Hoje é Kṛṣṇa Aṣṭamī de Aśvayuja Mase, ou Āśvina, o 7º mês lunar que ocorre entre
Setembro/Outubro e que marca, de acordo com o Kālikāpurāṇa, o início da
penitência espiritual que Satī Devī fez para conseguir se casar com Śiva. Apesar
de ser dito por alguns escolares, e até mesmo em nota de rodapé no próprio texto, que essa penitência deve ser realizada na 1ª, 6ª e 11ª quinzenas da Lua, as quais
recebem o nome especial de nandā-tithis, uma clara associação à Deusa Durgā
também chamada Nandā, Satī a realiza nas seguintes Tithis, conforme o texto abaixo
diretamente retirado do Kālikāpurāṇa, Cp. 9-10. A definição para as nandā-tithis pode até ser esta, entretanto, as tithis que agradam Devī e Śiva são as especificadas no texto. No Calendário Lunar deste mesmo Blog, mantenho a lista da adoração das divindades e das tithis que lhes são específicas, as quais estão de acordo com o texto abaixo.
9:1-16 – Satī, portanto, cruzando sua infância, alcançou a
juventude formosa, seu corpo era belo em aparência, com todos os membros
carregados de beleza. Dakṣa, observando Satī alcançar o desabrochar da
juventude, ponderou sobre como ele iria casar sua filha com Bharga. Satī, por
sua vez, com o objetivo de ter Mahādeva por marido, sob a instrução de sua
mãe, começou a adorá-lO (Mahādeva) todos os dias em casa. No oitavo dia da
quinzena escura da Lua chamada Nandakā (Kṛṣṇa Aṣṭamī),
no mês de Āśvina (Setembro-Outubro), ela adorou Maheśvara com os oferecimentos
de arroz cozido com melaço e sal, assim ela passou o dia. No décimo quarto dia
da quinzena escura (Kṛṣṇa Caturdaśī) no mês de
Kārttika (Outubro-Novembro), ela adorou Hara com bolo de arroz e arroz cozido
no leite, assim ela lembrou Hara. No oitavo dia da quinzena escura (Kṛṣṇa Aṣṭamī) da Lua no mês de Agrahāyaṇa
(Novembro-Dezembro), ou Mārgaśīrṣa, ela adorou
Hara com arroz fervido misturado com gergelim, grãos de cevada e papa de aveia,
e figos (nīla); assim ela passou o dia. Na noite do sétimo dia da quinzena
escura (Kṛṣṇa Saptāmi) da Lua no mês de Pauṣa
(Dezembro-Janeiro), Satī adorou Śiva com oferecimentos de mudga (phaseolus
mangos). Na noite de Lua Cheia (Pūrṇimā) no mês
de Māgha (Janeiro-Fevereiro) Satī passou a noite acordada a adorou Hara, com
roupas molhadas, na beira de um rio. Ela, tendo prestado toda sua atenção a
Hara, viveu em um dieta restrita pelo mês inteiro, o qual consistia de
diferentes flores e frutos que cresciam na estação. No décimo quarto dia da
quinzena escura (Kṛṣṇa Caturdaśī) da Lua no mês
de Phālguṇa (Fevereiro-Março), ela passou a noite sem dormir e adorou Hara com
folhas de Bilva. No décimo quarto dia da quinzena clara (Śukla Caturdaśī) da Lua no mês de Caitra
(Março-Abril), ela adorou Śiva, dia e noite, com flores de Palāśa (a árvore
Butea Frondosa); assim passou aquele dia. No terceiro dia da quinzena brilhante
(Śukla Tritīya) da Lua no mês de Vaiśākha (Abril-Maio),
ela adorou Hara com arroz cozido com cevada, e pelo mês inteiro ofereceu a Ele
oblação de ghee; passou o tempo pensando nEle e sem tomar alimento (jejum). Na
noite de Lua Cheia (Pūrṇimā) do mês de Jyeṣṭha
(Maio-Junho), ela adorou Śiva com os oferecimentos de roupas e de flores Vṛhatī;
assim ela passou aquela noite. No décimo quarto dia da quinzena clara (Śukla Caturdaśī) da Lua no mês de Āṣāḍha
(Junho-Julho), ela adorou Hara com flores Vṛhatī. No oitavo dia (Śukla Aṣṭamī) e no décimo quarto dia da quinzena clara
(Śukla Caturdaśī) da Lua do mês de Śrāvaṇa
(Julho-Agosto), ela adorou Śiva com oferecimentos do sagrado cordão
(yajñopavīta), roupas e grama kuśa. No décimo terceiro dia da quinzena escura (Kṛṣṇa Trayodaśī) da Lua no mês de Bhādra
(Agosto-Setembro), ela ofereceu uma variedade de flores e frutos para Śiva e O
adorou novamente no décimo quarto dia (do mesmo mês) (Kṛṣṇa
Caturdaśī), e então ela tomou água (jejum de alimento sólido).
10:1-2 – Então Satī, novamente, no décimo dia da quinzena
clara (Śukla Daśamī) do mês de Āśvina
(Setembro-Outubro), adorou Mahādeva, o Senhor dos Deuses, observando jejum, com
devoção. Assim que Satī completou o Jejum de Nandāvrata, Mahādeva apareceu, em
pessoa, em sua frente, no nono dia da quinzena brilhante da Lua (Śukla Navamī).
A penitência tem duração de um
ano e é assim descrita neste Purāṇa. As tithis são estas, que seguem abaixo,
enumeradamente.
(1) Kṛṣṇa Aṣṭamī de Āśvina; (2) Kṛṣṇa Caturdaśī de Kārttika; (3) Kṛṣṇa Aṣṭamī de Agrahāyaṇa (ou Mārgaśīrṣa); (4) Kṛṣṇa Saptāmi de Pauṣa; (5) Pūrṇimā de Māgha; (6) Kṛṣṇa Caturdaśī de Phālguṇa; (7) Śukla Caturdaśī de Caitra; (8) Śukla Tritīya de Vaiśākha; (9) Pūrṇimā de Jyeṣṭha; (10) Śukla Caturdaśī de Āṣāḍha; (11) Śukla Aṣṭamī de Śrāvaṇa; e Śukla Caturdaśī de Śrāvaṇa; (12) Kṛṣṇa Trayodaśī de Bhādrapada; e Kṛṣṇa Caturdaśī de Bhādrapada; (13) Śukla Daśamī de Āśvina do ano seguinte, encerrando a penitência.
Interessante
notar nessa história que Śiva vai para Śakti, contrário ao fato de que a Śakti
sempre vai em direção a Śiva (no Sahasrāra). Uma observação minha, digna de
nota nesse trabalho que realizo na tradução e explicação dos Śāstras, de que
Śiva também se move em direção à Śakti, ou seja, Ele (em determinado momento) é
tão dinâmico quanto sua contraparte Śakti-poder.
(1) Kṛṣṇa Aṣṭamī de Āśvina; (2) Kṛṣṇa Caturdaśī de Kārttika; (3) Kṛṣṇa Aṣṭamī de Agrahāyaṇa (ou Mārgaśīrṣa); (4) Kṛṣṇa Saptāmi de Pauṣa; (5) Pūrṇimā de Māgha; (6) Kṛṣṇa Caturdaśī de Phālguṇa; (7) Śukla Caturdaśī de Caitra; (8) Śukla Tritīya de Vaiśākha; (9) Pūrṇimā de Jyeṣṭha; (10) Śukla Caturdaśī de Āṣāḍha; (11) Śukla Aṣṭamī de Śrāvaṇa; e Śukla Caturdaśī de Śrāvaṇa; (12) Kṛṣṇa Trayodaśī de Bhādrapada; e Kṛṣṇa Caturdaśī de Bhādrapada; (13) Śukla Daśamī de Āśvina do ano seguinte, encerrando a penitência.
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