contemplando o Eu em si mesmo.
9:50: Oh Minha Amada ! O prazer derivado de Ali (vinho), Māṁsa e Maithuna é auspicioso para aqueles que são os conhecedores da Verdade, mas ele é pecado para os ignorantes.

Características dos Kula Yogīs

9:51 – Vivendo no êxtase de Madya e de Māṁsa, sempre absorto no pensamento da Suprema Verdade, e sempre permanecendo livre de dúvidas, ele é chamado de Kula Yogī.
9:52 – Bebendo vinho, comendo carne, sempre seguindo os Ācāras de sua própria seita, ponderando sobre a unidade do “você” e “ele”, um Yogī sempre vive contente em conforto.
9:53 – Aquela boca que é desprovida de odor do vinho e da carne tem de realizar penitencias. Tal pessoa é como um animal e indubitavelmente merece ser evitado.
9:54 – Enquanto existir o cheiro do vinho o Sādhaka (Paśu) é um real Paśupati, e sem o cheiro do vinho e da carne, até mesmo um Paśupati é como um Paśu.

Nenhuma proibição processual para um Kaulika

9:55 – Acalentando aqui o que é rejeitado no mundo ordinário, e rejeitando aqui o que é valorizado lá, isto foi declarado pelo Senhor Bhairava como sendo o Kula Mārga (caminho do Kula).
9:56 – Oh Kuleśvarī ! a conduta imprópria é a conduta apropriada. O que não deve ser feito é feito. Até mesmo a falsidade é Verdade para os Kaulikas.
9:57 – Oh Kuleśvarī ! para um Kaulika aquilo que não deve ser bebido é uma bebida, o que não deve ser comido é o que vale a pena comer, e aquilo que não deve ser utilizado é que vale a pena ser utilizado.
9:58 – Oh Kuleśvarī ! para um Kaulika não existe nem injunção (prescrição) nem a rejeição, nem mérito e nem demérito, nem paraíso e nem inferno.
9:59-60 – Oh Kulanāyike ! neste Caminho o ignorante se torna sábio; o pobre se torna rico, o decadente progride, os inimigos se tornam amigos e os verdadeiros reis se tornam os atendentes. Oh Kuleśvarī ! tudo favorece um Kaulika.
9:61 – Oh Kuleśvarī ! aqueles que se afastaram voltam para cumprimentar, e o orgulhoso se curva a um Kaulika. Até mesmo os obstrutores se tornam seus aliados.
9:62 – Oh Kuleśvarī ! as más qualidades se tornam boas, o que não é parente se torna parente, e o que é contrario ao Dharma se torna Dharma para um Kaulika.
9:63 – Oh Kuleśvarī ! para um Kaulika a morte verdadeira se torna uma ajuda médica, a casa se torna o verdadeiro paraíso. Até mesmo a companhia das mulheres são ações meritórias para um Kaulika.
9:64 – Por que dizer muito, Oh Minha Amada ! todos os desejos dos Kula Yogīśvaras frutificam. Não há lugar para duvidar disto.

Comportamento de um Kula Yogī

9:65 – Um Kula Yogī pode morar em qualquer lugar, disfarçar-se em qualquer forma e permanecer despercebido por todos. Oh Kuleśvarī ! Em qualquer Āśrama ele está, ele é um Kula Yogī.
9:66 – Os Yogīs em diversos disfarces, concentrados no bem estar dos homens, caminham sobre a terra irreconhecido pelos outros.
9:67 – Oh Kuleśvarī ! eles não gastam seu auto conhecimento imediatamente. No meio dos homens eles vivem como se intoxicados, estúpidos e burros.
9:68 – O modo dos Yogīs não é facilmente percebido, assim como as estrelas e os planetas do céu na presença do Sol ou da Lua.
9:69 – Oh Devī ! o modo dos Yogīs não é visto como o movimento dos pássaros nos céus e dos seres aquáticos na água.
9:70 – Oh Minha Amada ! os adeptos no Kula Yoga falam de modo não cortês, comportam-se como se fossem ignorantes e como o humilde.
9:71 – Eles fazem isto com o propósito de que os homens os ignorem e não se reúnam a eles. Eles não falam nada.
9:72 – Oh Maheśani ! Embora Liberado, ainda assim os Kula Yogīs brincam como uma criança, podem conduzir a si mesmos como cretinos e falar como aqueles intoxicados.
9:73 – Tal Yogī vive de um modo que os homens do mundo podem rir, sentir desgosto, ultraje, e evitam sua presença, deixando-os viverem sozinhos.
9:74 – Ele vai sob diferentes disfarces, às vezes como alguém digno, outras como um decadente, e às vezes como um fantasma ou um demônio.
9:75 – O Yogī aceita coisas da vida somente para o bem do mundo e não por seu próprio desejo. Por compaixão por todos os homens ele brinca sobre a terra.
9:76 – Como o Sol que seca todas as coisas, como Agni que consome tudo, o Yogī toma tudo para si mesmo mas não contaminado por qualquer pecado.
9:77 – Como o Vento que toca todas as coisas, como o céu que se espalha por todos os lugares, como tudo que banha nos rios, o Yogī é sempre puro.
9:78 – Assim como a água do povoado se torna pura quando ela alcança o rio, assim também as coisas inferiores se tornam puras uma vez que elas alcançam as mãos dos Yogīs.
9:79 – Oh Devī ! para o sábio que vê seu bem maior, os caminhos dos adeptos no Kaula Conhecimento são verdadeiramente honrados.
9:80 – Aquele sobre o qual os mestres do Yoga caminham, é o Supremo Caminho, assim como onde o Sol surge no Leste.
9:81 – Assim como onde um elefante pisa se torna caminho, assim, Oh Kuleśvarī ! onde um Kula Yogī pisa existe um caminho.
9: 82 – Quem pode esperar tornar reto o curso sinuoso de um rio ou deter o seu fluxo? Semelhantemente, quem pode deter o homem que caminha em paz e brinca conforme a sua vontade?
9:83 – Assim como o encantador fortificado por Mantras não é picado por serpentes e brinca com elas, assim também os Jñānins brincam com a serpente dos sentidos e não são feridos.

Características de um Kaulika Superior

9: 84 – Longe de misérias, contente, desprovido de dualidades, livre de ciúme, devotado ao Kula Jñana, os pacíficos Kaulas são sempre devotados a Você.
9:85 – Sem atrevimento, raiva, exibição, desejo e ego, verdadeiro no discurso, não escravizados pelos sentidos, mestres do Caminho-Kula, eles não são instáveis.
9:86 – Quando o Kula é enaltecido, os cabelos ficam em pé (de assombro), cujas vozes tremem com emoção e lágrimas de alegria caem, eles são os melhores Kaulikas.
9:87 – Aqueles que têm a convicção de que o Kula Dharma nasce de Śiva é superior a todos os outros, são os melhores dentre os Kaulikas.
9:88 – Quem conhece a Verdade do Kula, que é proficiente na ciência do Kula, que é engajado na adoração do Kula, ele sozinho é um Kaulika; ninguém mais.
9:89 – Quem está muito satisfeito em encontrar devotos do Kula, conhecedores do Kula, tradições e observâncias do Kula, é o Kaulika querido a Śiva.
9:90 – Pela iniciação deve ser um Kaulika, conhecedor dos três Tattvas, os Pés supremo e o significado do Mūla Mantra, devotado à Divindade e ao Guru.
9:91 – Oh Minha Amada ! O professor do Kula Dharma é raro no Mundo. Ele é obtido somente por um feliz amadurecimento de prévios méritos, não o contrário.

Gloria de um Kaulika

9:92 – Por meramente uma pessoa lembrar, louvar, ver, reverenciar ou conversar, a prática intensiva do Kula Dharma purifica imediatamente até mesmo um Cāṇḍāla.
9:93 – Quer ele seja um bem versado ou um tolo, quer ele seja o melhor ou um inferior, se ele for um conhecedor do Kula, onde ele estiver Eu estou com Você (Devi).
9:94 – Eu não habito no Kailāsa, nem no Meru e nem em Mandara; Eu habito, Oh Minha Querida ! onde habitam os conhecedores do Kula.
9:95 – Até mesmo se tais homens do Senhor (de Śiva) estiverem distantes, eles devem ser vistos com esforço porque lá, de fato, Eu estou.
9:96 – O professor do Kula deve ser encontrado até mesmo se ele estiver muito distante, mas não o Paśu (homem comum) até mesmo se ele estiver muito próximo.
9:97 – Onde o conhecedor do Kula vive, aquele lugar é santificado. Por sua mera visão e por sua adoração, três vezes sete gerações são elevadas.
9:98 – Quando eles veem um Kula Jñānī em sua descendência, os ancestrais regozijam-se dizendo “alcançaremos o Supremo Estado”.
9:99 – Assim como os lavradores desejam por chuvas em abundância, os ancestrais sempre esperam por um Kaulika em suas famílias, quer como filho, quer como um neto.
9:100 – Ele, de fato, é abençoado neste mundo livre de pecado a quem o mestre do Kula se aproxima com prazer.
9:101 – Quando o mestre do Kaulika está ao alcance, Yogīs e Yoginīs se reúnem felizes para a sua casa.
9:102 – Entrar entre os Kula Yogīndras os verdadeiros ancestrais aguardam neles. Portanto, os adeptos no conhecimento do Kula devem ser adorados com devoção.

Fruto da Adoração Kaulika

9:103 – Se depois da adoração a Ti, Oh Devi !, seus devotos não forem adorados, os pecadores que assim fazem, não se qualificam por Tua Graça.
9:104 – Oh Olhos de Lótus ! quando os oferecimentos são colocados diante de Ti, Tu os aceitas por meramente olhar enquanto Eu tomo suas seivas da língua dos devotos.
9:105 – A adoração dos Teus devotos é a minha adoração; portanto, quem busca meu favor deve adorar Teus devotos.
9:106 – O que é feito para aqueles devotados ao Kula é feito para os Deuses. Surā (vinho) é a amada do Kula, portanto, deve-se adorar Kaulika com isto.
9:107 – Oh Pārvati ! Em lugar nenhum eu sou agradado pela adoração dos devotos como lá onde o mestre do Kula é adorado.
9:108 – O fruto que é obtido pela adoração de um Rei Kaulika não pode ser obtido por peregrinações, Tapas, Caridade ou Observâncias.
Efeitos adversos de negligenciar o conhecedor do Kula

9:109 – Oh Ambike ! desrespeitar o Conhecedor do Kula, seja o que for dado, doado e os sacrifícios, ou se pode fazer penitências, adoração ou Japa, todas estas coisas são inúteis.
9:110 – Quem entra no Kuladharma e ainda assim não conhece os caminhos do Kula, sua casa é verdadeiramente chão crematório e ele é um pecador como um Cāṇḍāla.
9:111-112 – Ignorando os Kulaniṣṭhas, quem dá caridade aos outros, aquela caridade é infrutífera e o doador vai para o Inferno. Tal presente é como água em jarra quebrada, semente semeada em rocha, e Ghee derramado nas cinzas.

Procedimento de caridade para um Kula-Yogī

9:113 – Seja o que for doado de acordo com a capacidade de uma pessoa aos Kula Yogīs, com amor em dias especiais, é soberbamente frutífero.
9:114-115 – Oh Devī ! quando o sábio no Kula é chamado em dias auspiciosos, adorado com reverencia piedosa, flores e as cinco Mudrās (Cinco M’s), então todos os Deuses ficam agradados e Eu também fico agradado.
9:116 – Oh Deveśi ! Quem oferece sua irmão, filha ou esposa para um Kula Yogī intoxicado, os méritos obtidos daí para ele não podem ser mensurados.
9:117 – O Madhu dado com esforços no Vīra Cakra automaticamente facilita o caminho para o outro mundo.
9:118 – Madhu associado com ações pecaminosas e rejeitado pelo mundo quando dado aos mestres Yogīs de um Kula, torna-se Kula Dravya.
9:119 – Em um país onde vive um Vīra absorto em Kula adoração, aquele país se torna purificado. Qual maior glória pode haver para um local de residência.
9:120 – Pela repartição do alimento por um Kaulikendra, o mérito daí é aumentado em milhões de vezes; então, se ele toma o alimento uma e outra vez, o mérito daí não pode ser contado.
9:121 – Portanto, com todos os esforços, em todas as condições, sempre seja devotado ao Kula Dharma e adoração daqueles que são os conhecedores do Kula.

Seguindo as práticas do Varṇāśrama e o objetivo do Karma

9:122-123 – Quer você seja instruído ou não, contanto que você conserve o corpo, o caminho previsto para a sua estação na vida deve ser trabalhado para liberação dos Karmas. Quando a ignorância é assim destruída pela ação prescrita, você alcança, através do conhecimento, o estado de Śiva e em Śiva você obtém a Liberação. Portanto, tome as ações prescritas.
9:124 – Faça ações que estejam livres de máculas; faça trabalhos que sejam intimadas para as realizações diárias. A Liberação por tais ações, aspirando por felicidade, devotado ao trabalho, vive feliz.

Elegibilidade para o Karma Yoga

9:125 – Não é possível para uma pessoa que sustenta o corpo desistir de todas as atividades. Portanto, quem abandona o fruto das ações é chamado um verdadeiro recluso.
9:126 – Os órgão físicos se empenham em suas funções; o entendimento disto deixa de lado o sentimento de ego. As ações assim feitas não maculam.
9:127 – As ações feitas depois de alcançar o Conhecimento não tocam o realizador das ações assim como a água se mantém longe das folhas de um lótus.
9:128 – De um estabelecido naquele Conhecimento todas as ações de mérito ou de demérito definham, eles não são maculados; nem fazem aqueles que são feitos novamente.
9:129 – Oh Minha Amada ! uma alegria natural é obtida por quem está absorvido no propósito do Conhecimento da Verdade. Tal pessoa sábia deixa todos os desejos e todas as ações.

Renúncia das ações para o não elegível é proibido

9:130 – Os tolos que deixam o Karmakāṇḍa inutilmente são impostores e tais homens de presunção vão para o inferno.

Somente um Brahmajñānī e o conhecedor da Verdade é livre do Karma

9:131 – Assim como depois de obter os frutos a árvores jogam fora as flores indiferentemente, assim também os Yogīs obtendo a Verdade, desistem dos rituais dos trabalhos.
9:132 – Naqueles corações reside o Brahman, eles não estão nem envolvidos nos frutos de milhares de Aśvamedha sacrifícios, nem maculados pelos pecados do Brahmanicida.
9:133 – Quem renunciou às ações, qual relação ele tem com as ações associadas neste mundo com a língua e com os órgãos da procriação?
9:134 – Assim eu descrevi a Você algumas das características relacionadas com o Yoga e os mestres do Yoga. Agora, Oh Kuleśānī ! O que mais Você quer ouvir?



Iti śrīkulārṇave nirvāṇamokṣadvāre mahārahasye
Sarvāgamottamottame sapādalakṣagranthe pañcamakhaṇḍe
Ūrdhvāmnāyatantre yogasaṁsthāpanakathanaṁ
Nāma navama ullāsaḥ ||9||